Capa da publicação Relacionamento abusivo: como reconhecer e como escapar
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Como reconhecer um relacionamento abusivo e o que você precisa fazer para escapar dessa situação

26/03/2021 às 10:51
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Nesse artigo, exponho sinais típicos de violência doméstica conjugal e o que você, mulher, pode e deve fazer quando perceber que passa por esse tipo de situação.

Minha cara senhora, seja você jovem, de meia idade ou mesmo idosa. Você sendo mulher, já é capaz de prever o que eu venho dizer no decorrer desse texto.

É difícil ser mulher. Eu nunca vou saber como realmente é. Mas minha experiência, minha atuação há anos defendendo os direitos de pessoas, de mulheres que sofrem os piores abusos inimagináveis, me fazem ter uma certa noção do que mulheres como você passam.

Eu posso não viver na pele o que você vive. Mas eu entendo. Eu não só entendo, como me compadeço e sinto muito pelas situações de abuso e violência que você sofre.

Talvez você já tenha sofrido violência física por parte do seu companheiro. Talvez tenha levado um soco na cara, um tapa, um apertão de braço, um chuto um safanão, um empurrão contra a parede. Talvez já tenha caído e se machucado feio. Talvez já tenha quebrado um dente ou o nariz.

Provavelmente, já teve uma marca roxa em algum lugar do corpo, que você maquiou ou escondeu embaixo das roupas.

Mas as marcas psicológicas são mais difíceis de se esconder. A tristeza, a decepção, o rancor, o medo, o pavor... todos esses sentimentos permanecem. E marcam fundo dentro do seu ser. Machucados físicos passam; curam e você até esquece que algum dia eles estiveram lá. Mas as feridas da alma... ah, essas perduram.

É muito comum na minha atuação me deparar com mulheres vítimas de violência doméstica. Mulheres fortes, honestas, humildes ou de boa situação financeira, que suportam dores enormes, em nome do que acreditam ser normal; acreditam que apenas faz parte da relação.

Eu atendo diariamente mulheres que foram espancadas, humilhadas, traídas, xingadas, presas, controladas e outra infinidades de violências por parte de seus parceiros. Muitas, por desconhecimento da Lei, ou por mero costume, acham isso tudo normal.

Mas saiba, e eu tenho certeza que você já ouviu isso antes, que amor de verdade não agride, não machuca. Quem ama não bate, não humilha, não persegue nem aterroriza. Se você alguma vez se vê duvidando do amor do seu companheiro, porque ele lhe agrediu ou lhe xinga constantemente, saiba que você não está “viajando”. Isso não é correto. Isso não é amor. É posse e perversão.

Talvez você ame. Talvez você ame tão fortemente que não consiga enxergar todo o mal que está passando. Isso é um erro grave!

Ninguém pode amar pelo outro. Amor de verdade é o amor que cuida. E cuidado não é só pagar as contas da casa, muito menos comprar presentes quando as coisas vão mal.

Amor de verdade envolve carinho, apreço, ternura e, principalmente, respeito.

Se o seu companheiro lhe bate, lhe xinga, lhe trai, lhe ameaça, isso não é amor. Não importa se depois que as coisas se acalmam ele chora, ele pede perdão ele promete que nunca mais vai repetir aqueles atos. Não importa se, depois de te espancar e humilhar, ele te leva para jantar e te compra um perfume. Ele vai fazer de novo...

Ah, mas vai!

O homem que bate uma vez tem mais de 90% de chance de bater de novo. Talvez faça parte da natureza dele. Talvez ele tenha crescido em um ambiente em que ele via a mãe apanhando. Talvez ele nunca tenha aprendido a enxergar uma mulher como igual; como um ser humano detentor de direitos e sentimentos. Não importa.

Aprenda: não é sua responsabilidade ensinar o seu companheiro a te tratar bem. Ele deveria saber isso de antemão. Você merece todo o respeito e dignidade e nada pode te tirar isso. Nem um homem. Nem se ele paga as contas da casa.

Eu quero que você saiba: é ok ter amigos e amigas. É ok vê-los de vez em quando, na frequência que você desejar. É ok ter opiniões diferentes das do seu companheiro e expressá-las. É ok errar a mão no sal e é ok não querer cozinhar de vez em quando.

