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Jornalismo educativo para o século XXI e próximos séculos.

Um dever diante do barbarismo cotidinano

Jornalismo educativo para o século XXI e próximos séculos. Um dever diante do barbarismo cotidinano

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Infelizmente, no Brasil, o jornalismo não tem se mostrado educativo, mas apenas divulgador de acontecimentos em dado momento do conturbado viver do ser humano. Em certos momentos, o jornalismo apenas tem sido sensacionalista.

Infelizmente, no Brasil, o jornalismo não tem se mostrado educativo, mas apenas divulgador de acontecimentos em dado momento do conturbado viver do ser humano. Em certos momentos, o jornalismo apenas tem sido sensacionalista, pois as empresas de comunicações precisão de audiência e, consequentemente, dinheiro para pagar os jornalistas, as equipes técnicas etc.

Não há, abrangentemente, no Brasil, se verificarmos audiência versus jornalismo educação, um horário para o jornalismo educativo. Estou falando de jornalismo educativo em TVs abertas, e não por assinatura. O que vem acontecendo é o jornalismo informativo de atrocidades nas metrópoles brasileiras seguido de comentários calorosos aos problemas, os quais são seculares: segurança pública, educação, corrupção, abuso de autoridade, tráfico.

Se por um lado não há o jornalismo educativo nos horários de maior audiência – 12 h, 18h e 21h; horários os quais são propícios principalmente aos jovens, já que correspondem as saídas dos estabelecimentos de ensino, e aos adultos, principalmente, em horário de almoço – se há entretenimentos diversos e jornalismo informativo [divulgador de acontecimentos].

Jornalismo deveria explicitar os problemas, através de especialistas, principalmente na área de Ciências Humanas, para abordar as questões atuais sem omitir os acontecimentos pretéritos. Ou seja, como era em determinado passado e o que mudou de lá para cá, sempre com foco nos direitos humanos.

A televisão tem se mostrado como um mero passatempo, assuntos centralizados tanto políticos como religiosos. Entretanto, defendendo seus pontos de vista com base, unicamente, em seus interesses. Ora, deveriam mostrar a evolução “antes e depois”, diante das mudanças, principalmente referentes à força normativa dos direitos humanos. Mesclar os direitos humanos com os dogmas religiosos é um meio de mostrar as mudanças frente aos novos padrões de comportamento gerados pelas rupturas sociais aos antigos parâmetros doutrinários religiosos. Disso se extrairia que até a religião também muda. Assim como o próprio ordenamento jurídico brasileiro deveria ser evidenciado “antes e depois”, ou seja, as mudanças nas legislações diante de novas concepções sociais frente aos direitos humanos.

Desde a aurora humana, o ser humano tenta se adaptar ao meio em que vive. Toda as crendices, liturgias, credos, dogmas, tabus e superstições foram criados unicamente pelo pensar do que seja a vida, a existência de tudo e do próprio ser humano. Sair da mesmice, e perscrutar a história humana – seu desenvolvimento – é um meio salutar, elucidador para as gerações presentes. As lacunas informativas não fornecem as devidas elucidações sobre “antes e depois” da história humana. Eis o grande problema no jornalismo nas TVs abertas.

Apesar do crescente uso de TV por assinatura, a maioria dos brasileiros assistem, em determinados horários, às programações da TV aberta, principalmente no horário de almoço. Qual o local para se almoçar que não possui TV? Vê-se em restaurantes, bares. Logo, é um ótimo horário para o jornalismo educativo. E qual seriam os moldes deste jornalismo educativo, se o tempo de apresentação é rápido? Sempre há possibilidade. Por exemplo, sobre a redução da maioridade penal tão exigida frente aos problemas de Segurança Pública. Poderia demonstrar o porquê de o Brasil ter aumentado a idade de 12 para 18 para proteger as crianças e os adolescentes, considerados, contemporaneamente, como inimputáveis.

Nos finais de semana, apenas entretenimento. Sábado e domingo, as TVs abertas, principalmente aos domingos, em suas grades, entretêm os telespectadores. Filmes, jogos, competições. Se as TVs abertas criassem programas de auditórios com temas sobre Direito, com certeza teriam audiências significativas.

Por exemplo, na TVE [TVE Brasil] tinha programa sobre Direitos dos consumidores cujo nome era Pensando em Você. Era transmitido ao vivo, das 18h às 19h, diretamente do Pátio da TVE, no Centro do Rio, pelo apresentador José Carlos Cataldi. No pátio da emissora, cidadãos à procura de socorro diante de arbitrariedades, também comuns, contemporaneamente, dos fornecedores. O programa contava com operadores de Direito, os quais respondiam, ao vivo, às dúvidas dos consulentes.[1] Outro apresentador que se destacou-se na TV foi Celso Ubirajara Russomanno, atual Deputado Federal do PRB [Partido Republicano Brasileiro]. Sua trajetória de jornalista em defesa do consumidor começou pelo programa Aqui Agora, na TV Record.

