Petrobra$: "cassação já" dos políticos envolvidos

01/12/2014 às 13:45

Resumo:


  • É necessário promover a cassação dos políticos envolvidos no escândalo da Petrobras e realizar uma reforma política imediata, incluindo o fim da reeleição para cargos executivos e do político profissional.

  • A Operação Lava Jato está avançando dos diretores da Petrobras para os operadores da corrupção e executivos das empresas envolvidas, mas é fundamental a mobilização popular para alcançar a cassação dos políticos corruptos.

  • A sociedade brasileira precisa se unir para combater a corrupção, garantir liberdades civis e políticas, e eliminar práticas corruptas que prejudicam o crescimento do país.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

O "recall" (recolhimento de um produto com defeito) no campo político significa o povo "deleger" um político eleito que se mostra corrupto ou incompetente, no exercício do seu mandato, tão logo se constate a corrupção ou a inapetência para o cargo público.

Que o escândalo monstruoso e tsunâmico da Petrobras acorde de uma vez por todas a nação brasileira (o gigante adormecido já mostrou o seu poder): "cassação já" dos políticos envolvidos e a reforma política imediata, nela incluindo, dentre tantas outras ideias, (1) o fim da reeleição para cargos executivos e (2) o fim do político profissional (limite temporal para cargos legislativos - veja nosso site fimdopoliticoprofissional. com. br). O que menos importa, agora, caro leitor, é sua classe social, cor, procedência, filiação ou preferência partidária ou ideologia. A hora é de união ampla, geral e irrestrita, de todas as categorias (trabalhadores, estudantes, funcionários públicos, professores, comerciantes, industriais, executivos, donas de casa, aposentados etc.). A hora é de expressar nossa indignação e, mais do que isso, promover ações (ações já!). Os protestos (nas redes sociais ou mesmo os das ruas) geram poucos frutos quando não têm objetivo certo ou carecem de interlocutores que canalizem os anseios da população. Precisamos nos manter vigilantes e, mais que isso, atuantes, todos juntos, para que possamos nos orgulhar do Brasil, como um país democrático e sustentável. É preciso que o mundo saiba que aqui também vigoram princípios e valores decentes, que vergonhosamente não estão sendo seguidos (em geral) pela classe política e seus financiadores, que carecem de uma pronta e imediata profilaxia. É uma questão de honra (e de prevenção de novos delitos) não deixar que os envolvidos no escândalo da Petrobras exerçam seus mandatos. Sem pressão popular, no entanto, ninguém vai ser cassado!

2. A Operação Lava Jato começou produzindo efeitos contra alguns diretores da Petrobras ou coligadas (como Paulo Roberto Costa, Sérgio Machado etc.). Em seguida atingiu os operadores da rede de corrupção (Alberto Youssef, Fernando Baiano, Shinko Nakandakari, Henry Hoyer de Carvalho etc.); posteriormente chegou aos executivos das empresas envolvidas no cartel que suga e parasita ilicitamente o dinheiro público (Julio Camargo, Augusto Mendonça etc.). O último elo dessa cadeia organizada são os políticos e os partidos, que recebiam comissão entre 1% e 3% dos contratos superfaturados. A vez dos políticos está chegando e sem mobilização popular massiva não veremos a cassação deles (muito menos imediata!) pelo próprio Parlamento, numa espécie de "recall" à brasileira. O congresso Nacional, em nome da dignidade, da moralidade e da democracia, deve essa atitude de limpeza ética à nação. Não podemos mais dormir nenhum dia sem pedir, em voz uníssona, essa providência urgente.

3. Que a nossa não continue sendo uma sociedade comandada por malandros e vigaristas que vivem sob o império de uma organização criminosa que estamos batizando de P6 (Parceria Público/Privada para a Pilhagem do Patrimônio Público). Que não seja uma sociedade sempre na iminência de uma governança estruturada de acordo com a Máfia Siciliana, onde as cartas são dadas pelo poder econômico corrupto, que "compra" (sob o manto de uma discutível legalidade) o mandato dos parlamentares (financiando suas caríssimas campanhas eleitorais - as mais caras do mundo, dizem). Que não seja uma sociedade de descrentes, que não confiam nas instituições, sempre omissas ou morosas, demonstrando conivência com os poderosos de plantão, que mandam e desmandam a seu bel prazer, com a garantia da odiosa e repugnante impunidade. Que a todos sejam garantidas as liberdades civis, sociais e políticas, a liberdade de iniciativa, assim como um ambiente favorável para o florescimento do empreendedorismo honesto e regular. Que o "corrompreendedorismo" (Bucci) seja eliminado do nosso horizonte mercadológico (que gera prejuízos incalculáveis para o crescimento do país e moralização dos seus costumes).

4. O "recall" (recolhimento de um produto com defeito) no campo político significa o povo "deleger" um político eleito que se mostra corrupto ou incompetente, no exercício do seu mandato, tão logo se constate (com direito de defesa, claro) a corrupção ou a inapetência para o cargo público (quem tem o poder de eleger tem que ter também o poder de deseleger). Não existe o "recall" no Brasil (na área política). A urgência dos seus profiláticos efeitos, no entanto, nos obriga a forçar (pressão popular) a cassação imediata de todos os políticos envolvidos no escândalo da Petrobra$ (que já está revelando provas suficientes contra vários deles). Essa cassação, em nome da moralidade pública e da preservação da democracia, só pode ocorrer pelo próprio Parlamento, que precisa se livrar (o mais pronto possível) pelo menos dos corruptos do caso Petrobra$. Isso já seria um bom começo. Às ruas, brasileiros! Esse movimento, sem nenhum tipo de violência e de retrocesso democrático, tem que se espalhar por todo país.

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Sobre o autor
Luiz Flávio Gomes

Doutor em Direito Penal pela Universidade Complutense de Madri – UCM e Mestre em Direito Penal pela Universidade de São Paulo – USP. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Jurista e Professor de Direito Penal e de Processo Penal em vários cursos de pós-graduação no Brasil e no exterior. Autor de vários livros jurídicos e de artigos publicados em periódicos nacionais e estrangeiros. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998), Advogado (1999 a 2001) e Deputado Federal (2019). Falecido em 2019.

Informações sobre o texto

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