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A educação do futuro: hora de utilizar a tecnologia a serviço da educação

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16/10/2019 às 17:08
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Na educação do século XXI, o conhecimento está fora da redoma. A tecnologia educacional remete ao emprego de recursos tecnológicos como ferramenta para aprimorar o ensino e promover o desenvolvimento sócio-educativo e o acesso à informação.

A Finlândia despontou como uma potência educacional ao romper com padrões de ensino e trazer novas formas de ensinar nas escolas, despertando a curiosidade das crianças ao associar os temas trabalhados em aula às coisas do dia a dia.

As habilidades propostas para a educação no século XXI são:

1. HABILIDADES DE VIDA E CARREIRA:

Envolve desenvolver flexibilidade e adaptação; iniciativa e auto-direcionamento; interação social e inter-cultural; produtividade; e liderança e responsabilidade.

2. HABILIDADES DE APRENDIZAGEM E INOVAÇÃO:

Envolve desenvolver pensamento crítico, resolução de problemas e entendimento; comunicação e colaboração; e criatividade e inovação.

3. HABILIDADES DE INFORMAÇÃO, MÍDIA E TECNOLOGIA

Envolve desenvolver acesso à informação; uso e gestão de informação; mídia analítica; criação de produtos de mídia; e tecnologia aplicada efetivamente.

Nenhuma dessas habilidades diz respeito a conteúdos puramente acadêmicos ou intelectuais, mas sim a junção entre o desenvolvimento das habilidades socioemocionais, intrapessoais e interpessoais. Resumidamente, as habilidades do século XXI são formadas por um conjunto de conhecimentos e práticas que envolvem as capacidades de atingir objetivos, trabalhar com outras pessoas e gerir suas emoções.    


     Automatização de escolhas

Inteligência artificial e algoritmos que permitem às máquinas realizarem tarefas até pouco tempo impensadas fazem parte da educação do futuro.

Sistemas inteligentes estão tornando as experiências cada vez mais automatizadas, com o objetivo de aumentar a eficiência e personalizar a interação. Ao mesmo passo questiona-se a privacidade, a autonomia e a liberdade de expressão.

Superpotências cívicas

A tecnologia está encurtando fronteiras e ampliando a participação de indivíduos e entidades em ações cívicas. Por meio de recursos como análise de dados e aprendizado de máquina, há a possibilidade de ocupar o lugar que seria da administração pública com o objetivo de tornar mais pessoas engajadas com causas coletivas.

Cérebros acelerados

Tecnologia e neurociência andam juntas na educação do futuro. Elas estão transformando a capacidade cognitiva dos indivíduos tanto de forma intencional quanto não intencional. Isso serve para adaptá-los às interações com robôs e sistemas digitais, com as outras pessoas e seu entorno.

Narrativas tóxicas

Narrativas e métricas que estão fazendo sucesso são cada vez mais prejudiciais em relação a comportamentos e escolhas, o que gera cada vez mais prejuízos à sociedade, aos indivíduos e às instituições de ensino.

Novas geografias

As geografias locais estão sendo reformuladas em resposta à economia de transição e volatividade climática. Padrões de produção em pequena escala, de migração e esforços para desenvolver ativos culturais estão juntos em prol dessa mudança.

À medida que esses fatores ficam mais fortes, a educação do futuro também deverá desenvolver uma série de práticas, exercícios, papéis e estruturas dentro das instituições. Entre eles, há quatro citados no estudo, os quais você vê a seguir:

APRENDIZAGEM CENTRADA NO ALUNO

Reorientar as formas de ensino e aprendizagem de forma com que promovam o desenvolvimento integral do aluno. Nesse sentido, educadores devem estimular a criatividade, o autoconhecimento e o pertencimento social.

ECOSSISTEMA DE APRENDIZAGEM

Proporcionar ambientes de realidade mista, que integre aluno, tecnologia, cultura e comunidade.

GARANTIA DE EFICIÊNCIA

A educação do futuro deve fornecer orientações a gestores de forma com que incentivem as estratégias de dados e o uso da tecnologia.

AMPLIFICAÇÃO DE VOZES

Oferecer formação aos alunos para que tenham voz e influência cívica por meio do uso responsável e ético das ferramentas digitais.


EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA JUNTAS

 A tecnologia está dominando o ambiente escolar e muitos especialistas em educação afirmam que em poucos anos o ensino será personalizado e os professores precisarão estar preparados para essa evolução. Ensinar através de livros didáticos não é mais atrativo.

