Símbolo do Jus.com.br Jus.com.br

Ação de dissolução de união estável c/c pedido de guarda judicial e tutela antecipada

Agenda 09/09/2015 às 22:05

Trata-se de modelo de ação que objetiva a dissolução de união estável.

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DE FAMÍLIA DA COMARCA DE MACEIÓ – AL.

 

 

 

 

 

 

FULANO, brasileiro, médico, inscrito sob o CPF nº XXXX, RG nº XXXXX SSP/AL, residente e domiciliado na XXXXXX, vem, por meio de sua advogada que abaixo subscreve, mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE UNIÃO ESTÁVEL C/C PEDIDO DE GUARDA JUDICIAL E TUTELA ANTECIPADA

em face de XXXX, brasileira, inscrita sob o CPF nº XXXX, RG nº XXXX, residente e domiciliada na XXXXXXXX, pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.


DOS FATOS

 

O Autor começou a manter relacionamento com a Requerida no ano 2000. Juntos tiveram uma filha em XXXXX, denominada XXXXXX, conforme certidão de nascimento anexa.

Em XXXXX o Autor e a Ré registraram a união estável, conforme anexo.

Mesmo diante da personalidade destemperada e comportamento descomprometido da Ré, o relacionamento perdurou até meados de XXXX.

Logo após a dissolução fática do relacionamento, a Demandada procurou o Autor sob o argumento de que estaria grávida do mesmo. Porém, no início deste ano, com o nascimento da criança, o Demandante descobriu – Pasme Excelência! - que se tratava de um filho de outro homem, fruto de nova infidelidade da Requerida.

Tal episódio erradicou de vez qualquer possibilidade de reestabelecimento da união e evidenciou, de forma ainda mais contundente, o descompromisso da Ré com o Autor e sua família.

Outros fatos anteriores também já alarmavam essa falta de sentimento de família, tais como casos de infidelidade para com o Autor, diversos episódios de brigas e discussões repentinas e sem fundamento da Ré com seu então companheiro, com seus filhos maiores e pior, com a menor filha do Autor, que aos 13 (treze) anos já se sente afetada pelo desequilíbrio da genitora.

Nesse contexto, em janeiro do corrente ano a filha das partes passou a residir com o Autor, pois este é quem de fato reúne as melhores condições econômicas e, sobretudo, afetivas para assumir a guarda da menor.

Frise-se que a criança já está residindo com o Autor de modo confortável e tal fato já se encontra registrado na escola da mesma, conforme documentação anexa.

No tocante a questão patrimonial foram adquiridos apenas dois bens pelo Autor na vigência do relacionamento, uma casa e um veículo, ambos ainda financiados, conforme documentação anexa.

Assim, diante deste contexto, reconhecida a união estável e não havendo mais qualquer possibilidade de reconciliação, requer seja declarada dissolvida essa união, com a regulamentação da guarda da filha menor e a partilha dos bens adquiridos na constância desse relacionamento.


DO DIREITO

 

DA ANTECIPAÇÃO DA TUTELA

 

No presente caso não há quaisquer dúvidas acerca dos fatos narrados na inicial, posto que a menor de fato já reside com seu genitor. Além disso, sempre fora dificultosa a convivência da menor com a Requerida, apresentando o Autor as melhores condições sócio afetivas para criá-la.

Resta claro ainda que diante de qualquer demora processual a criança poderá ficar exposta a toda sorte de dificuldades, posto que em face do temperamento da Demandada esta pode, a qualquer momento, se utilizar de um eventual direito de guarda para compelir o Autor a fazer algo de seu interesse.

Além disso, muito embora a criança esteja na posse de fato do Requerente, não há nenhum termo de guarda consentida para tanto, motivo pelo qual o Autor deseja se eximir da preocupação em razão da já mencionada personalidade tempestuosa da Ré.

Nesse toar, no que concerne a questão da guarda da filha das partes, é certo que o deferimento judicial de guarda visa, precipuamente, regularizar a situação de fato existente, propiciando melhor atendimento da criança em todos os aspectos, nos termos do art. 33 da lei nº 8.069/90:

Art. 33. A guarda obriga à prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais.

§1º. A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.

 

Ainda, a jurisprudência entende que ao ser concedida a guarda, devem ser observados, primeiramente, os interesses da criança. Esse é o entendimento no Superior Tribunal de Justiça, senão veja-se:

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

CIVIL. FAMÍLIA. GUARDA JUDICIAL PREVALECE O INTERESSE DA MENOR. Nas decisões sobre a guarda de menores, deve ser preservado o interesse da criança, e sua manutenção em ambiente capaz de assegurar seu bem estar físico e moral, sob a guarda de pais ou de terceiros.

