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A compra e venda romana

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01/10/2012 às 19:55
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4.Conclusão

Nessa caminhada pudemos visualizar que o Direito Romano possui institutos que podem ser transpostos para os ordenamentos civis atuais proporcionando um melhor entendimento do nosso próprio sistema jurídico. É preciso saber que sempre é necessário investigar as origens dos institutos jurídicos e, na maioria dos casos, a origem vem do próprio Direito Romano.

Com o estudo da compra e venda, isso não é diferente. Atualmente, se investigamos a eficácia obrigacional ou real desse contrato, temos que, obrigatoriamente, contemplar o iusromanum, que utilizou ambas as modalidades de eficácia no decorrer do seu tempo.

Além disso, os pactos que atualmente estão presentes nos ordenamentos civis e comerciais ao redor do mundo, em sua maioria, tiveram sua gênese na Roma Antiga.

Esse estudo foi uma pequena prova do legado que o Direito Romano nos deixou.


Notas

[i] JUSTO, A. Santos. A evolução do Direito Romano. Boletim da Faculdade de Direito, Volume Comemorativo. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2003, p. 48.

[ii] Idem, Ibidem, p. 49.

[iii] Idem, Ibidem, p. 50.

[iv] Idem, Ibidem, p. 53-54.

[v] Isso particularmente na parte ocidental do Império. No Oriente começava uma recuperação tendo como base o classicismo e a helenização.

[vi] JUSTO, A. Santos. Ibidem, p. 61.

[vii] Idem, Ibidem, p. 67-68.

[viii] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Sistema Contractual Romano. 2ª Ed. Madrid: Dykinson, 2004, p. 103.

[ix] Nesse sentido, Idem, Ibidem, p. 103.

[x]Idem, Ibidem, p. 103.

[xi] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 104.

[xii] Se contrapondo com o otium, ou seja, o ócio. De acordo com Fernández de Buján, Idem, Ibidem, p. 104.

[xiii] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 105-106.

[xiv] O autor baseia-se em D.2,14,1,3: “Conventionis verbum generale est ad omniapertinens, de quibus negotiicontrahenditransigendique causa consentiuntquiinter se agunt: namsicuticonveniredicunturquiexdiversislocis in unumlocumcolliguntur et veniunt, ita et quiexdiversis animi motibus in unumconsentiunt, id est in unam sententiamdecurrunt. Adeo autem conventionis nomen generale est, ut eleganterdicatpediusnullum esse contractum, nullamobligationem, quae non habeat in se conventionem, siveresiveverbis fiat: nam et stipulatio, quaeverbisfit, nisihabeatconsensum, nulla est”. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p.106.

[xv]BURDESE, Alberto. Sulle nozioni di patto, convenzione e contratto in Diritto romano. SeminariosComplutenses de Derecho Romano, nº 5. Madrid: FundaciónSiminario de Derecho Romano “Ursicino Alvarez”, 1993, p. 42.

[xvi] Atualmente a doutrina preocupa-se com a questão do consentimento e a expressão da vontade real. Em Roma, é preciso dizer que nem sempre o consenso era conditio sinequae non para perfeição do contrato. Iremos nos deter nessa seara quando tratarmos do aspecto consensual da emptio venditio.

[xvii] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p.106.

[xviii] O autor se baseia em D.2,14,7,7: “Aitpraetor: ‘pacta conventa, quaeneque dolo malo, nequeadversuslegesplebisscitasenatus consulta decreta edictaprincipum, neque quo frauscuieorum fiat factaerunt, servabo.’" E em D.2,14,1,1 e 2: “Pactum autem a pactionedicitur (indeetiampacis nomen appellatum est). Et est pactio duorum pluriumve in idem placitum et consensus”. Idem, Ibidem, p. 107.

[xix]O gesto poderia, por si só, fazer surgir uma obrigação, inclusive para a emptio venditio de acordo com D.50,16,19: “Labeo libro primo praetoris urbani definit, quod quaedam "agantur", quaedam "gerantur", quaedam "contrahantur": et actum quidem generale verbum esse, sive verbis sive re quid agatur, ut in stipulatione vel numeratione: contractum autem ultro citroque obligationem, quod Graeci sunallagma vocant, veluti emptionem venditionem, locationem conductionem, societatem: gestum rem significare sine verbis factam”. BUJÁN, Federico Fernández de. Ibidem, p.155.