O papel do professor é incentivar, estimular e refletir sobre determinado conteúdo e fazer isso de modo prático, utilizando metodologias inovadoras, resultando em melhores resultados na aprendizagem do aluno.

O futuro apresentará muitas oportunidades para os professores que continuarem estudando. Estamos vivendo em um momento em que estudar é necessário. A chegada de tanta tecnologia exige que o professor esteja preparado para ensinar. Adaptar-se às novas possibilidades de ensino é essencial, caso contrário não haverá espaço no mercado de trabalho!

A prova, no formato de perguntas e respostas, está sendo cada vez mais ineficaz no aprendizado do aluno. A tecnologia diminuirá o tempo que o professor gasta para corrigir provas e trabalhos. Assim, esse tempo poderá ser utilizado na preparação das aulas.

As redes sociais fazem parte do dia a dia dos estudantes, portanto utilizem essa ferramenta para melhorar a comunicação entre eles em sala de aula. Utilize o Facebook, o Twitter, o WhatsApp e outros aplicativos para inovar na forma de ensinar. Pedir aos alunos que escrevam um blog é uma ótima forma de praticar a escrita. Deixe um aluno por dia com a responsabilidade de atualizar a página, assim eles aprenderão também a ter compromisso com os estudos. A participação dos alunos via internet, fazendo comentários e questionamentos, ajuda na integração daqueles que possuem mais dificuldade de aprender.

A educação no futuro vai preparar os estudantes para a vida. As salas de aulas terão funções diferentes das de hoje, pois terão como objetivo a prática. A meta maior da educação será fazer com que os estudantes desenvolvam um pensamento crítico e voltado para a realidade.

A tecnologia ajudará cada vez mais no processo de aprendizado dos alunos e caberá aos professores conduzirem de forma eficiente essa mudança. Para isso, eles precisam se capacitar e estar em um constante processo de aprendizagem para conduzir os alunos da melhor maneira possível e garantir um ensino de qualidade para as futuras gerações.

Quando estamos curiosos em aprender algo isso desperta em nós a vontade do aprender, nos motiva em saber mais sobre tal assunto, nos motiva conhecer o que ainda não sabemos, nós adultos somos desse jeito e com as crianças essa curiosidade é ainda mais aguçada e, deve ser trabalhada essa curiosidade em sala de aula para despertar a vontade de aprender.

A curiosidade ela ativa o cérebro para receber aquela informação que tanto espera o que torna o aprendizado mais gratificante, podemos ver exemplos no nosso dia a dia, crianças que gostam de dinossauros costumam ler sobre eles e sabem de tudo um pouco, o aprendizado dele não foi por base em memorização, ele se interessou pelo assunto o que gerou curiosidade e saber mais sobre ele.

A curiosidade vem de um ciclo para promover a aprendizagem. É um clico motivacional para qualquer pessoa, desde sua infância até quando mais velho em seus empregos, em suas vidas!

No Brasil não faltam experiências positivas e inovadoras de como melhorar a qualidade da educação com recursos limitados. Inovações na gestão escolar no Estado do Ceará demonstraram como melhorar significativamente os resultados de aprendizagem por meio de incentivos ao desempenho. No Ceará, a distribuição da receita tributária estadual (o ICMS) é baseada no índice de qualidade da educação de cada município. O Ceará também realizou intervenções na aprendizagem dos alunos, tais como o Programa de Alfabetização na Idade Certa (PAIC) e introduziu o fornecimento aos professores de materiais de ensino e alfabetização pré-elaborados.

No Amazonas, os professores são avaliados pouco tempo após a sua contratação, e somente os melhores são mantidos. Um curso online obrigatório de duas horas e uma avaliação final é requisito para todos os professores durante seu estágio probatório. Os estados do Rio de Janeiro e Pernambuco introduziram um bônus para os professores e funcionários com base no desempenho das escolas. O Rio de Janeiro também eliminou a nomeação política de coordenadores regionais e diretores de escolas, além de introduzir uma avaliação de desempenho anual para diretores escolares e regionais, e reuniões regulares para disseminar os resultados e dar destaque às escolas com desempenho melhor. Todas essas experiências se mostraram custo efetivas, não somente melhorando o desempenho dos alunos, mas também aumentando a eficiência do gasto público em educação.