 

No caso em apreço, a finalidade desta guarda é, sobretudo, regularizar a posse sob a criança que de fato vive com seu pai.

Estando preservados os interesses da criança e estando a requerente com a posse da mesma, impõe-se a concessão da guarda em favor do Autor.

Cumpre salientar que o Requerente é pessoa íntegra, trabalhadora e vive em um ambiente familiar saudável, estando à criança perfeitamente adaptada à convivência com o mesmo.

Pelo exposto, encontram-se atendidos os requisitos estabelecidos pelo art. 273 do Código de Processo Civil, razão pela qual se requer a concessão da antecipação de tutela para que Vossa Excelência conceda, desde já, a guarda do Autor em relação a sua filha Ahyane Pereira Romão.

 

DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL E PEDIDOS CORRELATOS

 

A Constituição Federal no artigo 226 protege a união estável, consignado que:

Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.

§3º. Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.

§5º. Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.

§8º. O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.

 

A jurisprudência é uníssona no sentido de garantir aos conviventes a partilha dos bens havidos na constância da união estável, como já enunciava a Súmula 380 do Supremo Tribunal Federal.

Ainda, é entendimento assente a necessidade do esforço comum para a aquisição do bem objeto de partilha, mesmo que indireto, tal como recomenda o Colendo Superior Tribunal de Justiça, nas palavras do eminente Ministro Eduardo Ribeiro:

"CONCUBINATO - SOCIEDADE DE FATO - PARTILHA DE BENS. O CONCUBINATO, SÓ POR SI, NÃO GERA DIREITO A PARTILHA. NECESSÁRIO QUE EXISTA PATRIMÔNIO CONSTITUÍDO PELO ESFORÇO COMUM. DAI NÃO SE SEGUE, ENTRETANTO, QUE INDISPENSÁVEL SEJA DIRETA ESSA CONTRIBUIÇÃO PARA FORMAR O PATRIMÔNIO. A INDIRETA, AINDA QUE EVENTUALMENTE RESTRITA AO TRABALHO DOMESTICO, PODERÁ SER O BASTANTE. (RSTJ VOL.:00009 PG:00361 INFORMA JURÍDICO VERSÃO 12 N. 2770)"

 

Assim, resta claro o direito que fundamenta a presente demanda.

 

DOS BENS

 

Conforme já narrado, o Autor deixou o lar do casal, locou imóvel e até o momento, está terminando de equipá-lo com os bens necessários, na medida em que todos os bens do casal permaneceram com a Ré.

Desse modo, desde logo requer a partilha dos bens já descritos, quais sejam:

  1. Uma casa localizada na xxxxx, conforme anexos;
  2. Um veículo xxxx, conforme anexo.

DA GUARDA DA MENOR

 

Requer o Autor a guarda da menor xxxxxxxx, uma vez que a criança já se encontra sob sua convivência, recebendo amor, carinho, afeto, alimentos, enfim, tudo que uma criança necessita e merece para ser feliz.


DOS PEDIDOS

 

Ante todo o exposto, requer-se:

 

  1. Conceder liminarmente a guarda da criança ao Requerente, a fim de que esta permaneça na responsabilidade do Autor até a decisão final deste juízo;
  2. A citação da Requerida para, querendo, contestar a presente ação, sob pena de confissão e revelia e, ao final, sejam julgados procedentes os pedidos, dissolvendo-se a união estável havida entre o casal;
  3. A concessão da guarda definitiva da filha menor ao Requerente;
  4. A partilha dos bens do casal;
  5. Requer provar o alegado por todos os meios de provas admitidos em direito, especialmente a juntada de novos documentos, depoimento pessoal da Requerida, ouvida das testemunhas a serem, oportunamente, arroladas;
  6. A condenação da Ré ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios;
  7. Requer, finalmente, a intimação do i. representante do Ministério Público, para que intervenha no feito, nos termos do art. 82, II, do CPC.

 

Atribui-se à causa o valor de xxx.

 

Nesses Termos,

Pede Deferimento.

 

Advogada – OAB/AL xxx

Sobre a autora
Anne Caroline Fidelis de Lima

Advogada, bacharela em Direito pela Universidade Federal de Alagoas, professora universitária, mestra em sociologia pela Universidade Federal de Alagoas, pós-graduada em direito civil, processo civil pela Escola Superior de Advocacia da OAB/AL e em gestão pública municipal pela Universidade Federal de Alagoas.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!