[xx]D.50,16,19. Traduzido por BUJÁN, Federico Fernández de. Ibidem, p.108.

[xxi] Idem, Ibidem, p. 109.

[xxii] Para Gaio as obrigações poderiam ser divididas em duas espécies quando consideradas as suas fontes, as nascidas dos contratos e as nascidas dos delitos. GaiusIII,88: “Passemos agora às obrigações cuja principal divisão abarca duas classes: pois toda obrigação ou nasce do contrato ou nasce do delito”.

[xxiii] Gaio IV,62: “Os juízos de boa-fé são esses: compra e venda, arrendamento, gestão de negocios, mandato, depósito, fiducia, sociedade, tutela, reclamação de dote”.

[xxiv] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 110.

[xxv] Sobre bem inexistente trata o trecho D.18,1,8pr: “Nec emptio nec venditio sinerequaeveneatpotestintellegi. Et tamenfructus et partusfuturirecteementur, ut, cum editusessetpartus, iam tunc, cum contractumessetnegotium, venditio factaintellegatur: sed si id egeritvenditor, ne nascaturautfiant, exempto agi posse”. D.18,1,8,1: “Aliquando tamen et sine re venditio intellegitur, veluti cum quasi alea emitur. Quod fit, cum captum piscium vel avium vel missilium emitur: emptio enim contrahitur etiam si nihil inciderit, quia spei emptio est: et quod missilium nomine eo casu captum est si evictum fuerit, nulla eo nomine ex empto obligatio contrahitur, quia id actum intellegitur”.

[xxvi] Idem, Ibidem, p.110.

[xxvii] Nesse sentido MARRONE, Matteo. Manuale di Diritto Privato Romano. Torino: G. Giappichelli Editore, 2004, p. 84.

[xxviii]Idem, Ibidem, p. 121-122.

[xxix]D.18,1,1pr: “Origo emendi vendendique a permutationibus coepit. Olim enim non ita erat nummus neque aliud merx, aliud pretium vocabatur, sed unusquisque secundum necessitatem temporum ac rerum utilibus inutilia permutabat, quando plerumque evenit, ut quod alteri superest alteri desit. Sed quia non semper nec facile concurrebat, ut, cum tu haberes quod ego desiderarem, invicem haberem quod tu accipere velles, electa materia est, cuius publica ac perpetua aestimatio difficultatibus permutationum aequalitate quantitatis subveniret. Eaquemateria forma publica percussausumdominiumque non tamexsubstantiapraebetquamexquantitatenec ultra merxutrumque, sedalterumpretiumvocatur"

[xxx]GAGLIARDI, Lorenzo. Prospettive in tema di origine dela compravendita consensuale romana. La compravendita e l`interdipendenza dele obbligazioni nel diritto romano – a cura di Luigi Garofalo, Tomo primo. Padova: CEDAM, 2007, p. 106-107.

[xxxi] O autor apóia-se em D.18,1,1 pr (referido na nota 28).FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p, 153.

[xxxii] Situação que já ocorria na mancipatio, quando o adquirente, tendo o objeto ou algo que o simbolizasse na sua mão, afirmava ser o proprietário e que o adquiriria por meio da balança e do pedaço de bronze com que, tocava a balança, e que era considerado como se fosse o preço. CURA, Antonio A Vieira. Compra e venda e transferência da propriedade no direito romano clássico e justinianeu. Boletim da Faculdade de Direito, Volume Comemorativo. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2003, p. 98, nota 66. O autor se fundamenta em GaiusI,119: “Est autem mancipatio (...), imaginaria quaedem venditio; quod et ipsum iuspropriumciviumRomanorum est, eaque res ita agituradhibitis non minusquamquinquetestibuscivibusRomanispuberibus et praeterea alio eiusdemcondicionis, qui libram aeneamteneat, quiappellaturlibripens, isquimancipatioaccipit, aestenens ita dicit HUNC EGO NOMINEM EX IURE QUIRITIUM MEUM ESSE AIO ISQUE MIHI EMPTUS ESTO HOC AERE AENEAQUE LIBRA; deinde aere percutit libram idqueaesdat ei a quo mancipatioaccipit quase pretii loco”.