O que não é ok é você ficar encarregada de todas as tarefas domésticas, sem ter qualquer ajuda da parte dele. Na verdade, nem o conceito de ajuda é ok. Ele deve dividir as tarefas de casa com você. Você não é empregada; não deve trabalho a ele. Tudo deve ser dividido igualmente, do sustento à criação dos filhos e às tarefas. Não vivemos mais em 1800.

Relacionamentos não são fáceis. Relacionamentos abusivos, pior ainda. Eu devo saber, já estive do lado dos abusados mais de uma vez. Claro, não posso achar que sei o que uma mulher como você já passou. Comigo foi diferente. Os abusos não foram físicos. Não apanhei, não fiquei com olho roxo, não tive que mentir para os meus parentes que estava tudo bem.

Mas sofri. E sofri em silencio, como você.

Hoje, posso dizer que aprendi muito com os relacionamentos abusivos que tive. Se eu mudaria algo? Claro que sim! Preferiria não ter que passar por tudo o que passei!

Mas não posso mudar nada disso. Tudo o que posso fazer é usar a minha experiência de exemplo para tentar ajudar mulheres como você.

Se você chegou até aqui, não pare de ler. Pode ser duro, pode te despertar sentimentos ruins, como vergonha e culpa. Não se deixe levar. Me dê mais alguns minutos da sua atenção, pois isso pode salvar a sua vida.

Você, mulher, não importa a idade, precisa se empoderar.

Você precisa tomar as rédeas da situação e definir o que é bom para você e o que não é.

Ninguém realmente se importa se você é separada, divorciada ou mãe solteira. E, os poucos que se importarem não são bons para você.

Chega! Chega de violência, chega de humilhações, chega de agressão!

Você é maior que isso!

Se você vive um relacionamento abusivo, se já foi agredida, se já foi humilhada individualmente ou na frente dos outros, dê um basta! Não aceite mais.

Já disse antes: quem bate uma, bate mais vezes. E se você aceitou, se você deixou passar, se “compreendeu”, se enxergou como um surto um episódio isolado, pode ter certeza: você está correndo risco de vida!

Nós, seres humanos, e aqui independe de sexo ou gênero, somos acostumados a nos acostumar.

"Mas o que isso quer dizer, doutor?"

Quer dizer que se o seu companheiro te bate, te xinga, te trai, te humilha, uma vez que seja, e você não se impõe, não denuncia, se você aceita, pode ter certeza que ele vai fazer de novo. É certo isso.

Ele vai aprender que é ok te bater. Ele vai aprender que se fizer uma vez e se desculpar depois, você não vai fazer nada. Se der um presente, você esquece. Se chorar, você vai consola-lo.

Isso, sem contar com a verdadeira tortura psicológica.

“Eu nunca fiz isso antes”. “Minha ex era diferente”. “A culpa foi sua. Se você não tivesse feito aquilo, eu não teria explodido”. “Você me tira do sério”. “Você me faz ser assim”.

Nada disso é verdade. Nada disso é ok.

Se um homem perde a paciência e te bate, isso fala sobre ele, mas nunca sobre você.

Nenhuma agressão é justificável. Você não é a culpada!

O culpado é ele! Ele que não sabe se comportar. Ele que não sabe se controlar. Ele que acha que você é posso, é propriedade dele. A escolha é dele. O erro é dele. E você não pode se culpar por nada que ele faça.

Eu sei, eu reconheço, é difícil! É difícil, quando se ama, aceitar que o outro faz mal para nós. Pensamos que a culpa é nossa, que podíamos fazer mais, fazer melhor, nos portar melhor. Às vezes é mais fácil acreditar que somos nós os errados. Mas não é verdade.

O seu amor não é o bastante para sustentar a relação. É preciso reciprocidade. É preciso respeito. É preciso igualdade. É preciso ser amada também.

E, novamente, não é porque ele paga as contas da casa, não é porque ele trabalha para sustentar você e os seus filhos, que ele pode abusar de você, te agredir. Jamais!

Você não precisa aceitar nada disso. Você é maior. Você é melhor! Você merece alguém que te ama de verdade e que te trata bem. Você só precisa aceitar isso tudo o que eu estou te falando e tomar as atitudes necessárias para se livrar do mal que ele te faz.

“Mas doutor, eu dependo dele! Sou dona de casa, não estudei, não tenho emprego, só cuido da casa e dos filhos. Minha vida gira toda em torno da família!”.

