Homossexualidade no medievo

O legado da Peste Negra aos sodomitas

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14/01/2019 às 14:52
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[1]          GIDE, André. Córidon. São Paulo: Civilização Brasileira, 1971, p. 87.

[2]        NIETZSCHE, F. O Anticrito: A Maldição contra o Cristianismo. SP: L&MP, 2012, p. 98.

[3]          ASTRUGA, M. del C. Dicionário dos Santos. SP: Santáurio, 2011.

[4]        NIETZSCHE, F. O Anticrito: A Maldição contra o Cristianismo. SP: L&MP, 2012, p. 71.

[5]          LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 177.

[6]          “Para fervor das mulheres é preciso colocar um belo santo em primeiro plano, para os homens, uma Maria”. Cf. NIETZSCHE, Friedrich. O Anticristo: A Maldição contra o Cristianismo. São Paulo: L&MP, 2012, p. 43.

[7]          LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 195.

[8]          Grande parte da bibliografia a respeito da historiografia da sexualidade e do feminismo atribui ao movimento cortês um retorno ao culto às deusas, momento em que as mulheres, pela primeira vez, voltam ao seu trono de origem. Segundo esta interpretação o flerte e as humilhações dos homens, ao declararem-se apaixonados, representam a troca de papeis vivenciados pelas mulheres. Data venia, essas afirmações são mais do que exageradas, uma vez que as cortesias se limitavam à vida em pública, consistindo num mero formalismo que com o tempo se transformou em urbanidade. Na prática, o falocentrísmo permaneceu e, com ele, a dominação masculina. O cortejo durava até a consumação da conquista. Depois de tirada de seu pai, seu antigo dono, a mulher era desposada e finalmente se tornava propriedade de seu marido, onde desempenharia seu nobre papel: procriar e cuidar da prole. Em suma, pouco mudou no tratamento entre homens e mulheres.

[9]          LINS, Regina Navarro. O livro do Amor I: Pré-história à Renascença. Rio de Janeiro: Bestseller, 2013, p. 247.

[10]        SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999, p. 96.

[11]      SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999.

[12]        BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 45.

[13]        BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 46.

[14]        BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 45.

[15]      SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999.

[16]        “A homossexualidade e a heresia tornaram-se entrelaçados muito cedo, de modo que a Igreja via os heréticos não apenas como blasfemadores, mas também como seres demoníacos em sua corrupção sexual, pecando na maneira mais flagrante e profunda. Para um religioso, ser descoberto praticando atos homossexuais não era simplesmente infringir o Levítico: tais homens estavam se comportando como um herege. Não admira que os mosteiros tenham tomado medidas desde o início para coibir esse comportamento”. Cf. SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999. p. 87.

[17]         NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 96.

[18]         “Há vultosos relatos no sentido de que, mesmo quando os meninos eram levados para padres ermitões e deixados numa caverna com um recluso pio, acabavam seduzidos pelos próprios monges, sequiosos por sexo. Existem inúmeros escritos da época que descrevem sobre os toques e as carícias que ocorriam debaixo dos cobertores, e de como os frades e monges haviam desenvolvidos artimanhas na arte sexual para não serem descobertos” Cf. SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999, p. 120.

[19]         NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 97.

[20]         SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999, p. 111.

[21]        Os séculos XII e XIII testemunharam uma série de desenvolvimentos cruciais da Igreja que conduziram à introdução de regras morais mais restritivas. Como no caso das prostitutas, a Igreja, a coroa e as comunidades urbanas tomaram medidas para lidar com o perceptível problema da homossexualidade num contexto de reforma moral e espiritual geral. A Igreja iniciou um esforço para reformar a vida do clero, declarando guerra aos pecados. Cf. RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, p. 141.

[22]      RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, p. 146.

[23]        BOSWELL, John. Christianity, Social Tolerance and Homosexuality. EUA: Chicago, 1980.