[xxxiii] Tradução livre: Esta diferenciação de posições entre quem entrega e cobra, e quem recebe e paga, faz com que encontremos ante um negócio diverso da permuta. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico, Ibidem, p.154.

[xxxiv] Para esse consenso não era necessário que as partes estivessem no mesmo local. Consideraria ilibado o consentimento realizado por correspondência. GAGLIARDI, Lorenzo. Ibidem, p. 108.

[xxxv] Para Gaio, “há contrato de compra e venda desde que as partes compactuam o preço, mesmo que ele ainda não tenha sido pago”. GaiusIII,139. Sobre a possibilidade da venda imperfeita ou nula, D.18,1,9pr: “In venditionibus et emptionibusconsensumdebereintercedere palam est: ceterumsive in ipsaemptionedissentientsive in pretiosive in quo alio, emptio imperfecta est. Si igitur ego me fundumemereputaremCornelianum, tu mihi te vendereSempronianumputasti, quia in corporedissensimus, emptio nulla est. Idem est, si ego me Stichum, tu Pamphilum absentem vendereputasti: nam cum in corporedissentiatur, apparetnullam esse emptionem” e D.18,1,41,1: “Mensam argento coopertammihiignoranti pro solida vendidistiimprudens: nulla est emptio pecuniaqueeo nomine data condicetur”.

[xxxvi] Por todos, CURA, Antonio A Vieira. O fundamento Romanístico da eficácia obrigacional e da eficácia real da compra e venda nos Códigos Civis espanhol e português. In: Boletim da Faculdade de Direito, StvdiaIvridica nº 70, Colloquia – 11. Coimbra: Coimbra Editora, 2003, p. 61-63.

[xxxvii] O autor retira a fundamentação para a bilateralidade em GaiusIII,137: “Item in hiscontractibusalteralteriobligatur de eo, quod alterumexbono et aequo praestareoportet...” e da boa-fé de D.2,14,27,2: “...et in bonaefideicontractibus, si pactumconventumtotamobligationemsustulerit, velutiempti...”.

[xxxviii] No mesmo sentido, FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p, 155-156.

[xxxix] Sobre o termo merx, o Digesto informa: “A palavra ‘mercadoria’ não se refere somente às coisas móveis” (D.50,16,66) e “A palavra ‘mercadoria’ não compreende os escravos, disse Mela, e por isso os vendedores de escravos dizem que se chamam ‘venaliciarii’ e não mercadores, e com razão”. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p, 170.

[xl] Sobre a venda de um bem incorpóreo, trata o trecho D.8,1,20 sobre aquisição de uma servidão predial: “Quotiens via autaliquidius fundi emeretur, cavendumputat esse labeo per te non fieri, quo minuseoiure uti possit, quianullaeiusmodi iuris vacuatraditioesset. Ego puto usumeius iuris pro traditionepossessionisaccipiendum esse ideoque et interdictavelutipossessoriaconstituta sunt”. Sobre a possibilidade da venda de direitos de crédito D.18,4,6: “Emptorinominisetiampignorispersecutiopraestaridebeteiusquoque, quod posteavenditoraccepit: nambeneficiumvenditorisprodestemptori.”

[xli] A possibilidade de a res ser genérica está prevista em D.18,1,35,7: “Sed et si exdolearioparsvinivenierit, velutimetretaecentum, verissimum est (quod et constarevidetur) antequamadmetiatur, omne periculum ad venditorempertinere: necinterest, unumpretiumomniumcentummetretarum in semeldictumsitan in singuloseos” e D.18,6,5 “Si per emptoremsteterit, quo minus ad diem vinumtolleret, postea, nisi quod dolo malo venditorisinterceptumesset, non debetabeopraestari. Si verbi gratia amphoraecentumexeovino, quod in cellaesset, venierint, si admensum est, donecadmetiatur, omne periculum venditoris est, nisi id per emptorem fiat”.