O IDEB revela o nível de aprendizado dos alunos a partir das médias de desempenho na Prova Brasil e no fluxo escolar, destacando especialmente as disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática. Os alunos do 5º ano da rede pública de ensino alcançaram o topo do ranking em Língua Portuguesa e Matemática, com 230,43 e 246,94 pontos, respectivamente. Os estudantes do 9º ano também não ficaram para trás e também ficaram na primeira posição nas duas disciplinas, com 277,57 em Português e 285,43 em Matemática.

A grande maioria de brasileiros matriculados no ensino superior estuda em universidades privadas. Em 2015, dos aproximadamente 8 milhões de estudantes universitários, apenas cerca de dois milhões estavam em universidades públicas. A pequena minoria de estudantes que frequentam universidades públicas no Brasil tende a ser de famílias mais ricas que frequentaram escolas primárias e secundárias privadas. Ainda assim, o gasto por estudante nas universidades públicas no Brasil é consideravelmente mais alto do que em outros países com PIB per capita similar.

Em média, um estudante em universidades públicas no Brasil custa de duas a três vezes mais que estudantes em universidades privadas. Entre 2013 e 2015, o custo médio anual por estudante em universidades privadas sem e com fins lucrativos foi de aproximadamente R$ 12.600 e R$ 14.850, respectivamente. Em universidades federais, a média foi de R$ 40.900. Universidades públicas estaduais custam menos do que as federais, mas ainda são muito mais caras do que as privadas, custando aproximadamente de R$ 32.200. O custo por aluno dos institutos federais, a maior parte fundada desde 2008, é de aproximadamente R$ 27.850.

Enquanto estudantes de universidades públicas tendem a apresentar melhor desempenho em exames padronizados, o valor adicionado das universidades privadas parece ser semelhante ao das universidades privadas. A pontuação média do ENADE para universidades públicas é maior do que para as privadas. No entanto, estudantes que entram nas universidades públicas tendem a já terem atingido um maior nível de aprendizado antes mesmo de iniciar os estudos.

Por isso, a métrica mais relevante para se mensurar o valor adicionado é comparar a pontuação obtida com a pontuação esperada pré-universidade. Para os cursos de ciências exatas, universidades privadas tendem a adicionar tanto valor quanto as universidades públicas. Para as matérias de humanas, universidades privadas parecem adicionar mais valor, exceto pelos Institutos Federais. Para as ciências biológicas, Institutos Federais e universidades estaduais adicionam o maior valor; e universidades federais adicionam por volta do mesmo valor por estudante do que universidades privadas sem fins lucrativos, no entanto, elas custam cerca de três vezes mais.

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As universidades privadas Brasileiras tendem a ser mais custo eficiente do que as públicas. Uma análise com metodologia DEA comparando o custo por estudante com o índice de valor adicionado do ENADE estima que universidades públicas são na média apenas 79% custo eficientes. Isto é, seria possível obter o mesmo desempenho com cerca de 20% a menos de recursos. Universidades privadas sem e com fins lucrativos apresentam eficiência média de 88% e 86%, respectivamente. Nossas estimações indicam que ao se tornarem mais eficientes, universidades e institutos federais poderiam economizar aproximadamente R$ 10.5 bilhões por ano e ainda assim adicionar o mesmo valor que adicionam atualmente. Universidades estaduais poderiam economizar cerca de R$ 2.7 bilhões por ano.

Os gastos públicos com o ensino fundamental e o ensino médio beneficiam os pobres mais que os ricos. Como os pobres dependem mais da rede de escolas públicas, os gastos públicos com o ensino fundamental I, em particular, são progressivos. Mais de 60% dos gastos com o ensino fundamental I beneficiam os 40% inferiores da distribuição de renda. Os gastos públicos com o ensino fundamental II, o ensino médio e a educação pré-escolar também são progressivos, embora um pouco menos, pois os mais pobres têm menos acesso a esses serviços. Nesse caso, os 40% mais pobres beneficiam-se de cerca de 50% dos gastos totais.

No entanto, os gastos com o ensino superior são muito regressivos. O ensino superior público recebe a maior parte do financiamento por aluno (aproximadamente US$ 5 mil em PPC). Embora as matrículas no ensino superior venham subindo rapidamente no Brasil, o acesso a esse nível de ensino permanece altamente injusto. Em 2002, nenhum estudante universitário fazia parte dos 20% mais pobres da população e somente 4% integravam o grupo dos 40% mais pobres. Em 2015, aproximadamente 15% dos estudantes do ensino superior estavam no grupo dos 40% mais pobres.

