CONCLUSÃO
A análise da moral humana, especificamente da Dignidade da Pessoa Humana enquanto conceito na filosofia da idade moderna e atual, não pode olvidar de que o homem é um ser essencialmente social, que vive em um Estado.
A análise dos conceitos do sistema político e do reconhecimento do valor do ser humano na Grécia Clássica permitiu avaliar a consistência sistema político grego com a Dignidade da Pessoa Humana, mesmo que o termo ainda não tivesse sido cunhado àquela épcoa histórica.
Na filosofia o homem é estudado em sua essência como ser político, desde Aristóteles. Por outro lado, analisando a obra pretérita A República, de Platão, vislumbramos ali os traços de um homem essencialmente político, na construção do estado platônico. Platão, além de analisar em sua obra os sistemas políticos existentes e suas deturpações, inova e cria no mundo filosófico um sistema político próprio, traçando seus elementos e gênese, enquanto constrói diálogos para desvendar a essência da justiça e do bem.
Da análise se o Homem, com seus caracteres e virtudes, é ou existe para o Estado ou o Estado é ou foi criado para a satisfação das necessidades do Homem no estudo de A República pôde-se demonstrar a supremacia e força estatais existentes naquela obra quando da gênese do sistema político platônico.
Tínhamos em Platão uma liberdade do homem indissociável do Estado. Temos atualmente um conceito de liberdade, corolário da Dignidade da Pessoa Humana, indissociável da essência do homem, que pode ser oponível ao Estado. A igualdade entre os seres humanos em Platão era também princípio ainda embrionário.
Cotejando a Dignidade da Pessoa Humana como estudada nos ordenamentos jurídicos dos Estados Nacionais após a segunda guerra mundial desvendamos que o suceder das gerações históricas recrudesceu o valor da liberdade do ser humano e o valor único da Dignidade Humana.
Não se pode olvidar do desenvolvimento do conceito de Dignidade da Pessoa Humana na Idade Média, laicizada na Idade Moderna, mormente na filosofia dos iluministas. Observamos na Grécia clássica conceito díspare de igualdade e liberdade e do valor do ser humano, que veio a ser reformulado na filosofia de Kant e legado para a contemporaneidade.
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