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[xlii] Para Buján, o texto mais alusivo dessa modalidade de compra e venda é D.18,1,8pr que prevê a possibilidade de compra de frutos e partos futuros: “Nec emptio nec venditio sinerequaeveneatpotestintellegi. Et tamenfructus et partusfuturirecteementur, ut, cum editusessetpartus, iam tunc, cum contractumessetnegotium, venditio factaintellegatur: sed si id egeritvenditor, ne nascaturautfiant, exempto agi posse”. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p, 182.

[xliii] DINIS, Dora Liliana Matias. O contrato de compra e venda (emptio venditio) no Direito Romano. Trabalho no âmbito do mestrado em ciências jurídico-históricas. 2006, p. 8.

[xliv] De acordo com Vieira Cura, commercium é uma expressão fornecida, por Ulp. XIX,5: “Commercium est emendivendendiqueinvincemius”, sendo os bens que podem ser comprados e vendidos, retirados do trecho D.20,3,1,2: “Eam rem, quam quis emere non potest, quiacommerciumeius non est, iurepignorisaccipere non potest, ut divusPius Claudio Saturnino rescripsit. Quid ergo, si praedium quis litigiosumpignoriacceperit, anexceptionesummovendussit? Et Octavenusputabatetiam in pignoribuslocumhabereexceptionem: quod aitScaevola libro tertiovariarumquaestionumprocedere, ut in rebus mobilibusexceptiolocumhabeat”. CURA, Antonio A Vieira. Compra e venda..., p. 75.

[xlv]D.18,1,6pr: “SedCelsusfiliusait hominem liberumscientem te emere non posse neccuiuscumque rei si sciasalienationem esse: ut sacra et religiosa loca autquorumcommercium non sit, ut publica, quae non in pecuniapopuli, sed in publico usuhabeatur, ut est Campus Martius”.

[xlvi] E quem compra ignorando se tratar de uma res extra commercium poderia acionar em juízo o vendedor. É o que diz a fonte D.18,1,62,1: “Quinesciens loca sacra vel religiosa vel publica pro privatiscomparavit, licet emptio non teneat, exemptotamenadversusvenditoremexperietur, ut consequatur quod interfuiteius, ne deciperetur”.

[xlvii] “É santo o que é defendido e protegido contra a ofensa dos homens”, D.1,8,8.

[xlviii]Ulp. XIX,5: “Commercium est emendivendendiqueinvicemius”. E D.20,3,1,2: “Eam rem, quam quis emere non potest, quiacommerciumeius non est...”

[xlix] CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, nota 62.

[l] São os elementos dispostos por BUJÁN, Federico Fernández de. Ibidem, p. 156-157.

[li]Idem. Ibidem, p. 156.

[lii] O trecho D.18,1,1,1 revela as origens da compra e venda. É interessante e raro, uma vez que não é frequente que o Digesto se dedique a isso devido ao seu caráter legislativo: “Sedansinenummis venditio dicihodiequepossit, dubitatur, veluti si ego togam dedi, ut tunicamacciperem. Sabinus et Cassius esse emptionem et venditionem putant: Nerva et Proculus permutationem, non emptionem hoc esse. Sabinus Homero teste utitur, qui exercitum Graecorum aere ferro hominibusque vinum emere refert, illis versibus: enven ar' oinizonto karykomowntes Axaioi alloi men xalkw, alloi d' aivwni sidyrw, alloi de hrinois, alloi d' autysi boessi, alloi d' andrapodessin [id est: ibi vero vinum sibi comparabant comantes Achaei, alii aere, alii splendido ferro, alii pellibus boum, alii ipsius bubus, alii mancipiis]. Sed hi versus permutationem significare videntur, non emptionem, sicuti illi: env' aute Glaukw Kronidys frenas eceleto Zeus, hos pros Tudeidyn Diomydea teuxe ameiben [id est: iam vero Saturni filius Iupiter Glauco mentem ita perturbavit, ut cum Diomede Tydei filio arma permutaret]. Magis autem pro hac sententia illud diceretur, quod alias idem poeta dicit: priato kteatessin heoisin [id est: emit ex bonis suis]. Sed verior est Nervae et Proculi sententia: nam ut aliud est vendere, aliud emere, alius emptor, alius venditor, sic aliud est pretium, aliud merx: quod in permutatione discerni non potest, uter emptor, uter venditor sit”. BUJÁN, Federico Fernández de. Ibidem, p. 185.

