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Coisa julgada e ação de alimentos

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22/01/2018 às 14:20

Resumo:


  • A coisa julgada é a imutabilidade da decisão judicial quando não cabem mais recursos, sendo uma garantia constitucional e podendo ser formal, quando relacionada à preclusão dos prazos recursais, ou material, quando seus efeitos ultrapassam o âmbito processual.

  • As exceções à coisa julgada incluem sentenças terminativas sem julgamento de mérito, decisões em jurisdição voluntária, tutelas provisórias, erros materiais e despachos de mero expediente; além disso, a coisa julgada não se estende aos fundamentos da sentença, somente ao seu dispositivo.

  • Em relações jurídicas continuativas, como as prestações alimentares, a coisa julgada não impede revisões futuras diante de mudanças nas condições financeiras das partes, permitindo ações de revisão, exoneração ou majoração dos alimentos.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

III - AS REVISÕES DE ALIMENTOS 

Observa-se o Código Civil:

Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.

§ 1o Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada

O art. 1.699 do CC  prescreve o seguinte: “Se, fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo”.

Observe-se  o  art. 15 da Lei nº 5.478/68, de seguinte literalidade: “A decisão judicial sobre alimentos não transita em julgado e pode a qualquer tempo ser revista, em face da modificação da situação financeira dos interessados.”O procedimento  é regido pela Lei nº 6.478/68, a Lei de Alimentos, que prevê um rito especial.

Há causas de alteração  dos alimentos:

A uma, de minoração:

Qualquer mudança que indique uma diminuição da capacidade financeira da pessoa obrigada a prestar alimentos. Casos mais comuns:

- nascimento de um novo filho;

- desemprego;

- mudança de emprego para um de menor remuneração

- casamento ou estabelecimento de união estável com mulher que não trabalhe;

A duas, há causas de majoração: mudanças que indiquem o aumento das necessidades da filho que podem ser:

- criança que não estudava e passa a estudar (atingimento da idade escolar);

- fazer um curso técnico ou superior que implique em deslocamento ou mudança de domicílio.

Na matéria é trazida jurisprudência formada: 

“AÇÃO REVISIONAL - Redução liminar, ante a evidente diminuição das possibilidades econômicas do devedor - Admissibilidade - Desproporção gravosa entre os índices de correção de seu salário e da pensão devida - Aplicação da Lei nº 5.478/68 (Alimentos), art. 13, § 1ºSendo evidente que os alimentos devidos são excessivos, considerando-se a situação econômica do devedor, podem eles ser liminarmente reduzidos em ação revisional” (TJSP - 6ª Câm. Civil; AI nº 120.334-1-SP; rel. Des. J. L. Oliveira; j. 10.08.1989; v.u.). JB 171/197

“REVISIONAL DE ALIMENTOS – DEFICIÊNCIA NA SITUAÇÃO ECONÔMICA – POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA PENSÃO ALIMENTÍCIA – ART. 400/CC. Demonstrando o alimentante a impossibilidade do cumprimento da obrigação assumida em acordo de separação judicial, ocasionada por situação econômico-financeira deficiente afetadora de sua empresa e, levando-se em conta que a ex-esposa passou a exercer trabalho remunerado, além de outros elementos de provas constantes nos autos, a ação revisional de alimentos deve ser procedente a fim de estabelecer um tratamento equânime entre as partes, porquanto, deve sempre se ter em vista o binômio necessidade/possibilidade na relação alimentícia.” (TJ/SC – Ap. Cível n° 96.000512-9 – Câmara de Laguna – Ac. unân. – 1ª Câm. Cív. – Rel. Des. Carlos Prudêncio – DJSC – 26.09.96 – pág. 12).

Aplica-se para competência a súmula 235 do STJ:

“Súmula 235. A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado.”

Destaco o entendimento do  TJMT:

CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA – REVISIONAL DE ALIMENTOS – AÇÃO DE ALIMENTOS JÁ DECIDIDA E ARQUIVADA – IMPOSSIBILIDADE DE PREVENÇÃO – SÚMULA 235 DO STJ – DISTRIBUIÇÃO ALEATÓRIA - CONFLITO PROCEDENTE.

Consoante dispõe a Súmula 235 do STJ “A conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”. Dessa forma, restando julgada a ação na qual foram fixados alimentos, fulminada a hipótese de eventual risco de decisões conflitantes, devendo a ação revisional ser julgada pelo juízo a que foi aleatoriamente distribuído.

(CC 132294/2013, DES. SEBASTIÃO BARBOSA FARIAS, PRIMEIRA TURMA DE CÂMARAS CÍVEIS REUNIDAS DE DIREITO PRIVADO, Julgado em 07/08/2014, Publicado no DJE 12/08/2014)

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Sobre o autor
Rogério Tadeu Romano

Procurador Regional da República aposentado. Professor de Processo Penal e Direito Penal. Advogado.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

ROMANO, Rogério Tadeu. Coisa julgada e ação de alimentos. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5318, 22 jan. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/62047. Acesso em: 21 dez. 2024.

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