Os gastos públicos com o ensino superior beneficiam majoritariamente os estudantes das famílias mais ricas. Em particular, as universidades federais são totalmente custeadas pelo Governo Federal e não cobram pelo ensino. No entanto, somente 20% dos estudantes fazem parte dos 40% mais pobres da população, ao passo que 65% integram o grupo dos 40% mais ricos. Tal injustiça é agravada pelo fato de o acesso às universidades públicas ser regido por um exame de admissão muito concorrido. Os estudantes de famílias mais ricas têm condições financeiras para pagar professores particulares, ou frequentar os ensinos fundamentais e médios em escolas privadas, que oferecem uma melhor preparação para tais exames de admissão. Estudantes de famílias mais pobres, por outro lado, têm muito menos chances de ingressarem em universidades públicas.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma organização internacional de 35 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado, que procura fornecer uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com um elevado PIB per capita e Índice de Desenvolvimento Humano e são considerados países desenvolvidos.

Teve origem em 1948 como a Organização para a Cooperação Econômica (OECE), liderada por Robert Marjolin da França, para ajudar a gerir o Plano Marshall para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial.

Posteriormente, a sua filiação foi estendida a estados não-europeus. Em 1961, a Convenção sobre a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico reformou a OECE e deu lugar à Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

A sede da OCDE é localizada no Château de la Muette em Paris, França.

O Relatório “Education at a Glance” de 2017, da OCDE, suscita a oportunidade para uma reflexão sobre os desafios do Ensino Superior no Brasil.

O primeiro deles é entender a missão do Ensino Superior. No Brasil, ele é principalmente um instrumento de formação profissional. O modelo possivelmente foi adequado para a primeira metade do século XX, mas já não corresponde ao avanço das economias e tecnologias.

A tendência, nos países mais avançados, é dividir o Ensino Superior em duas partes. A primeira é de formação geral, onde as pessoas aprendem a pensar com profundidade. Quanto mais rigorosos, mais “generalistas” e menos aplicados, mais importantes se tornam esses cursos em uma sociedade em que não sabemos como serão os empregos do futuro. Cabe registrar que uma pequena parcela do ensino superior, em países desenvolvidos, está voltada para a formação de tecnólogos, em cursos de curta duração. Na segunda parte do Ensino Superior é que os alunos buscam uma profissionalização de nível mais alto ou se preparam para iniciar uma carreira acadêmica.

No Brasil, como as profissões são hiper-regulamentadas, os currículos ficam “amarrados”, com uma infinidade de disciplinas e cursos obrigatórios. Ou seja, privilegia-se a quantidade em detrimento da qualidade. Nesse item, estamos na contramão dos países mais avançados.

O segundo desafio é o da qualidade. Na maioria dos países desenvolvidos, cerca de 30% dos concluintes do Ensino Médio ingressam em algum curso superior, e isso tem aumentado nas últimas décadas. Em pouquíssimos países, como os Estados Unidos, esse número é superior a 50%.

Na maioria dos países europeus, o acesso ao Ensino Superior ainda é bastante restrito e seletivo, e as instituições – quase sempre só públicas – geralmente mantêm padrões bastante similares entre si.

No Brasil, temos diferentes realidades – algumas universidades e cursos são seletivos, mas a grande maioria não é. De acordo com os dados do Pisa, menos de 10% dos alunos brasileiros teriam condições de acesso a um curso superior em países europeus e muito menos de 1% teria condições de concorrer às universidades norte-americanas de elite. Os dados do ENEM também confirmam essa situação. Ou seja, o desafio da qualidade do Ensino Superior só começará a ser resolvido quando o País produzir egressos do Ensino Médio com um nível de aprendizagem adequado.

O terceiro desafio é institucional. O marco legal do Ensino Superior no Brasil é baseado na ideia de uma “Universidade de Ensino, Pesquisa e Extensão”, modelo inicialmente implementado na Alemanha no Século XIX. Nem todas as instituições de Ensino Superior realizam essas três atividades, o que cria um extraordinário custo para que se cumpra o modelo – ou se burle a legislação. O sistema de gestão das universidades públicas não oferece estímulos para que sejam eficientes. A gestão das instituições privadas é sujeita a um emaranhado regulatório de altíssimo custo e que em nada contribui para aumentar a competição, reduzir custos ou melhorar a qualidade. Temos enormes barreiras de entrada para professores estrangeiros, reduzindo a pressão sobre os nossos. E oferecemos pouquíssimos atrativos para bons alunos de graduação de outros países.

