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15 de março de 2015, aspectos simbólicos

Agenda 17/03/2015 às 07:55

Quando escolheram a data de sua manifestação, aqueles que querem destruir o regime constitucional em vigor colocaram nas nossas mãos a chave para descobrir quem eles são e o que pretendem.

Todo ato humano tem ou pode ter um valor simbólico. A manifestação em defesa da Petrobras, da legalidade e do mandato de Dilma Rousseff ocorreu num dia 13, número utilizado pela petista para ser eleita. Em 2015 entramos no 13o. ano de mandatos petistas.

Os tucanos escolheram o dia 15 de março para fazer o ato pró-impedimento. O número do partido é 45, portanto, a própria data em si deve ter sido levada em conta nas discussões que resultarão no agendamento do ato pelos defensores do autoritarismo e da destruição do regime constitucional em vigor.

Júlio César foi assassinato em 15 de março. Ele era homem, militar e autoritário. Dilma é mulher, tolerante e foi vítima dos militares. Portanto, a presidenta do Brasil não pode ser equiparada ao conquistador da Gália esfaqueado nas escadarias do Senado de Roma.

Ernesto Geisel foi empossado em 15 de maço de 1974. João Baptista Figueiredo recebeu a faixa presidencial nesta mesma data em 1979. Vários organizadores da marcha em favor da privatização da Petrobras e da entrega do Pré-Sal aos norte-americanos não escondem sua simpatia pela ditadura militar. Portanto, é possível que eles tenham escolhido a data de 15 de março para homenagear o regime autoritário e aqueles que comandaram o mesmo.

Em 15 de março de 1789, Joaquim Silvério dos Reis delata os conjurados ao Visconde de Barbacena. Esta delação deu início à devassa que abortou a primeira tentativa de implantar um regime republicano no Brasil. Tiradentes foi preso, condenado, enforcado e esquartejado. Os outros conjurados foram todos degredados, inclusive Tomás Antônio Gonzaga contra quem nada se provou.

Uma delação detonou o escandalo da Lava Jato, que tem sido colocado no centro da crise política (muito embora seu causador tenha sido FHC e Gilmar Mendes, os dois autores do Decreto que dispensou a Petrobras de fazer licitações). Os organizadores do ato em favor do golpe de estado não aceitam o resultado das eleições. Portanto, eles acreditam que a “soberania popular” não deve ser o fundamento do poder político no Brasil. Como os aristocratas do período colonial, eles parecem acreditar que nasceram para governar. Em razão disto, eles podem sim ter escolhido o dia da delação Joaquim Silvério dos Reis porque pretendem fazer o Brasil voltar no tempo, provocar o renascimento das estruturas de poder anti-democráticas que existiam no tempo da Colônia.

A pretensão dos organizadores do ato do dia 15 de março de privatizar a Petrobras e revogar a Lei que regulamenta a exploração do Pré-Sal indica que eles estão comprometidos com uma nova Colonização do nosso país. Mas desta vez os EUA e não Portugal será a metrópole de onde emanarão as cartas régias que irão regular e limitar nossa vida econômica, política e social.

No dia 15 de março de 1938 as tropas da Alemanha nazista invadiram a Tchecoeslováquia sem enfrentar resistência. Os neo-nazistas brasileiros odeiam o PT e defendem a deposição violenta de Dilma Rousseff. Muitos deles se escondem no PSDB, agremiação que tem ficado mais e mais parecida com o NSDAP há medida que não consegue convencer o povo brasileiro a votar nos seus candidatos. A data escolhida pelor organizadores do golpe de estado certamente agradou os neo-nazistas. O nazismo, contudo, foi derrotado na Europa com a ajuda do Brasil. Os brasileiros pegaram em armas para aniquilar os nazistas no passado e farão isto no futuro se necessário for.

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Até aqui analisei a simbologia da data da manifestação anti-democracia do ponto de vista dos seus organizadores. Farei agora algumas considerações simbólicas levando em conta outro critério.

De todos os acontecimentos, o que mais ajuda a compreender o que ocorreu no terceiro domingo de março de 2015 é a estréia do filme “O Poderoso Chefão” em 15 de março de 1972. A saga de Francis Ford Coppola retrata a vida de uma família mafiosa. Nos últimos anos vários membros do PSDB foram presos e/ou perderam seus mandatos por decisões judiciais. Há tucanos na lista dos mafiosos que depositaram dinheiro sujo no HSBC da Suíça, um deles foi assessor próximo de FHC durante as privatizações. O tucanato paulista opera como se fosse uma verdadeira máfia e vários dos líderes do partido em São Paulo estão implicados na roubalheira do Metrô em São Paulo.

Mafiosos geralmente são violentos, intolerantes e intransigentes. Um mafioso não hesita em usar a força para submeter seus capangas. Uma família mafiosa se impõe pela força sobre a comunidade que domina ou pretende dominar. O regime de vida entre os mafiosos não é e não pode ser democrático. Como os tucanos que organizaram e participarão do ato no próximo dia 15 de março de 2015, os mafiosos detestam e desdenham coisas como: soberania popular, igualdade jurídica nas urnas, respeito à legalidade e às decisões do TSE, etc…

Dilma Rousseff é odiada intensamente pelos tucanos, pois sob seu governo o combate à corrupção tem sido exemplar e implacável como até Hillary Clinton reconheceu há algum tempo http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,dilma-estabelece-padrao-mundial-contra-a-corrupcao-afirma-hillary-clinton,862122. A operação Laja Jato desmontou a máfia que nasceu e cresceu dentro da Petrobras à sombra do Decreto assinado por FHC e Gilmar Mendes.

Os mafiosos vivem nas sombras. Eles gostam de agir criminosamente sem ser vistos como sendo os protagonistas dos crimes que cometem. Um bom mafioso usa “mão de gato” como sugeriu FHC aos seus capangas http://jornalggn.com.br/noticia/fhc-propoe-mao-de-gato-do-psdb-nas-passeatas-pro-impeachment . Portanto,o filme “O Poderoso Chefão” (estreado em 15 de março de 1972) pode ser considerado uma importante chave simbólica para entender as relações dos mafiosos tucanos com o que ocorreu em 15 de março de 2015.

Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

RIBEIRO, Fábio Oliveira. 15 de março de 2015, aspectos simbólicos. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 20, n. 4276, 17 mar. 2015. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/37213. Acesso em: 5 nov. 2024.

Mais informações

Atualizações necessárias no texto, pois o mesmo foi escrito antes do 15/03/2015 e já estamos em 17/03/20105.

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