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Loteamentos fechados x condomínios fechados

13/11/2016 às 07:35

Resumo:


  • O mercado imobiliário tem expandido os empreendimentos habitacionais, como os residenciais fechados, que oferecem infraestrutura própria e acesso controlado.

  • Loteamentos Fechados possuem vias públicas e podem ter concessão administrativa para fechamento e manutenção, mas não impedem o acesso de terceiros; despesas comuns são regulamentadas por um Regulamento específico.

  • Condomínios Fechados têm áreas privativas, incluindo as vias de circulação, e os proprietários compartilham a responsabilidade pelas despesas comuns através de taxas condominiais; a entrada de terceiros pode ser restrita.

Resumo criado por JUSTICIA, o assistente de inteligência artificial do Jus.

Nos loteamentos fechados, regidos pela Lei nº 6.766/79, ainda que haja concessão municipal para fechamento, a portaria não pode impedir o acesso de terceiros estranhos aos empreendimentos, pois as áreas internas são públicas.

O crescimento do mercado imobiliário nas últimas décadas trouxe uma nova realidade urbanística às cidades: a criação e expansão de empreendimentos habitacionais, entre eles, os residenciais fechados.

Os residenciais fechados se caracterizam por infraestrutura própria tais como áreas recreativas, locais de lazer, calçadas padronizadas, etc. e muitas vezes tem seu perímetro cercado e acesso controlado, sendo corriqueiramente chamados de “condomínios fechados”.

Entretanto existem diferenças entre Condomínios Fechados e Loteamentos Fechados, que veremos a seguir.

Os Loteamentos Fechados são regidos pela Lei nº 6.766/79 e consistem na subdivisão de uma gleba (área maior) em lotes (áreas menores), com abertura de novas vias.  Ao final, o perímetro da gleba é cercado ou murado.

Entretanto, no caso dos Loteamentos Fechados, as vias em questão são públicas, podendo haver uma Concessão Administrativa do poder público municipal para a Associação de Moradores no tocante ao fechamento, manutenção e conservação das vias de acesso e circulação.

Deste modo, ainda que haja a Concessão municipal para o fechamento, a portaria não pode impedir o acesso de terceiros estranhos aos empreendimentos, pois as áreas internas são públicas.

Com relação às despesas oriundas das áreas comuns, considerando que cada morador é proprietário apenas do seu lote, não há frações ideias nem condomínio. Assim, o morador é responsável somente pelo pagamento do IPTU do seu imóvel. Para cobrar dos moradores as despesas das áreas comuns é preciso haver um Regulamento, registrado na matrícula e nas escrituras de compra e venda, assim o adquirente estará obrigado a contribuir com as despesas de manutenção do espaço comum (despesas propter rem).

Os Condomínios são regidos pela Lei 4.591/64. Neles, toda a área é privativa, ou seja, além do lote, as vias de circulação e espaços comuns são de propriedade dos moradores. A parte de cada um é definida de acordo com um cálculo cujo resultado se chama “fração ideal”. 

Assim, além do IPTU referente ao seu próprio lote, as despesas atinentes à conservação das áreas comuns (manutenção das vias, canteiros, vigilância, limpeza, preservação, etc) são de responsabilidade dos condôminos, que através da Assembleia Geral, aprovarão um plano orçamentário onde definirão uma tarifa condominial mensal.

No caso dos Condomínios fechados, a restrição à entrada de terceiros estranhos pode ser feita pela portaria, isto porque suas áreas internas são privadas e de responsabilidade direta de seus condôminos.

Abaixo segue um quadro comparativo resumindo as principais diferenças entre Loteamentos Fechados e Condomínios Fechados:

QUADRO COMPARATIVO

Loteamento Fechado

Condomínio Fechado

Legislação

Lei nº 6.766/79

Lei 4.591/64

Vias de circulação

Públicas, há um contrato administrativo de Concessão do Município para a Associação de Moradores relativo às vias de acesso e circulação.

Privadas, os moradores são os proprietários dos lotes e das vias de acesso e circulação.

Frações ideais sobre áreas comuns

Não há

Cada proprietário é dono de uma fração ideal de todo o empreendimento, incluindo as áreas comuns, inclusive a malha viária interna.

Rateio dos custos comuns

É preciso haver um Regulamento, registrado na matrícula e nas escrituras de compra e venda, assim o adquirente estará obrigado a contribuir com as despesas de manutenção do espaço comum (despesas propter rem).

A conservação das áreas comuns é de responsabilidade do condomínio, que promove um rateio das despesas entre os condôminos através de Assembléias Gerais, aprovando um plano orçamentário para definir uma  taxa condominial mensal.

Restrição de entrada

 A Portaria não pode impedir a entrada de terceiros, mesmo que haja Concessão de Direito Real de Uso, pois as áreas internas são públicas.

A Portaria pode  impedir a entrada de terceiros pois suas áreas internas são privativas e de responsabilidade  direta de seus condôminos

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Sobre a autora
Janine Bertuol Schmitt

Bacharel em Direito pela UNISC (2009), pós-graduada em Direito Imobiliário pela Universidade Estácio de Sá (2017). Atuação em assessoria jurídica e contencioso nas áreas de direito de sucessões (inventários e partilha), societário e direito imobiliário (assessoria jurídica para urbanizadoras, imobiliárias, construtoras, corretores). Membro da Comissão de Direito Imobiliário da OAB Subseção de Santa Cruz do Sul/RS (2020/22). Escritora em portais jurídicos (Jusbrasil, Jus.com.br, Direito Net), em revistas jurídicas (Diário das Leis - Boletim do Direito Imobiliário e Revista Síntese do Direito Imobiliário) e jornais locais (coluna quinzenal no Riovale Jornal 2017/19).

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

BERTUOL SCHMITT, Janine. Loteamentos fechados x condomínios fechados. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 21, n. 4883, 13 nov. 2016. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/53698. Acesso em: 25 dez. 2024.

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