É possível economizar quase 1% do PIB por meio da melhoria da eficiência nos ensinos fundamental e médio, sem comprometer o nível atual dos serviços prestados. Há algumas opções de reforma para aumentar a eficiência nesses níveis de ensino. Permitir o aumento da razão aluno-professor nas escolas mais ineficientes para, gradualmente, chegar a níveis de eficiência por meio da não reposição dos professores que se aposentarem. Em média, a fronteira de eficiência seria atingida no ensino fundamental até 2027 se os professores aposentados não forem repostos; no ensino médio, a fronteira seria atingida até 2026. Somente esta medida economizaria até 0,33% do PIB.

Outra recomendação para os municípios que precisarem repor os professores que se aposentarem seria limitar a contratação de novos professores concursados, cuja demissão é extremamente difícil e cujos custos são significativos, uma vez que eles se aposentam cedo com vencimentos integrais. Expandir e compartilhar experiências positivas de gestão escolar que demonstraram bons resultados em vários estados e municípios do país. Alguns bons exemplos de intervenções que poderiam ser replicadas são: a nomeação dos diretores escolares com base em seu desempenho e experiência (e não por indicações políticas); o pagamento de bônus aos professores e funcionários com base no desempenho das escolas; a adaptação das políticas estaduais a necessidades locais específicas; o compartilhamento de experiências e melhores práticas; e o destaque às escolas com desempenho melhor.

O Brasil tem desafios gigantescos para acertar o seu Ensino Superior. Há ilhas de excelência aqui e ali – mas são ilhas nas quais as instituições, professores e pesquisadores pagam um preço alto para não sucumbir à mediocridade generalizada. O progresso de uma nação depende em grande parte da quantidade e da qualidade de suas elites, e isso está diretamente relacionado à qualidade do Ensino Superior. O ensino público no Brasil deve continuar gratuito e de qualidade para os alunos que não possam pagar uma questão de justiça social.

Os adultos com educação universitária também são menos propensos a sofrer de depressão do que aqueles que não chegaram ao ensino superior. Os jovens adultos estão cada vez mais dispostos a obter uma educação no Brasil que aumente suas habilidades, ao invés de entrar no mercado de trabalho diretamente após a conclusão do ensino obrigatório. Entre 2000 e 2016, o percentual de jovens de 20 a 24 anos que continuaram a estudar aumentou 10%, em comparação com uma diminuição de 9% daqueles que trabalham.

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), que foi divulgado em 3 de setembro de 2018, pelo ministério da Educação e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), mostra que o país não atingiu as metas nos anos finais do ensino fundamental e ensino médio.

Os resultados com os estudantes dos anos iniciais (1º ao 5º ano) do ensino fundamental foram os únicos em que as metas ficaram acima do planejado, atingindo 5,8. Nenhum estado atingiu a meta no ensino médio, o projetado era 4,7 e foi alcançado 3,8.

Com o intuito de fortalecer a qualidade da educação, as novas diretrizes da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) devem ser incluídas em todas as escolas do país. Mudanças no setor são assuntos sempre polêmicos e cheios de divisões. Não é universalizar o ensino, mas sim pautá-lo de acordo com cada realidade, conversar com as propostas locais, com autonomia e com a biodiversidade que ocupa cada território.

Habilidades socioemocionais como solidariedade, empatia, ética e trabalho em equipe fazem parte das novas regras da BNCC que as escolas devem trabalhar com os alunos. As competências que estão descritas são competências para a vida em sociedade, é para um bem viver.

A escola precisa também auxiliar no desenvolvimento dessas competências.

O Ideb foi criado em 2007 e é o principal indicador de qualidade da educação básica do país. O resultado é calculado a cada dois anos pela média das notas de português e matemática dos alunos no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e sobre os dados da aprovação escolar, obtidos pelo Censo Escolar.

O ano de 2018 também foi um ano em que a Educação esteve no centro de debates acalorados. Um dos temas destaque foi o programa Escola Sem Partido. Um Projeto de Lei sobre o assunto tramitou na Câmara Federal propondo fixar nas salas de aula cartazes com deveres a serem seguidos pelos professores, que incluem a proibição de discussões sobre questões relacionadas a gênero, sexualidade e política. Ele foi arquivado após 12 sessões inconclusivas.