Ambos os programas tinham índices consideráveis de audiência, o que demonstrou a necessidade de conhecimento por parte dos telespectadores. As TVs abertas poderiam criar programas, principalmente aos domingos, não muito cedo e não muito tarde, sobre Direito. Diante dos últimos acontecimentos nacionais, como as manifestações de junho de 2013, seriam oportunos comentário e elucidações sobre Direito Constitucional e Administrativo. Estes dois Direitos, interligados, serão de máxima importância ao desenvolvimento e consolidação da Democracia brasileira. Num país [Brasil] cujas as ações e omissões de agentes públicos são a mais indecorosas possíveis, assim como os prestadores de serviços públicos, como concessionárias e permissionárias, o cidadão informado saberá como exigir suas garantias Constitucionais e, consequentemente, defender seus direitos humanos.


Educação. A quem interessa educar, e como educar?

Em muitas fases da existência humana, a educação serviu para controle, condicionamento, limitação do saber. Na primeira pergunta além do “óbvio” e “sensato”, a resposta era “maluco”, “infantil”, “sonhador”. Os mortais “deuses”, então, criaram convenções educacionais para evitar que os malucos contaminassem a sociedade com seus devaneios. E pensar que, na antiguidade, os malucos, os doidos eram porta-vozes dos deuses.

Abaixo explanarei sobre alguns assuntos que merecem destaques diante de nossa cultura retrógrada e até neurótica, por conceitos limitadores ao universo do conhecimento e discernimento próprio. O mal-estar da sociedade se deve, justamente, às concepções teóricas limitadoras da inteligência, da sexualidade, do discernimento próprio – através de concepções teóricas incutidas pelo medo de parecer “anormal”; em poucas palavras, a liberdade de pensamento e expressão existia em defesa dos padrões comportamentais considerados, sociopoliticamente, “normais”.

Abaixo, sintetizarei alguns temas que estão em voga na sociedade brasileira; porém, pelo olhar universalista das Ciências Humanas, e não pelo olhar cético.

Casamento

O casamento, por muitas culturas, sempre foi considerado uma concepção teórica importante para a humanidade. Seja pelo seu simbolismo de união e perpetuação do grupo, seja pela unicidade de vontades, dos pais, em educar o novo ser humano para viver e se desenvolver no grupo social inserido. Também serve como contrato entre dois seres humanos que assumem compromissos recíprocos para cuidar um do outro, dividir tarefas. Da coexistência pacífica, ambos conseguem sobreviver diante dos acontecimentos de ordem natural da vida. O sentimento amor apresenta conteúdos psicológicos de ambos. Em muitos casos, um amor de complemento do que falta em cada um, sendo este complemento, muitas vezes, apenas uma limitação na percepção própria do que “falta” em si mesmo, na verdade, está dentro do próprio ser, mas que não tem coragem, ou meios para materializar os desejos.

O instinto sexual é uma força poderosa que leva, em primeiro momento, à vontade do contato entre duas pessoas. Por séculos, o instinto sexual fora reprimido pela religião católica. O casamento, então, era o sagrado, a ligação entre o Superior – evitarei de usar a palavra Deus, por que há várias religiões com vários deuses e nomes diferentes para Deus – e o ser humano. O sexo antes do matrimônio constituía um pecado. Em primeiro momento, o casamento servia para que não houvesse separação do casal. A prole deveria ser protegida, e a união dos pais era a certeza de melhores condições de sobrevivência da prole.

Além disso, um casal com as mesmas concepções teóricas [religiosas, culturais] proporcionaria a existência das concepções teóricas do grupo. Sem a fidelidade irrestrita, as concepções teóricas do grupo se diluiriam com o tempo. Por isso, a existência de leis que proibiam divórcios, casamento com pessoas de outros grupos sociais. Havia, também, a mentalidade da preservação da pureza genética do grupo. Casamento com pessoas de outros grupos poderiam acarretar futuros problemas, como doenças etc. A eugenia já era praticada por tribos, as primeiras civilizações humanas, como a de Esparta e, depois, por concepções científicas, como o darwinismo social e eugenia.

