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Fraude à execução, necessidade de registro da penhora no registro de imóveis e má-fé do terceiro adquirente do bem imóvel

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Agenda 19/08/2019 às 16:45

CONCLUSÃO.

A fraude à execução é a pior das fraudes cometidas pelo devedor, porque afronta diretamente a autoridade da jurisdição. E, por essa razão, deve ser amplamente combatida, razão de ser do disposto no art. 792 do Código de Processo Civil.

O Superior Tribunal de Justiça, ao pretender unificar o entendimento sobre o tema editou a súmula 375, que aponta como requisitos caracterizadores da fraude o registro da penhora ou a prova da má-fé do terceiro adquirente. No entanto, o inciso IV do art. 792 não condiciona o reconhecimento da fraude à análise do elemento subjetivo, mas apenas de circunstância objetiva, qual seja, a existência de ação capaz de reduzir o devedor à insolvência. Desta forma, a súmula 375 em questão encontra seu alcance limitado pela própria lei, não podendo estabelecer, via de interpretação, condições que o legislador não estabeleceu.

Por outro lado, temos que a conduta do terceiro que adquire um bem imóvel sem a necessária cautela é suficiente para fazer presumir a sua má-fé, em face do descumprimento de regra basilar de boa-fé objetiva.

Alem disso, se o bem alienado ou onerado está sujeito a registro, como ocorre com os bens imóveis, a prova da fraude reside na própria alienação ou oneração, se ocorrida depois da existência de ação capaz de levar o devedor à insolvência.


BIBLIOGRAFIA.

CÂMARA, Alexandre Freitas. Lições de direito processual civil – vol. 2. São Paulo: Atlas, 2013. 22ª edição.

DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil – vol. IV. São Paulo: Malheiros, 2003. 2ª edição.

DONIZETTI, Elpídio. Curso didático de direito processual civil. São Paulo: Atlas, 2016. 19ª edição.

MARINONI, Luiz Guilherme, e ARENHART, Sérgio Cruz. Curso de processo civil – vol. 3: execução. São Paulo: RT, 2007. 2ª edição.

NERY, Rosa Maria de Andrade. Introdução ao pensamento jurídico e à teoria geral do direito privado. São Paulo: RT, 2008.

SALES, Fernando Augusto De Vita Borges de. Manual de direito processual civil. São Paulo: Rideel, 2017.

_____. Súmulas do STJ em matéria processual civil comentadas em face do novo CPC. Araçariguama: Rumo legal, 2017.

_____. Novo CPC Comentado: artigo por artigo. São Paulo: Rideel, 2017. 2ª edição

_____. Estudo comparativo do CPC de 1973 com o CPC de 2015. São Paulo: Rideel, 2015.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de direito processual civil – vol. III: Execução forçada. Rio de Janeiro: Forense, 2017. 50ª edição.


Notas

  1. Cf. Fernando Augusto De Vita Borges de Sales, Novo CPC comentado artigo por artigo, p. 540.

  2. Instituições de direito processual civil, vol. IV, p. 389.

  3. Lições de direito processual civil, vol. 2, p. 227.

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  4. Art. 774. Considera-se atentatória à dignidade da justiça a conduta comissiva ou omissiva do executado que: I - frauda a execução;

  5. Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, destruindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.

  6. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Curso de processo civil, vol. III – Execução, p. 260.

  7. Art. 792, § 1º. A alienação em fraude à execução é ineficaz em relação ao exequente.

  8. Curso de processo civil, vol. III – Execução, p. 262.

  9. Curso didático de direito processual civil, p. 1118.

  10. Humberto Theodoro Jr., Curso de direito processual civil, vol. III, p. 323.

  11. Curso de processo civil, vol. III – Execução, p. 258.

  12. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Curso de processo civil, vol. III – Execução, p. 260.

  13. Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé.

  14. Instituições de direito processual civil, vol. IV, p. 387.

  15. Curso didático de direito processual civil, p. 1118.

  16. Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Curso de processo civil, vol. III – Execução, p. 260.

  17. Fernando Augusto De Vita Borges de Sales, Manual de direito processual civil, p. 446.

  18. Lições de direito processual civil, vol. 2, p. 305.

  19. Fernando Augusto De Vita Borges de Sales, Novo CPC comentado artigo por artigo, p. 575.

  20. Embora o art. 844 do CPC faça referência à averbação da penhora, o correto é registro, por força do que dispõe o art. 167, I, 5, da Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/1973).

  21. Fernando Augusto De Vita Borges de Sales, Súmulas do STJ em matéria processual civil comentadas em face do novo Código de Processo Civil, p. 209.

  22. Curso de processo civil, vol. III – Execução, p. 261.

  23. Introdução ao pensamento jurídico e à teoria do direito privado, p. 257.

  24. TJMT, proc. 0800468-12.2014.8.12.0104.

Sobre o autor
Fernando Augusto Sales

Advogado em São Paulo. Mestre em Direito. Professor da Universidade Paulista - UNIP, da Faculdade São Bernardo - FASB e do Complexo de Ensino Andreucci Proordem. Autor dos livros: Direito do Trabalho de A a Z, pela Editora Saraiva; Súmulas do TST comentadas, pela Editora LTr; Manual de Processo do trabalho; Novo CPC Comentado; Manual de Direito Processual Civil; Estudo comparativo do CPC de 1973 com o CPC de 2015; Comentários à Lei do Mandado de Segurança e Ética para concursos e OAB, pela Editora Rideel; Direito Ambiental Empresarial; Direito Empresarial Contemporâneo e Súmulas do STJ em Matéria Processual Civil Comentadas em Face do Novo CPC, pela editora Rumo Legal; Código Civil comentado [em 3 vols], Manual de Direito do Consumidor, Direitos da pessoa com câncer, Direito Digital e as relações privadas na internet, Manual da LGPD, Manual de Prática Processual Civil; Desconsideração da Personalidade Jurídica da Sociedade Limitada nas Relações de Consumo, Juizados Especiais Cíveis: comentários à legislação; Manual de Prática Processual Trabalhista e Nova Lei de Falência e Recuperação, pela editora JH Mizuno.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

SALES, Fernando Augusto. Fraude à execução, necessidade de registro da penhora no registro de imóveis e má-fé do terceiro adquirente do bem imóvel. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5892, 19 ago. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/70371. Acesso em: 18 dez. 2024.

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