Pois bem, tem coisas que eu não posso resolver por você.

Eu não posso te dar estudo, eu não posso te garantir um emprego, nem o sustento dos seus filhos.

Mas eu posso te aconselhar.

Nada disso que você passa é necessário. Sempre tem um jeito!

Você pode (e deve!) pedir ajudar. Peça ajuda para os seus pais, seus irmãos, tios, primos, amigos... a quem você puder confiar. Conte, mas conte tudo! Conte dos abusos que você passa, conte das violências, do controle, de todas as situações que te diminuem como mulher ou como ser humano.

E peça ajuda.

Peça ajuda, não tenha vergonha!

Quando você revelar tudo o que passa e, às vezes, demonstrar, pode ter certeza que alguém vai te ajudar. Seja um familiar, um amigo ou vizinho, alguém vai te ajudar.

E confie nas pessoas que podem te ajudar. Abra seu coração, busque o apoio e esteja disposta a ser ajudada. Isso é muito importante!

Porque nem eu, nem seus pais, nem ninguém pode te ajudar com efetividade se você não estiver disposta; se você não quiser ser ajudada.

Quer se livrar do relacionamento abusivo? Você precisa ir fundo e não cair nas armadilhas!

Não pode simplesmente perdoar porque ele prometeu não te bater mais. Não pode esquecer (ou fingir esquecer) porque ele te comprou presentes. Não pode deixar para lá porque ele disser que vai se matar sem você por perto.

Não, ele não vai. É mais provável que ele vá te matar se você continuar com ele!

Desculpar ser tão direto e frio, mas é a realidade.

Diariamente eu atendo mulheres exatamente como você, que passam por coisas semelhantes. Mulheres que apanham, que são humilhadas, xingadas, controladas em todos os aspectos de suas vidas.

Algumas eu consigo ajudar a tempo. Outras, não.

Grande parte delas perdoa. Grande parte continua ou volta para as garras do homem que tanto lhes fizeram mal. Umas entendem, se tocam, e buscam a liberdade. Outras não têm tanta sorte.

Me dói muito te revelar uma verdade: eu já tive uma cliente que passou por tudo o que você passou e mais!

Ela saiu da casa dos pais para viver com o namorado, que logo virou marido. Ele prometeu mundos e fundos. Ela não precisaria estudar, não precisaria trabalhar. Ele bancaria e cuidaria de tudo.

Com três anos de relacionamento e dois filhos nascidos, ele “se tornou outra pessoa”.

Coloquei essa última parte entre aspas, porque sei que ele não “se tornou”; ele sempre foi essa pessoa.

Ele começou a beber muito, diariamente. Começou a ter amantes e passar noites fora de casa com elas. E a minha cliente aceitava, pois acreditava que “era coisa de homem” e que não tinha outra opção. Afinal, havia casado com ele e dependia dele para tudo.

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Logo, ele a agrediu a primeira vez. Um apertão no braço e um empurrão contra a parede.

Era uma discussão; ele estava bêbado e ela não havia passado a roupa dele ir trabalhar. Ela aceitou e se calou. Ele fingiu que nada aconteceu.

Uma semana depois, veio o primeiro murro. Minha cliente respondeu o marido de uma forma que ele não gostou. E o olho dela ficou roxo.

Dessa vez ele sentiu. Pediu perdão, culpou a bebida e ela também, por passar dos limites.

Disse que ele tinha um problema de temperamento e que as coisas no serviço estavam muito complicadas. Ele reconhecia que não deveria ter batido, mas ela tinha que saber que não podia falar daquele jeito com ele. Ele era o homem da casa e merecia “respeito!”.

No dia seguinte, ele levou a minha cliente em uma loja de departamento e mandou ela escolher o que ela quisesse. Panelas, utensílios de cozinha, roupas de cama...o que a fizesse feliz. Depois de escolhidos os “presentes”, ele pediu desculpas novamente e implorou para que ela não contasse para ninguém. Disse que aquilo era muito íntimo, pessoal da relação deles e ninguém precisaria saber, porque não é da conta de ninguém.

Não preciso nem dizer que ela caiu nessa.

Menos de dois meses depois, veio a segunda agressão. Dessa vez na frente dos filhos. Ele só parou quando ela estava deitada, gritando e chorando no chão, por não mais aguentar tanta violência. Os filhos choravam no canto da sala, sem entender nada.