O casamento também serviu para posse de terras, interesses políticos entre tribos e civilizações, mesmo que fosse entre tribos e civilizações inimigas. A moral do casamento era forma de controle sobre os desejos momentâneos de qualquer ser humano; os rituais religiosos mantêm a união impedindo, assim, o divórcio. O senso de pecado mortal manteve casamentos, mesmo que eles já estivessem falidos. Ou seja, à luz da sociedade, era um casal, mas, nos bastidores dos lares, um inferno. O divórcio, na atual contemporaneidade humana, não se mostrou um decisivo impeditivo para futuras uniões, contrariando a ideia que, ao se divorciar, a pessoa não mais se interessaria em constituir outro relacionamento amoroso [casamento]. Divórcio, uma invenção da Igreja Católica a qual teria mais terras, caso algum Rei não tivesse um filho gerado pela esposa. Não é à toa que a Igreja fora um dos maiores latifundiários da história humana na Idade Média.

Se, na ancestralidade humana, o casamento era uma necessidade para a perpetuação da nossa espécie, e até sobrevivência de cada ser humano, contemporaneamente não é mais uma obrigação natural. Desde a Revolução Industrial, cada vez mais há igualdade de oportunidade [sobrevivência] entre homens e mulheres. Ambos podem sobreviver sem a necessidade de um parceiro ou parceira. Basta trabalhar, ter rendimentos capazes de suprir as próprias necessidades básicas do dia a dia. Se antes havia necessidade de o homem ter uma mulher para confeccionar roupa, preparar alimentos, não é mais necessário a figura da mulher, pois existem fábricas de roupa, indústrias alimentícias. E assim também serve para as mulheres, pois a presença masculina para proteger ela e a prole não é imperiosa, como era antes da Revolução Industrial e da igualdade contemporânea entre ambos.

A modernidade tecnológica, as liberdades e os direitos fundamentais desconstituíram a necessidade de casamento, relacionamento para a sobrevivência. O que há neste século é a liberdade de opção, o gostar muito antes de se pensar na sobrevivência material, na proteção da prole e até na geração de um novo ser vivo [inseminação artificial].

Antes da imposição religiosa de casamento monogâmico, a poliandria e a poligamia eram comuns. A poligamia servia como meio de equilíbrio em certas situações de cada grupo humano. Desde divisões de tarefas, para não sobrecarregar de trabalho, até pela desigualdade numérica entre homens e mulheres – mais homem do que mulheres e vice-versa, guerras etc.

Família

O convívio familiar [pais, avós, tias, sobrinhos etc.], em única residência, era de imperiosa necessidade ao grupo humano. A proximidade dos filhos com os pais era uma necessidade para os filhos e os pais. Os pais, quando idosos, precisavam de maiores cuidados indispensáveis por parte dos filhos, já aos filhos, quando ainda estavam iniciando a vida, a proximidade aos pais garantiria segurança em casos de necessidade. Por exemplo, na Índia, os pais residirem com os filhos. Pela cultura, mesmo diante de algumas mudanças, alguns pais preferem morar em albergues para idosos, mas é dever dos filhos cuidar dos pais quando estes estão idosos. Muito diferente do Brasil, onde idosos são jogados, literalmente, em asilos, e esquecidos nas sarjetas. Em outros casos, são trancafiados nos próprios lares e espoliados pelos filhos, parentes.

Na esteira do extermínio aos idosos, o próprio Estado brasileiro chancela o barbarismo, e a até a eugenia, aos idosos. O fator previdenciário e a agonia e morte de idosos, pelo Sistema de Saúde [Municipal, Estatual e Federal], consagram o “nazismo” brasileiro aos idosos.

Em alguns casos, os nubentes moravam junto com os pais, seja da noiva ou do noivo. Os motivos vão desde o que fora citado até a falta de condições materiais para os nubentes comprarem alguma residência. Contudo, esta preocupação de separação dos respectivos pais não era uma necessidade de autoafirmação de personalidade, tão comum no mundo contemporâneo, e no Brasil. Freud constatou que os grandes problemas de personalidade dos filhos se devem aos conflitos emotivos com seus genitores. Contudo, Freud analisou uma sociedade altamente preconceituosa, doentia, forjada em concepções teóricas, principalmente religiosas, dogmáticas, puritanas e narcisista.

