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Policiamento comunitário: a transição da polícia tradicional para polícia cidadã

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10/05/2014 às 16:41
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificamos os desafios da transição da polícia tradicional para polícia cidadã e constatamos que as velhas práticas de policiamento tradicional e a política de mais policiais nas ruas, mais viaturas, mais repressão, se revelaram ineficazes na inibição do crime, contribuindo para aumentar a descrença dos cidadãos com relação à polícia. .

No modelo profissional, a formação do policial também contribuiu para a relação negativa entre polícia e sociedade que temos hoje. O militar com ideologias guerra, de segurança nacional, via sempre o cidadão como um inimigo, não era permitido o policial conversar, interagir com a comunidade local. O policial em um modelo tradicional engessado afastava-se do seu cliente que é a população

O policiamento comunitário traz a perspectiva de mudança, na atuação dos policias e no seu papel junto da comunidade. Reforça a idéia de que o cidadão deve ser coautor nas estratégias de policiamento, responsável pela segurança de sua comunidade. Realiza uma mudança de valores nos policiais e nos cidadãos, trazendo maior comprometimento e consciência de suas obrigações e responsabilidades

No projeto desenvolvido em Caxias do Sul/RS pela Brigada Militar podemos encontrar soluções e boas perspectivas na implementação do policiamento comunitário. Onde se conquistou o apoio e participação da comunidade, através de reuniões nas associações dos moradores, bem como recurso financeiro em parceria com a prefeitura através da bolsa moradia, motivação para o policial tem uma forma de incentivo para participar do projeto do policiamento comunitário e se engajar no projeto.

O policiamento comunitário gera segurança pública e diminui as taxas de criminalidade, reduz o medo do crime e faz o público se sentir menos desamparado, refaz a conexão da polícia com o público desinformado, levanta o moral policial, e torna a policia mais sujeita a prestação de contas. Por fim o policiamento comunitário surge como principal alternativa estratégica para as práticas tradicionais, em toda parte, atualmente consideradas um fracasso.23


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BORDIN, Marcelo. POLÍCIA COMUNITÁRIA: entre a retórica do estado e a prática Cotidiana. Vigilância, Segurança e Controle Social na América Latina, Curitiba, p. 349-368.

COMBLIN, Joseph. A ideologia de segurança nacional: o poder militar na América latina. Trad. A. Veiga Fialho. Rio de Janeiro: Civilização Braileira.

COSTA, Arthur Trindade Maranhão. Entre a Lei e a Ordem: violência e reforma nas polícias do Rio de Janeiro e Nova York. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004.

DA MATTA, Roberto. Carnavais malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6ed. Rio de janeiro: Rocco, 1997.

DIAS NETO, Theodomiro. Comunitário e controle sobre a Polícia: a experiência norte americana. São Paulo, IBCCRIM, 2000.

Huggins, Martha Knisely; Zimbardo, Philip G.; Haritos-Fatouros, Mika. Operários da Violência- policiais torturadores e assassinos reconstroem as atrocidades brasileiras. Brasília: Unb, 2006.

KANH, Túlio. Velha e nova polícia: polícia e políticas de segurança pública no Brasil. São Paulo. Editora Sicurezza, 2002.

MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, CURSO NACIONAL DE MULTIPLICADOR DE POLÍCIA COMUNITÁRIA.- 5º ed.Brasília, Secretaria Nacional de Segurança Pública.2012.

NETO, Paulo de Mesquita. Ensaios sobre segurança Cidadã. São Paulo: Quartier Latin, Fapesp, 2011..

NETO, Paulo de Mesquita. Policiamento comunitário: A experiência em São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Criminais. Ano 7. N.25 jan-mar/1999.

PINHEIRO, Paulo Sérgio. Polícia e consolidação democrática: o caso brasileiro. In Pinheiro et al. São Paulo sem medo: um diagnóstico da violência urbana. Rio de Janeiro: Garamond, 1998, p. 175/190

SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões práticas através do Mundo. Trad. Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.-( Série Polícia e Sociedade; n.06 / Organização: Nancy Cardia).

TROJANOWICZ, Robert; e Bucquerouxe, Bonnie. Policiamento Comunitário: como começar. Rio de Janeiro: policialerj, 1994.


Notas

1 PINHEIRO, Paulo Sérgio. Polícia e consolidação democrática: o caso brasileiro. In Pinheiro et al. São Paulo sem medo: um diagnóstico da violência urbana. Rio de Janeiro: Garamond, 1998, p. 175/190.

2 DA MATTA, Roberto. Carnavais malandros e heróis: para uma sociologia do dilema brasileiro. 6ed. Rio de janeiro: Rocco, 1997, p. 175.

3 Huggins, Martha Knisely; Zimbardo, Philip G.; Haritos-Fatouros, Mika. Operários da Violência- policiais torturadores e assassinos reconstroem as atrocidades brasileiras. Brasília: Unb, 2006, p. 379.