 O programa fere princípios democráticos (na prática, desvaloriza os docentes e pode criar conflitos entre alunos e professores) e, por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) poderá decidir sobre sua constitucionalidade - no entanto, o presidente do órgão, Dias Toffoli, adiou a discussão por tempo indeterminado.

Outro tema que chamou a atenção da sociedade foi o do Ensino Domiciliar, também chamado de "Homeschooling". No julgamento do STF relacionado ao assunto, a corte rejeitou a possibilidade de os pais educarem seus filhos formalmente em casa. Sete dos ministros consideraram não ser responsabilidade do Supremo normatizar o ensino e outros dois (Luiz Fux e Ricardo Lewandowski) entenderam que a Educação domiciliar é inconstitucional. Em 2018, o STF também julgou o corte etário na Educação Infantil e Ensino Fundamental, isto é, a idade adequada em que crianças de 4 e 6 anos podem ser matriculadas na escola. Por 6 votos a 5, a corte confirmou a norma do Conselho Nacional de Educação (CNE) que só permite as matrículas de crianças com idades de 4 anos e 6 anos completos até 31 março para as respectivas etapas.

Esteve em discussão também uma revisão da Política Nacional de Educação Especial, que fala sobre a escolarização das crianças e jovens com deficiência. Embora a adequação do documento seja bem-vinda, organizações que militam pela inclusão olham com preocupação algumas das alterações propostas no relatório preliminar, que foi colocado em consulta pública em novembro. Os especialistas temem que a escolarização da população com deficiência aconteça em escolas especiais, e não em classes comuns, como prescrevem as pesquisas e boas experiências das áreas.

Exigir o direito à educação deve ser algo realizado não só pela criança ou adolescente, mais principalmente pela sua família, que assim como o Estado possui a obrigação de matricular a criança ou adolescente em uma instituição de ensino. O aluno ao adentrar o ensino da pré-escola, ensino fundamental ou ensino médio deve ter a liberdade de aprender, pesquisar, ensinar e até mesmo divulgar seus pensamentos, opiniões e dúvidas, de maneira com que o corpo docente esteja disponível para ajudá-lo superar suas dificuldades.

A busca pela formação escolar é o direito social mais importante que qualquer cidadão deve exigir do Estado, principalmente pelo fato que da educação atribuir os conhecimentos necessários previstos pela lei.

Dentro do rol dos direitos humanos fundamentais encontra-se o direito à educação, amparado por normas nacionais e internacionais. Trata-se de um direito fundamental, porque inclui um processo de desenvolvimento individual próprio à condição humana. Além dessa perspectiva individual, este direito deve ser visto, sobretudo, de forma coletiva, como um direito a uma política educacional, a ações afirmativas do Estado que ofereçam à sociedade instrumentos para alcançar seus fins.

O Poder Público, como um dos responsáveis pelo fomento à educação, deve promover ações não só no âmbito de elaboração de políticas públicas (executivo), no âmbito de elaboração de leis (legislativo), mas também exercendo o papel de protetor e fiscalizador desse direito (judiciário).

As diversas instituições do poder público cumprem papéis importantes na garantia dos direitos dos cidadãos. Num país marcado por desigualdades como o Brasil, onde a distribuição de direitos espelha essa desigualdade, garantir o direito à educação é, sem dúvida, uma prioridade e um passo fundamental na consolidação da cidadania. A educação é uma competência comum a todos os entes federados que formam o Estado brasileiro. É um direito público subjetivo de todos.

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Sobre o autor
Benigno Núñez Novo

Pós-doutor em direitos humanos, sociais e difusos pela Universidad de Salamanca, Espanha, doutor em direito internacional pela Universidad Autónoma de Asunción, com o título de doutorado reconhecido pela Universidade de Marília (SP), mestre em ciências da educação pela Universidad Autónoma de Asunción, especialista em educação: área de concentração: ensino pela Faculdade Piauiense, especialista em direitos humanos pelo EDUCAMUNDO, especialista em tutoria em educação a distância pelo EDUCAMUNDO, especialista em auditoria governamental pelo EDUCAMUNDO e bacharel em direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor de gabinete de conselheiro no Tribunal de Contas do Estado do Piauí.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

NOVO, Benigno Núñez. A educação do futuro: hora de utilizar a tecnologia a serviço da educação. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 24, n. 5950, 16 out. 2019. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/77158. Acesso em: 25 abr. 2024.

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