Em um pequeno surto de consciência, minha cliente compreendeu que aquilo era demais; que não merecia nada do que estava acontecendo. Gritou que iria embora com os filhos para a casa dos pais.

Mais uma vez, ele implorou por perdão e prometeu mudar. Disse que não ia mais beber tão frequentemente e que ia ajudar mais em casa. Prometeu nunca mais bater ou sequer levantar a mão para ela. Disse que a amava muito e que aquele era o jeito de ele demonstrar, mas que estava arrependido e iria trata-la como ela merecia.

Ela nunca o tinha visto tão triste, tão choroso, tão arrependido. E caiu novamente.

Nem duas semanas se passaram e ele a agrediu novamente. Dessa vez por conta de uma festa que eles foram e ela ficou conversando com um outro homem, casado diga-se de passagem.

Ao chegarem em casa, iniciou-se o espancamento. Dessa vez ela acordou horas com muita dor na lateral do corpo; mal conseguia respirar direito. E ele dizendo que era culpa dela, porque “mulher direita não dá papo para outros homens”.

A dor era tamanha que ele teve que ir ao hospital. Resultado: duas costelas quebradas.

Aquilo foi demais para ela. A dor, a humilhação, a vergonha de ver na cara das enfermeiras e da médica que a atendeu, que elas todas sabiam que ela havia sido vítima de uma violência doméstica, enquanto o marido dizia para todos que quisessem ouvir na recepção que ela era muito destrambelhada e havia caído da escada... tudo isso foi demais para ela.

Então, ela fez um escândalo que acordou toda a vizinhança. Vários vizinhos acompanharam a briga, o destempero, o surto da mulher que arrumou todas as coisas dela, pegou os filhos e foi embora. Enquanto ela esperava o uber na porta de casa, o marido dizia em alto e bom tom que ela era louca e nunca iria encontrar outro homem que nem ele, muito menos que quisesse criar os filhos dela e que ele podia esquecer qualquer ajuda, pensão ou direito, que ele não ia dar nada para ela.

E muitos vizinhos concordaram. Muitos disseram que sempre souberam que ela era maluca, descontrolada, mal acostumada e que não tinha gratidão pelo marido.

E foi aí que ela virou minha cliente.

Depois de tirar alguns dias na casa dos pais para se acalmar, pensar melhor e decidir o que fazer, ela me encontrou.

Eu lembro como se fosse ontem.

Tímida, insegura, queria saber se os filhos tinham direito à pensão e a conviver com o pai.

Nem tinha sequer pretensões de buscar na justiça a parte da casa e do carro que haviam comprado. Ela nem pensava nisso. Achava que não tinha direito.

Durante o atendimento, a tranquilizei. Tirei muitas dúvidas, expliquei todas as questões relativas ao caso dela. A informei que deveríamos fazer o divórcio e que tanto os filhos tinham direito à pensão alimentícia, como ela teria direito, no mínimo, a metade dos bens.

Disse, ainda, que tentaria uma pensão para ela, ainda mais porque o seu caso envolvia violência doméstica e há previsão legal para isso.

Sabe qual era a maior preocupação dela?

“Doutor, mas se a gente entrar com o processo ele não vai ser preso não, né? Não quero que meus filhos cresçam com um pai presidiário”.

Sim, o que ela mais se preocupava não era pensão, casa ou carro. Era no bem estar dele e no impacto que uma possível pensão iria causar nos filhos.

Pois bem, explicadas todas as nuances do caso, assinamos contrato e fiquei no aguardo da documentação necessária para dar entrada no processo.

Uma semana se passou. Duas. Três.

Liguei para minha cliente para questionar sobre os documentos e o porquê de ela ainda não ter me enviado.

Ela me respondeu que havia entrado em contato com o ex-companheiro para acertar algumas coisas e, quem sabe, facilitar o processo de divórcio.

Disse que conversaram bastante e que ele parecia muito mudado. Que haviam se encontrado e que ela podia ver que ele tinha aprendido a lição; que era um novo homem.

Por fim, me disse que tinha voltado para casa e que ia dar mais uma chance para ele. Que era o melhor para fazer, principalmente em relação aos filhos, que sentiam muita falta do pai.

