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Revoluxonários x Revolixonários

Fabulações sobre os conflitos por causa da Copa do Mundo.

Agenda 27/01/2014 às 09:39

Os conflitos políticos fazem parte da vida pública numa sociedade democrática. Mas nem sempre são entendidos corretamente pelos atores sociais e pelas autoridades estatais.

Este final de semana ocorreu a primeira manifestação violenta contra a Copa do Mundo. O resultado foi deprimente: um ponto de ônibus destruído, um fusquinha queimado, muita correria pancadaria, diversos garotos presos e um deles ferido a tiro.

É fato: quando chegam ao poder alguns revolucionários tendem a ficar apaixonados pelo luxo e rapidamente se transformam em revoluxonários.  Foi o que ocorreu com alguns petistas, notadamente aqueles que se acostumaram às benesses e aos salamaleques do poder. O exemplo mais acabado de militante da tendência que ironicamente chamei de PT-gold é Antonio Palocci Filho. O ex-ministro de Fazenda de Lula e ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff trocou sua duvidosa ideologia socialista pelo lucro certo e tratou de enriquecer prestando consultoria. Palocci caiu em desgraça sob acusação de corrupção, mas não sofreu as mesmas consequencias desagradáveis que José Genoino e José Dirceu. Muito pelo contrário, ele foi esquecido pela mídia, foi inocentado pela Justiça e segue desfrutando o patrimônio que amealhou.

Na outra ponta do espectro político brasileiros estão os revolucionários que rejeitam violentamente qualquer coisa, que desprezam o luxo e odeiam o convívio pacífico em sociedade. De tanto apanhar da PM, eles passaram a acreditar que fazer isto (apanhar da PM) é uma atividade extremamente revolucionária. Na falta de uma expressão melhor, chamarei os tais de revolixonários.  

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O objeto da disputa que no presente momento opõe revoluxonários e  e  revolixonários   é a Copa do Mundo. Enquanto alguns encaram o evento como uma excelente oportunidade para consolidar seu poder e ter lucro político ou econômico, os outros tentam impedir a realização do mesmo acreditando que assim transformarão o Brasil num paraíso socialista arruinado. Entre os dois grupos está a PM, que certamente proporcionará aos revolixonários aquilo que eles desejam: espetáculos grotescos como o que ocorreu no sábado.

Não se enganem, os  revolixonários  não só sabem que a PM agirá de maneira violenta - a história recente do país inegavelmente demonstra a truculência policial - como parecem desejar que isto. Afinal, se a PM não se comportar como esperado os revolixonários  não terão seu show e não poderão posar de vítimas de um Estado opressor.

A população brasileira em geral aderiu à Copa do Mundo. As pesquisas revelam que os novos estádios ficarão cheios, sendo muito provável que as manifestações dos revolixonários fiquem vazias (como ocorreu durante a Copa das Confederações, aliás). Os brasileiros que não forem pessoalmente aos jogos ficarão em suas casas assistindo as partidas em imensas TVs planas (cujas vendas dispararam nos últimos tempos para a alegria geral das Casas Bahia e Magazine Luiza).

Durante o certame, os revoluxonários  poderão concretizar sua agenda política de curto prazo e organizar a de médio e longo prazo, pois a imprensa brasileira ficará hipnotizada pela Copa do Mundo e pelos lucros que o evento proporcionará aos veículos de comunicação. E depois teremos uma eleição absolutamente previsível, em que os revolixonários  sofrerão derrotas colossais e os revoluxonários colherão os louros de terem realizado o maior espetáculo da terra.

Resumindo: o conflito deste ano não será entre o PT e o PSDB, pois os tucanos não são nem revolixonários nem revoluxonários e sim conservadores. Portanto, eles conservarão seu status de oposição com complexo de superioridade. 

Sobre o autor
Fábio de Oliveira Ribeiro

Advogado em Osasco (SP)

Informações sobre o texto

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