É muito comum aos jogadores de futebol, depois de encerrar a carreira (além de engordar), incorporar o hábito de falar e fazer muita besteira. O ex-jogador Ronaldo é um excelente exemplo de confirmação da tese. Fala e faz muita besteira, embora pareça possuir algum “escudo” de imagem, já que nada que fala ou faz “cola” nele. E o repertório vai desde a “confusão” que fez com travestis no Rio de Janeiro até a célebre “Copa não se faz com hospitais”, emendando com uma “vergonha do país”, incoerência com fundo claramente eleitoreiro.
É daqueles de rasa inteligência que acham que o resultado da Copa interfere no resultado da eleição, supondo que o povo seja tão burro, e que é possível se lançar uma campanha jogando a Copa contra o governo, esquecendo-se de que seu candidato Aécio e o outro opositor Eduardo fizeram de tudo para levar a Copa aos estados que governavam.
Ronaldo é um bom “exemplo” para muitos, já que ascendeu de menino pobre a adulto milionário, sonho maior da iletrada, arrogante e truculenta classe média nacional. Ronaldo é badalado, é “VIP” onde estiver, o que alimenta o imaginário e a utopia dos medianos (e medíocres) nacionais. A última declaração “genial” do ex-jogador diz respeito à pesada punição imposta pela “ilibada” FIFA ao atleta uruguaio Luis Suárez em virtude de uma mordida no adversário em jogo da Copa do Mundo. Ronaldo afirmou categoricamente que concordava com a punição e com sua intensidade e que “os que saem da linha têm de ser punidos”. Têm mesmo, Ronaldo?
A que tipo de justiça será a referência do ex-craque? Qual seria sua ideia do justo? Todos que deslizam, mesmo que de maneira não tão grave como me parece o caso em apreço, merecem severas punições? E logo ele que já “saiu da linha” tantas vezes... E que, pelo que se sabe, nunca foi punido. Será a justiça típica da plutocracia brasileira, arauta da punição e praticante da impunidade conforme seus próprios interesses? Seria a FIFA, incontavelmente acusada de práticas absurdas desde corrupção maciça até exploração de trabalho semi-escravo, o palco adequado para a materialização do justo? Na ótica de Ronaldo e de muitos parece ser. Até os irracionais percebem que Ronaldo é um bom fantoche, tanto da FIFA quanto da mídia. Mas nunca é de graça quando aparece, nem mesmo para perder medidas. O mais próximo de “justo” que esse pessoal me faz chegar a lembrança é do histórico personagem do Chico Anysio Justo Veríssimo.
Ronaldo disse ainda que o futebol tem de servir de exemplo. E tem mesmo, mas não de imposição da vontade utilitarista. O futebol tem de servir de exemplo combatendo o racismo, o futebol tem de servir de exemplo condenando a exploração de trabalhadores (você sabia que as obras da Copa de 2022 no Catar já começaram e que já morreram quatrocentos trabalhadores por más condições de trabalho?), servir de exemplo se abstendo da corrupção, da manipulação de resultados, exemplo com a intolerância com a violência, dentre outros fatores. O futebol pode mesmo ser um ótimo exemplo, sobretudo quando se afastar dos atos e palavras desses “Ronaldos” e dessas “FIFAS”.