Me agradeceu por toda a ajuda e disse que se voltasse a acontecer me procuraria novamente para darmos continuidade ao processo. Mas acreditava que, dessa vez, ia dar tudo certo.

Você que está me lendo agora... eu queria muito te dizer que ficou tudo bem. Queria muito dizer que o companheiro da minha cliente realmente mudou, que teve uma iluminação divina, que entendeu que tudo o que ele fazia era errado e que passou a trata-la como uma rainha.

Mas eu estaria mentindo para você.

Ah, como eu gostaria que essa história sombria tivesse um final feliz.

Mas eu preciso ser sincero e honesto com você.

Porque, muitas vezes, finais felizes só existem em novela e nos filmes da Netflix.

A realidade é que a irmã da minha cliente entrou em contato comigo poucos meses depois para dar a pior notícia que eu poderia esperar. Minha cliente havia sido assassinada.

Morta pelo marido, controlador, louco de ciúmes, alcoólatra, não importa!

Um homem que achava que aquela mulher era sua posse.

Um homem que a xingou, humilhou, ameaçou, agrediu e, finalmente, a matou.

Porque ele achou que podia. Ele achava que ela era dele.

Ele nunca a amou. Quem ama, não mata.

E a pobre da minha cliente se foi. Espancada, esfaqueada até a morte. Até hoje seus familiares não sabem o que motivou o assassinato. E importa? Ela se foi.

Mas eu sei.

Eu sei que foi um monstro que vinha sugando a vida dela, pouco a pouco, até precisar tirar essa vida de uma vez por todas.

Humilhação.

Agressão.

Morte.

Hoje, seus filhos crescem sem mãe e sem pai, que está preso.

Porém, não vai ficar preso muito tempo. Infelizmente, nosso sistema prisional vai permitir que ele saia muito antes de que possamos esquecer do mal que ele fez.

E minha cliente... mulher, honesta, esforçada, dedicada, cheia de sonhos... se foi.

Por isso eu digo para você, minha senhora, seja da idade que for: você não precisa aceitar um relacionamento abusivo. Você não merece isso!

Xingamentos, humilhações, agressões, traições... nada disso é normal e nem faz parte do relacionamento.

Se você vivencia ou já vivenciou isso com seu atual companheiro, por favor, não faça como minha ex-cliente. Não vire estatística.

Procure a delegacia da mulher mais próxima da sua casa e, se não tiver uma na sua cidade, serve uma delegacia normal. Preste queixa, faça um boletim de ocorrência, relate tudo!

Peça todas as medidas protetivas relevantes para o seu caso. Afastamento do lar conjugal, impedimento de frequentar os mesmos ambientes, ordem de restrição, o que for.

Se na delegacia te perguntarem se você tem certeza, se tentarem te convencer a não pedir ou a não levar a denúncia para frente, insista! As medidas protetivas são todas seu direito e estão previstas da Lei Maria da Penha.

E, o mais importante, não volte para ele!

Não se deixe levar, não se deixe enganar.

Ele não te ama. Ele não quer o seu bem. Ele quer te controlar e te usar até encontrar alguém melhor para te substituir. Isso não é amor.

Por fim, depois de prestar queixa e pedir todo o amparo da polícia, procure um advogado.

Mas tem que ser um advogado especialista em Direito de Família e Violência Doméstica. Um advogado que seja realmente experiente em atender mulheres que passam por esse tipo de situação. Que saiba como lutar para proteger a sua vida e os seus direitos.

Alguém que possa te orientar e te auxiliar em como buscar e garantir os seus direitos e os dos seus filhos perante a justiça. Vocês têm direitos e só um advogado especialista vai ser capaz de te proporcionar as melhores chances de não sair mais prejudicada nessa situação.

Se você estiver vivendo ou conhecer alguém passando por uma situação dessas, ou apenas estiver curiosa em saber mais sobre o assunto, me ponho à disposição para te atender e te auxiliar no que for preciso.

Meus contatos e redes sociais estão logo aqui embaixo.

Não se esqueça: você merece o melhor. E tem muita gente aqui disposta a te ajudar.

Se cuida e fique bem!

Um grande abraço!

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Sobre o autor
Luiz Filipe Lago de Carvalho

Advogado Especialista em Direito de Família. Mestre e Doutorando pela Universidade de Brasília. Professor.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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