Por exemplo, nenhum indígena diz que, caso não tenha absorvido a cultura não indígena, morar com os pais seja uma fraqueza de personalidade. Como exemplo tem-se as ocas. Vê-se, com isto, que as variações comportamentais variam conforme as concepções teóricas. A liberdade proporcionada pelo capitalismo, como exemplo, serviu como rompimento entre a personalidade e autoridade dos pais. Nas tribos primitivas, a autoridade dos pais era vista não como uma autoridade déspota, mas autoridade ao bem-estar dos filhos. Havia respeito, não medo da autoridade dos pais. E, em muitos casos, os pais deixavam que os próprios filhos aprendessem com a vida. A instituição familiar, como a qual a conhecemos, baseia-se na autoridade do medo, pela qual os pais são mais do que super-heróis, mas controladores vorazes dos filhos. E isto Freud constatou nas intermináveis análises às neuroses infantojuvenis, que se perpetuavam até a fase adulta dos filhos. Não era incomum os duelos entre pais e filhos. O narcisismo entre pais e filhos era um conflito, como dirão, de gerações. E o rompimento do conflito seria a saída do filho da casa dos pais.

Com as crises econômicas mundiais, as proles tiveram que residir com seus respectivos genitores. Em primeiro momento, uma derrota por retornar ao “lar doce lar”. Muito mais traumático do que o retorno para a casa dos pais, era enfrentar os comentários maldosos de alguns indivíduos da sociedade sobre o “retorno do filho pródigo” – quer dizer, “derrotado (a)”. Sendo a imposição das circunstâncias econômicas a mudar os comportamentos, a necessidade do retorno teve um álibi plausível. Com o tempo, por acontecimento inesperado [políticas econômicas internas e externas], o residir com os pais passou a ser considerado normal.

Sexualidade

Sexo não era um grande monstro de sete cabeças, como ainda é na contemporaneidade. Antes das civilizações, o sexo era sagrado. Mas um sagrado não limitador aos instintos sexuais, mas uma dádiva. A masturbação não era um pecado ou um distúrbio mental, muito menos obra do demônio. Pelo nas mãos, prisão de ventre, alguns males da masturbação. Em alguns povos, não existia a palavra adultério, muito menos, como consequência, punições severas, como apedrejamento. A relação sexual poderia ser normal ou não, conforme as concepções teóricas de cada grupo. Na Índia, os Lepcha acreditavam que as meninas não amadureceriam sem antes terem relações sexuais. Para os índios Mekranoti, os jovens deveriam namorar logo que entrassem na puberdade. Em outras culturas, as crianças poderiam ter relações sexuais, manipularem os órgãos genitais uma das outras ou estimulá-las oralmente. Em certas culturas, as incursões sexuais, de meninos e de meninas, a outras aldeias eram permitidas. Relações sexuais antes dos 11 anos? Os Lepcha permitiam.

O ato sexual, nos primórdios da humanidade, servia para a mulher manter o parceiro perto, isto é, não a largasse. Para os homens, um meio de descarregar a sua energia sexual. Não muito diferente se vê desde as primeiras civilizações. A troca de interesses favorecia a ambos, homens e mulheres. O jogo da sedução servia para excitar, mas não se poderia, quando instituída a obrigatoriedade de casamento para se ter relação sexual, passar disto. Não é à toa que existiram mulheres e homens manipuladores para conseguirem algo em troca. O amor disfarçado escondia apenas interesses [egoísmo] de ambos. O presentear, muito comum em homens galanteadores, era um meio de cativar a doce donzela. Uma prova de amor, que mais tarde, o ceder das belas jovens ao desejo sexual do homem, tornar-se-ia um pesadelo. Em outros casos, mulheres vividas exploravam a libido masculina, numa verdadeira troca de favores: ela dá o que o homem quer [sexo], ele dá o que ela quer [presentes etc.]. Sim, o sexo serviu como barganha, e ainda serve. Por exemplo, no início do século XIX, as mulheres tinham o dever de saciar os desejos sexuais de seus maridos, pois ele era o senhor de tudo. As próprias mães ensinavam que as filhas, depois de casadas, não poderiam negar este “direito” aos maridos.

Homossexualidade

A homossexualidade não era um estorvo ao desenvolvimento humano. Na Roma Antiga, a homossexualidade era incentivada pela sociedade. O rapaz moço era incentivado a ter relações homossexuais, e a negação poderia lhe causar embaraço socialmente. Não era uma imposição por normas jurídicas, mas uma imposição cultural. Em algumas tribos indígenas, não havia perseguições aos encontros homossexuais. A história humana, antes das repressões sexuais causadas por religiões e teorias científicas, demonstrou que a homossexualidade, por si, não causou a extinção da humanidade, muitos menos doenças psíquicas, mas as repressões causaram doenças psíquicas e mortes cruéis.

