Capa da publicação Crise de legitimidade democrática e participação popular
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A crise de legitimidade na democracia e os instrumentos de participação popular

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CONCLUSÃO

A democracia brasileira tornou-se realidade após diversas fases conturbadas ao longo da história. Pode-se dizer que, após a Constituição de 1988, finalmente o país está experimentando uma democracia estável.

Após 1988, a democracia brasileira tornou-se semidireta ou participativa. Isso significa dizer que a população não apenas elege seus representantes e confia-lhes a tomada de todas as decisões. Em uma democracia semidireta, a população possui outros instrumentos para participar ativamente da política além do voto.

A partir desta participação direta, pode-se buscar a legitimação dos agentes políticos e a representatividade plena. Hoje, nossa democracia tem experimentado uma forte crise de identidade e legitimidade. O que tem afetado a coexistência harmônica dos poderes.

Aplicar instrumentos de participação popular e implementar novos, como a revocação do mandato, trará novamente a legitimidade e manterá a divergências políticas e as tomadas de decisões no campo democrático.

A revocação do mandato, “recall”, por exemplo, permitiria a população retirar e substituir agentes políticos que estão agindo contrariamente aos seus interesses, sem que seja necessário aguardar anos até a realização de novas eleições.

A possibilidade de veto popular seria um verdadeiro controle populacional sobre o processo legiferante. Afinal, o maior interessado nas leis vigentes e futuras é a própria população que, por muitas vezes, não concorda com a edição de determinados diplomas normativas, mas mesmo assim lhe são impostas dado o sistema vigente atual.

Trata-se de buscar de fato o governo do povo, como preceitua a acepção mais conhecida de democracia.

Além disso, a prestação de contas é primordial para o controle da aplicação dos gastos públicos e para a preservação do erário público. As legislações existentes devem ser observadas e aprimoradas de modo a permitir a fiscalização e, se necessário, remanejar a aplicação de verbas em projetos prioritários.

Em face do exposto, conclui-se que a democracia brasileira deve ser cada vez mais participativa, diversamente da democracia cada vez mais representativa que se tem consolidado no Brasil, com o fortalecimento dos instrumentos já previstos e com a implementação de novos instrumentos para junto ao voto legitimarem nossos representantes.


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URBANO, Maria Benedita Malaquias Pires. op. cit., p. 79-80

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MARQUES, Guilherme Wilson Sanches. A crise de legitimidade na democracia e os instrumentos de participação popular. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 30, n. 7887, 3 fev. 2025. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/112738. Acesso em: 11 dez. 2025.

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