Big Brother Brasil, processo penal e algumas reflexões.

20/03/2014 às 17:20

Atualmente o BBB nos ensinou sobre testemunhas de acusação, que por vezes são assim mesmo, são afobadas e justiceiras, afirmam com energia acusações graves das quais não possuem certeza e as aumentam, por vezes em uma busca cega pela condenação.

O BBB também ensina, basta estar atento.

Atualmente nos ensinou sobre testemunhas de acusação, que por vezes são assim mesmo, são afobadas e justiceiras, afirmam com energia acusações graves das quais não possuem certeza e as aumentam, por vezes em uma busca cega pela condenação. No BBB as câmeras onipresentes remediaram a situação.

Em resumo, durante uma festa o participante Cássio fez sérias acusações ao participante Marcelo. Sob o pretexto de defender a participante Ângela, Cássio afirmou que Marcelo teria aproveitado a bebedeira da moça para satisfazer desejos sexuais, que teria acariciado e beijado a moça enquanto a mesma dormia e não possui o controle dos seus sentidos. Uma grande discussão foi travado sobre o acontecido e sobre as acusações, em relação as quais Marcelo se ofendeu muito e se demonstrou extremamente revoltado. Posteriormente, a exibição das imagens, exatamente dos momentos aos quais Cássio se referia, demonstrou que a descrição dos fatos feita pelo “brother acusador” não se referia exatamente ao que aconteceu e que qualquer abuso sexual estava longe de ter ocorrido.

Por mais, Cássio não era apenas um acusador, mas também o líder da semana, e Marcelo (que seria então um criminoso conforme as afirmações do líder) foi mandado ao paredão. Marcelo não foi eliminado do programa. Eis, então, que por analisar as imagens, e não somente as acusações, o povo fez justiça e absolveu Marcelo.

O episódio do BBB confirmou o que alguns processualistas modernos já afirmavam: a verdade não existe, o que existem são versões da verdade, pois a verdade se perde no exato momento dos acontecimentos e após isso só contamos com interpretações humanas desses acontecimentos.

Infelizmente, na vida real não é assim, não existem câmeras onipresentes e não existe nenhum cuidado em auferir a credibilidade das versões apresentadas pelas testemunhas de acusação e pessoas são condenadas e cumprem penas simplesmente pela força da palavra de uma outra pessoa.

Pensem sobre isso.

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Sobre o autor
Dario Reisinger Ferreira

Advogado criminalista militante. Professor universitário.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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