Religiões

Só na Índia são mais de 5.000 (cinco mil) religiões. Índia, o berço das primeiras religiões humanas. A gênese de cada religião sempre começa pela inspiração de um homem. A partir da inspiração, são traçadas normas de comportamentos. Em alguns casos, as mobilizações políticas para se consolidar unificações territoriais para promoção da existência grupal. Em todas as religiões há os símbolos. No Brasil, as Igrejas Evangélicas ridicularizavam a Igreja Católica por seus Santos, e os católicos que tinham simpatia, adoração por algum Santo. Contemporaneamente, muitas Igrejas Evangélicas usam símbolos para infundir seus membros com fé. Fogueira Santa, Rosa, água, caneta, lenços, sal groso, também são símbolos usados para fazer com que o fiel se sinta mais próximo das curas de Deus. Ora, da mesma maneira, os Santos, da Igreja Católica, não passam de intermediadores à Deus, e não o próprio Deus.

Todas as religiões têm suas liturgias, seus símbolos, dogmas, tabus. A religião é fruto de um sentimento humano, diante das intermináveis angústias existenciais e de sua própria fragilidade diante das Leis Naturais [fisioquímicas, intempéries]. No que acreditar é uma condição psíquica de cada grupo humano, conforme seu entendimento ao que seja sobrenatural, Poder. Por exemplo, no livro Eram os Deuses Astronautas, há uma constatação da formação de religião. Um avião passou por uma ilha, os tripulantes avistaram os nativos e pediram para o piloto procurar algum local para aterrissar. Ao aterrissar, ambas as culturas trocaram informações. Depois de algum tempo, os mesmos tripulantes retornaram para ver como estavam vivendo os nativos. Para surpresa dos tripulantes, os nativos construíram uma réplica do avião. Um deus nasceu na tribo. Para nós, uma conduta de um povo sem conhecimento, supersticioso. Para os componentes da tribo, uma divindade.

Seja como for, cada qual pode ter a sua concepção teórica religiosa de vida, pois as suas origens se devem a acontecimentos históricos, em determinados locais. Dizer qual é a certa, e querer imputar uma verdade que não tem qualquer base substancial, diante do precário desenvolvimento psicológico humano, mesmo no século XXI. Se analisarmos pelo ângulo da libertação aos dogmas, superstições e tabus, que vigoraram na Idade Média até este século, somente agora há liberdade de expressão e de pensamento capazes de libertar o ser humano de regras impostas por concepções teóricas condicionantes e repressões. A liberdade de pensamento e de expressão permite a cada ser humano discernir sem o medo de parecer louco, anarquista. O foro íntimo, diante de sua resolução, é que trará o raciocínio intelectual sem se desvincular com o emocional. Em poucas palavras, quando livre de concepções teóricas putativas e cerceadoras, o ser humano irá buscar conhecimento livre, não filtrado, condicionante, modificado, mas puramente como se apresenta o conhecimento com os fatos reais históricos.


Conclusão

Aqui termino este texto, com intuito de fomentar um novo jornalismo em nosso país, que urge mudanças diante das violações contumazes aos direitos humanos e a própria CF/88. A liberdade de expressão e de pensamento é a única bússola para direcionar o ser humano à paz. Conhecimento é liberdade, e, por isso, há déspotas a querer impedir a liberdade de pensamento e de expressão. Quanto mais se sabe, mais se diverge dos costumes culturais. Abrem-se horizontes de possibilidades. Por séculos, o saber fora reduzido a regras limitadoras ao raciocínio íntimo de cada ser humano. Copérnico, Sócrates, Charles Darwin, Freud, alguns homens que desafiaram concepções teóricas limitadoras. Alguns morreram, outros sofreram imperiosas censuras por suas ousadias, perversidades. A liberdade de expressão e de pensamento são males irreparáveis, destruidores dos bons costumes, quando se quer manipular pessoas.

O jornalismo brasileiro tem servido, apenas, aos interesses de poucos [oligarquias, aristocracias]. A política brasileira também tem servido a interesses de grupos os quais não estão interessados no desenvolvimento nacional [art. 3º, da CF/88], muito menos que os cidadãos conheçam seus direitos constitucionais e, principalmente, sobre decisões Internacionais que versão sobre Direitos Humanos contra o barbarismo brasileiro, em toda a sua existência, dentro e fora dos presídios, dos lares, dos Órgão Públicos.

É necessário jornalismo educativo, com reportagens sobre Direitos Humanos. Os programas de auditórios podem usar os direitos humanos em jogos lúdicos de pergunta e resposta. Enfim, há amplo meio de se divulgar os direitos humanos, para que o Brasil deixe de ser um dos piores países para o convívio pacífico humano.


Notas:

[1] – TVE Brasil. Programa Pensando em Você. Disponível em:http://www.latec.ufrj.br/01sobre-o-latec/noticias/TVE-entrevista.htm


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