Michel Temer x Dilma Rousseff.

Triunfo na infamia x glória na derrota

16/08/2016 às 14:59
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Por mais que consigam produzir tragédias históricas, os jornalistas nunca conseguirão escrever a História.

Sobre Temer não há dúvida: ele mesmo confessou que pediu e recebeu propina de uma construtora. Criminoso confesso, ele pretende ser tratado como se fosse inocente. A origem do patrimônio milionário do filho dele não foi declarada.

Dilma Rousseff não recebeu propina e até o presente momento ninguém provou que a filha ou a neta dela amealharam patrimônio de origem duvidosa. Os peritos comprovaram que ela não deu as pedaladas fiscais de que tem sido acusada.

Apesar do abismo entre a desonestidade de uma e a honradez imaculada de outra, Michel Temer está no poder e pretende usá-lo para prejudicar milhões de brasileiros desmantelando programas sociais, congelando gastos em saúde e educação e revogando direitos trabalhistas previdenciários. O juízo que a imprensa faz de ambos, porém, é distinto.

Apesar de defender o monopólio do petróleo e o uso desta riqueza em benefício dos brasileiros, Dilma Rousseff foi apresentada aos brasileiros como desonesta, histérica e incompetente. Michel Temer se tornou uma divindade olímpica no exato momento em que decidiu entregar o nosso petróleo aos norte-americanos. Apesar de ter pedido e recebido propinas, a imprensa não ousa desafiar aquele que voltou a irrigar as empresas de comunicação com dinheiro farto. O juízo que a história fará de ambos será bem diferente.

O triunfo na infâmia (Michel Temer) se tornará um paradigma mundial de hipocrisia e desonestidade. Tartufo tardio Temer não será lembrado como estadista e sim como traidor da pátria. A derrota elevará sua adversária (Dilma Rousseff) à glória imortal conferida aos verdadeiros patriotas. Sem trair o juramento que fez ao tomar posse, ela resistiu estoicamente aos ataques mais infames dos aliados, dos jornalistas e de uma parcela da população.

A distância entre ambos fica ainda mais evidente se levarmos em conta as palavras de  Arthur Schopenhauer:

“... si, como hemos dicho, solo la memoria de las acciones llega a la posteridad y llega tal como los contemporáneos la han transmitido, las obras, por el contrario, llegan ellas mismas y tales como son, salvo los fragmentos perdidos; aqui, pues, hay menos posibilidad de desnaturalizar los datos, y si a su aparición el ambiente há podido ejercer alguna influencia  perjudicial, ésta desaparece más tarde. Por mejor decir, el tiempo es el que produce, uno a uno, el reducido número de jueces verdaderamente competentes, llamados a juzgar, como seres excepcionales que son, otros seres aún más excepcionales; depositam sucessivamente en la urna sus votos significativos, y com eso se establece, después de algunos siglos, um juicio plenamente fundado y que el transcurso de los tiempos no puede desmentir.” (Arte del buen vivir, Arthur Schopenhauer, Editorial Edaf, Madrid, España, 1983, p. 145/146).

Os universitários beneficiados, dentro e fora do Brasil, pelos programas sociais conduzidos por Dilma Rousseff edificarão a memória gloriosa do governo que Michel Temer interrompeu. Aqueles que serão impedidos de estudar por causa das decisões mesquinhas, irracionais e maldosas do governo interino se darão ao trabalho de preservar a obra de Michel Temer?

Dilma Rousseff foi e ainda é diariamente achincalhada pela imprensa. Mas ela não se deixou abater, confirmando assim o juízo que dela foi feito por mim http://jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/retrospectiva-2015-ou-como-a-resiliencia-derrotou-a-eloquencia e http://www.brasil247.com/pt/247/brasil/211011/'A-virtude-de-Dilma-%C3%A9-a-resist%C3%AAncia-n%C3%A3o-a-eloqu%C3%AAncia'.htm. Apesar do apoio da imprensa, Temer não suportou ser vaiado durante a abertura das Olimpíadas. Ele se esconde em Brasília com medo do povo que decidiu trair (ao dar um golpe de estado) e a prejudicar (revogando direitos conquistados com sangue, suor e lágrimas).

O juízo que a imprensa faz é transitório e maculado pelo partidarismo corrompido por verbas de publicidade. O juízo da história nunca é tão vulgar e tendencioso:

“...Así, Séneca  há dicho em um lenguaje incomparable, que la gloria sigue infaliblemente al mérito, como la sombra sigue al cuerpo, aunque, lo mismo que la sombra, camine tan pronto delante como detrás, y después de haber desarrollado este pensamiento, agrega: ‘Etiamsi omnibus tecum viventibus SILENTIUM LIVOR INDIXERIT, vernient qui sine offensa, sine gratia, judicent’; este pasaje nos demuestra al mismo tiempo que el arte de ahogar perversamente los méritos com el silencio y con el silencio  y con fingida ignoracia, con el objeto de ocultar al público lo que es bueno en provecho do que es malo, ya era practicado por la canalla de la época em que vivía Sêneca, como lo es por la canalla de la nuestra y que, tanto a unos como a otros, la envidia les cierra la boca. Por lo general, la gloria es tanto más tardía, cuanto más durable ha de ser, porque todo lo que es exquisito madura con lentitud.” (Arte del buen vivir, Arthur Schopenhauer, Editorial Edaf, Madrid, España, 1983, p. 146).

Uma imprensa que afunda na infâmia junto com Michel Temer não será capaz de levar ele à presidência pelo voto popular. Qualquer candidato que ele apoiar terá o mesmo destino que os protegidos de FHC: derrota e humilhação nas urnas. A única maneira da tirania se tornar perene será cancelando as eleições de 2018. O pretexto será dado por um atentado terrorista atribuído ao PT e praticado a mando de Michel Temer? Esta meus caros é a única pergunta que vale a pena fazer neste momento. 

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Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

advogado em Osasco (SP)

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