4 “A definição de Segurança Nacional é a capacidade que o Estado dá à Nação para impor seus objetivos a todas as forças oponentes. Essa capacidade é, naturalmente, uma força. Trata-se portanto da força do Estado, capaz de derrotar todas as forças adversas e de fazer triunfar seus Objetivos Nacionais. “ Vide: Comblin, Joseph. A ideologia de segurança nacional: o poder militar na América latina. Trad. A. Veiga Fialho. Rio de Janeiro: Civilização Braileira. 1978, p.54.

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5 Huggins, Martha Knisely; Zimbardo, Philip G.; Haritos-Fatouros, Mika. Operários da Violência- policiais torturadores e assassinos reconstroem as atrocidades brasileiras. Brasília: Unb, 2006, p. 275.

6 NETO, Paulo de Mesquita. Ensaios sobre segurança Cidadã. São Paulo: Quartier Latin, Fapesp, 2011

7 SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões práticas através do Mundo. Trad. Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.-( Série Polícia e Sociedade; n.06 / Organização: Nancy Cardia).p. 57

8Ibid .p. 58

9SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões práticas através do Mundo. Trad. Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.-( Série Polícia e Sociedade; n.06 / Organização: Nancy Cardia).p. 58

10 COSTA, Arthur Trindade Maranhão. Entre a Lei e a Ordem: violência e reforma nas polícias do Rio de Janeiro e Nova York. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2004. P.68-69.

11 Neto, Paulo de Mesquita. Ensaios sobre segurança Cidadã. São Paulo: Quartier Latin, Fapesp, 2011. P.146

12 SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões práticas através do Mundo. Trad. Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.-( Série Polícia e Sociedade; n.06 / Organização: Nancy Cardia).p. 18

13 TROJANOWICZ, Robert; e Bucquerouxe, Bonnie. Policiamento Comunitário: como começar. Rio de Janeiro: policialerj, 1994, p 04.

14DIAS NETO, Theodomiro. Comunitário e controle sobre a Polícia: a experiência norte americana. São Paulo, IBCCRIM, 2000, p.55.

15 MINISTÉRIO DA JUSTIÇA, CURSO NACIONAL DE MULTIPLICADOR DE POLÍCIA COMUNITÁRIA.- 5º ed.Brasília, Secretaria Nacional de Segurança Pública.2012, p.94-95.

16 SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões práticas através do Mundo. Trad. Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.-( Série Polícia e Sociedade; n.06 / Organização: Nancy Cardia).p. 72

17Ibid. .p. 85

18 NETO, Paulo de Mesquita. Policiamento comunitário: A experiência em São Paulo. Revista Brasileira de Ciências Criminais. Ano 7. N.25 jan-mar/1999. P.283

19 KANH, Túlio. Velha e nova polícia: polícia e políticas de segurança pública no Brasil. São Paulo. Editora Sicurezza, 2002, p.40

20 BORDIN, Marcelo. POLÍCIA COMUNITÁRIA: entre a retórica do Estado e a prática cotidiana. Vigilância, Segurança e Controle Social na América Latina, Curitiba, p. 349-368.

21 Projeto piloto de Policiamento Comunitário de Caxias do Sul/RS. 1º janeiro 2012.

22 Coronel Júlio César Marobin, Coordenador Estadual do Policiamento Comunitário, da Brigada Militar.

23 SKOLNICK, Jerome H.; BAYLEY, David H. Policiamento Comunitário: Questões práticas através do Mundo. Trad. Ana Luísa Amêndola Pinheiro. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.-( Série Polícia e Sociedade; n.06 / Organização: Nancy Cardia).p. 119

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Sobre o autor
Maurício Futryk Bohn

Professor da Faculdade de Direito CNEC-Gravataí. Pesquisador do Instituto de Pesquisa da Brigada Militar(IPBM), seção de pesquisa e extensão. Mestre em Ciências Criminais pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2015). Pós-Graduado em Segurança Pública e Mediação de Conflitos pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2015) e pós graduando em Direito Penal e Processo Penal pela Faculdade (IDC).Graduado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2012). Membro do corpo de orientadores metodológicos dos cursos de graduação e pós-graduação da Academia de Polícia Militar do Estado do Rio Grande do Sul, no qual é orientador metodológico e examinador. Membro do Grupo de Pesquisa Cultura de Paz do IPBM. É revisor de periódico científico da Academia de Polícia Militar do Estado de Goiás, Revista Brasileira de Estudos em Segurança Pública. É membro avaliador de trabalhos didáticos, científicos e experimentais de autoria de policiais militares da Brigada Militar. Membro-associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Atualmente pesquisa, ministra aulas nas áreas: Direito Penal, Processo Penal, Mediação e Arbitragem e Ciências Criminais na linha de pesquisa: Crime, Violência e Segurança Pública.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

BOHN, Maurício Futryk. Policiamento comunitário: a transição da polícia tradicional para polícia cidadã. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n. 3965, 10 mai. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/28125. Acesso em: 18 abr. 2024.

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