[24]        Dante Alighieri viveu em Florença, no século XIII, sobrevivente dos tempos pestilentos, foi testemunha do período medieval de maior perseguição aos homossexuais. Fortemente influenciado pelos novos pensamentos que passavam a povoar o imaginário medieval, o florentino foi inspirado a escreve um grande poema de cunho moralista. Dividido em três partes, a Divina Comédia conta como Dante, personificando a humanidade, atravessou o Inferno e o Purgatório, até chegar ao Paraíso. Acompanhado de Virgílio, que representava a razão, Dante observa os processos de castigo que os homens passariam toda a eternidade, e os tormentos para cada espécie de pecado. Em que tange o pensamento medieval a respeito da homossexualidade, é interessante notar que Dante não coloca os sodomitas no mesmo Círculo que os pecadores da Luxúria – na tradução o sodomismo no seu sentido vulgar, como sinônimo de praticante da homossexualidade. Para Dante, os praticantes do pecado homossexual ficavam no pior Círculo Infernal, junto com os piores pecadores, no Deserto da Abominação: “Prosseguindo os Poetas, encontraram um grupo de violentos contra a natureza. Perto do limite do terceiro compartimento do sétimo círculo os Poetas encontram outro bando de almas sodomitas: Eis encontramos multidão sombria; Que a margem costeava, nos olhando; Como sói caminhante, ao fim do dia; Em lugar estava já donde se ouvia um rumor, igual de abelhas ao zumbido; De água, que noutro círculo caía”. Cf. ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia. São Paulo: Atena, 2003, p. 117.

[25]         Em seu livro A Grande Mortante, John Kelly, analisa o surgimento e as consequências da pandemia da Peste Negra. Segundo o autor, foram os mongóis que descobriram inicialmente a perigosidade da doença, eles não tinham consciência exatamente da causa, mas sabiam que era o contato com um determinado tipo de rato preto e com os cadáveres que causava a doença moral – somente mais tarde se descobriu que a doença era causada pela bactéria Yersinia Pestis, transmitida pelas pulgas, por meio do Rattus Rattus, uma espécie de ratazana negra. Os mongóis usavam cadáveres em catapultas sobre o muro altos dos castelos ou soltavam os ratos nos grandes centros urbanos, na tentativa de destruir seus inimigos. Esse é o primeiro relato de arma química usado na história. Após serem picados pelas pulgas, os sintomas apareciam em uma semana: inicialmente febres altas, depois bulbos e manchas negras na pele. Por fim, o infectado morria em menos que uma quinzena. Cf. KELLY, John. A Grande Mortandade: Uma história íntima da Peste Negra, a Pandemia mais devastadora de todos os tempos. São Paulo: Bertrand Brasil, 2011.

[26]        A Peste Negra se iniciou no leste europeu no século XIV e foi progressivamente se espalhando para o oeste. Os ratos pretos asiáticos encontravam nos centros urbanos o ambiente ideal para se disseminarem. As ruas eram apertadas e havia o mau hábito das pessoas em jogarem dejetos nas ruas. Os mendigos dividiam os alimentos empilhados nas calçadas com os ratos, estes foram os primeiros a se infectarem. Os ratos também entravam facilmente nas casas e lojas, não havia nenhum modo de erradicá-los, na verdade, no início não se sabia que os ratos eram os verdadeiros causadores, visto que os medievalistas estavam acostumados a conviver com eles. Em poucos anos a peste já tinha atingido grande parte das cidades pela Europa. Famílias inteiras foram destruídas, havia tantas vítimas que não havia espaço enterrá-las, os corpos eram empilhados nas ruas e depois queimados. A epidemia durou mais de cem anos, acredita-se que o número de vítimas tenha chegado em torno dos 50 milhões, um terço da população morreu.

[27]         NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 100.

[28]        “Depois de a maioria dos judeus terem sido expulsos, os depravados sexuais – fornicadores, adúlteros, prostitutas e sodomitas – eram pessoas cuja simples existência ameaçava destruir a comunidade. A Europa Ocidental já não podia dar ao luxo de ignorar e tolerar os atos sexuais entre pessoas do mesmo sexo. A homossexualidade tinha de ser pronta e severamente castigada”. Cf. NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 123.

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[29]         NAPHY, William. Born to be gay: história da homossexualidade. Portugal: Edições 70, 2006, p. 107.

[30]        Em Gêneses: “Então o Senhor fez chover enxofre e fogo, do Senhor desde os céus, sobre Sodoma e Gomorra”.  Cf. BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 46. Já em Apocalipse: “mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos que se prostituem, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte”. BÍBLIA. Bíblia sagrada. Rio de Janeiro: Encyclopaedia Britannica, 1987, p. 46. p. 1670.

[31]         SPENCER, Colin. Homossexualidade: uma história. São Paulo: Record, 1999, p. 118.

[32]      RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, p. 150.

[33]         “O parceiro passivo era menos culpado, e assim, o parceiro ativo era punido. O parceiro passivo era geralmente mais jovem, e adolescentes com idades inferiores a quatorze anos estavam abaixo da idade legal de acusação. O parceiro ativo era considerado mais responsável e mais culpado, em parte porque preservava sua masculinidade, enquanto o parceiro passivo penalizava a si próprio, em virtude de ter feito o papel da fêmea na relação sexual. Algumas vezes, amantes masculinos afirmavam ter forçado seus parceiros, a fim de salvá-los dos rigores da lei”. Cf. RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, p. 151.

[34]        “O papa Júlio III, cujo pontificado foi de 1550 a 1555, amante dos banquetes, das festas, da caça e das apresentações teatrais, ordenou cardeal um rapaz de 17 anos, que os escritos da época definiam pudicamente como desviado. A coisa provocou protestos veementes de alguns altos prelados”. Cf. FO, John. O livro negro do cristianismo: Dois mil anos de crimes em nome de Deus. São Paulo: Ediouro, 2005, p. 143.

[35]      RANKE, Leopold von. História de los Papas. México: Fondo de Cultura Económica, 2004.

[36]         EISLER, Riane. O prazer sagrado: sexo, mito e política do corpo. Rio de Janeiro: Rocco, 1996.

[37]         “Santo Alberto Magno, que viveu de 1206 a 1280, considerava a sodomia o pior pecado contra a natureza, e a definia principalmente como a prática do sexo entre homem e homem ou entre mulher e mulher. Reclamava uma punição especial por quatro razões: originava-se num arrebatamento ardente que subvertia a ordem da natureza; o pecado se distinguia por sua imundície repugnante, e era, no entanto, mais provavelmente encontrado entre pessoas de alto nível do que de baixo nível; aqueles que se tornavam viciados nessa perversão raramente conseguiam escapar; estas perversões eram tão contagiosas quanto uma doença”. Cf. RICHARDS, Jeffrey. Sexo, desvio e danação: as minorias na Idade Média. Rio de Janeiro: Zahar, 1993, p. 145.

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Sobre o autor
Felipe Adaid

Advogado e consultor jurídico em Direito Penal e Direito Penal Empresarial no Said & Said Advogados Associados. Foi Diretor de Gerenciamento Habitacional da Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação e Primeiro Secretário do Conselho de Habitação do Município da Valinhos, SP. Mestre em Educação e Políticas Públicas pela PUC Campinas. Ingressou em primeiro lugar no mestrado e foi contemplado com a bolsa CAPES durante os dois anos de curso. Cursou disciplinas de pós-graduação na Unicamp. É especializando em Direito Penal, Processo Penal e Criminologia, pela PUC Campinas. Na graduação, tem 5 semestres de créditos no cursos de Psicologia, também pela PUC Campinas. Durante a graduação de Direito também foi bolsista de iniciação científica, CNPq, e foi monitor em diversas disciplinas, tanto no curso de Direito como no curso de Psicologia. Foi membro do grupo de pesquisa Direito à Educação do Programa de Pós-Graduação da PUC Campinas. É corretor de revistas científicas pedagógicas e jurídicas. É autor de 11 livros, sendo 3 ainda em fase de pré-lançamento, e organizador de outros 10 livros, além da autoria de 44 capítulos de livros publicados no Brasil, no Chile e em Portugal. É autor de mais de 100 publicações científicas, entre artigos científicos, resenhas e anais, nacionais e internacionais. Ademais, também escreve periodicamente ensaios e artigos para jornais e blogs. No âmbito acadêmico, suas principais bases teóricas são: Foucault, Lacan, Freud, Dewey e Nietzsche. Por fim, tem interesse sobre os seguintes temas: Direito, Direito Penal, Criminologia, Psicologia, Psicologia Forense, Psicanálise, Sexualidade, Educação e Filosofia.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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