[liii] Como já abordamos, foi o preço que permitiu diferenciar o contrato de permuta com o da compra e venda. Se antes era impossível determinar qual bem era a mercadoria e qual era o preço, ao se estabelecer o preço como a moeda, ou dinheiro, agora dissipa-se essa obscuridade, tornando evidente a diferença entre a permuta e a compra e venda.

[liv]D. 18, 1, 2: A compra é do direito das gentes e por isso realiza-se através do consentimento.

[lv]Basea-se também nos textos, GaiusIII,136 e Gaius III,135: “Consensufiuntobligationes in emptionibusvenditionibus...”. CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p. 57, nota 54.

[lvi] Segundo o autor “Corolários dessa consensualidade eram, para os Romanos, a possibilidade de realização entre ausentes, por carta ou através de núncio (Gaius III, 136: “...Undeinter absentes quoque tália negotia contrahuntur, veluti per epistolam aut per internuntium...” e D. 18,1,1,2: “...et inter absentes contrahipotest et per nuntium et per litteras...”) e a possibilidade de dissolução do vínculo através do dissensos (D. 46,3,80). CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p. 57, nota 54. Outro  trecho que corrobora esse corolário é o Inst. 3,22pr: “Este contrato [compra e venda] é possível por meio de um mediador ou mensageiro, a diferenciando dos contratos verbais que não podem ser celebrados entre ausentes”. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 169.

[lvii] GAGLIARDI, Lorenzo. Ibidem, p. 129.

[lviii] Idem, Ibidem, p. 129-130.

[lix] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 159-160.

[lx] Nesse sentido MARRONE, Matteo. Ibidem, p. 92.

[lxi] Baseado em D.45,1,35,2: “Si in locando conducendo, vendendo emendo ad interrogationem quis non responderit, si tamenconsentitur in id, quod responsum est, valet quod actum est, quiahicontractus non tamverbisquamconsensuconfirmantur”, FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 149.

[lxii] A stipulatio consistia em uma pergunta e uma resposta congruente com ela. As partes se obrigavam em virtude do respeito à forma solene da estipulação e não à vontade das partes. EncyclopædiaBritannica. EncyclopædiaBritannica Online. EncyclopædiaBritannica Inc., 2012. Web. 07 Jun. 2012.

[lxiii] E o vendedor deveria ter a intenção de cobrar o preço, em caso contrário caracterizaria uma doação, conforme D.18,1,36: “Cum in venditione quis pretium rei ponitdonationis causa non exacturus, non videturvendere”. Mas era válida a venda feita por um preço menor com a intenção de doar, somente seria considerada inválida se feita inteiramente com o ânimo de doar: “Si quis donationis causa minorisvendat, venditio valet: totiensenimdicimus in totumvenditionem non valere, quotiens universa venditio donationis causa facta est: quotiens vero viliorepretio res donationis causa distrahitur, dubium non est venditionemvalere. Hoc interceteros: intervirum vero etuxoremdonationis causa venditio factapretioviliore nullius momenti est” (D.18,1,38).

[lxiv] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p.180.

[lxv] CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p, 63, nota 63. No mesmo sentido: FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 182.

[lxvi] A escola Proculeiana foi fundada por Labeo e deve a sua denominação ao discípulo Proculus; a escola Sabiniana, por sua vez, teve em Capito o seu iniciador, mas foi Sabinus o verdadeiro fundador. Aquela é considerada mais audaciosa e inovadora; esta, mais conservadora e tradicionalista. JUSTO, A. Santos. A evolução do Direito Romano. Boletim da Faculdade de Direito, Volume Comemorativo. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2003, p. 57.

[lxvii] Tradução livre: Inst. 3,23,2: Além disso, o preço debe ser constituído por dinheiro. Muito questionável essa questão (...) mas, com razão prevaleceu a opinião de Próculo e é defendida com mais válidas razões, o que admitiram os divinos imperadores anteriores e se expõe mais extensamente no Digesto. 

[lxviii]MARRONE, Matteo, Ibidem, p. 281-282.

[lxix]GAGLIARDI, Lorenzo. Ibidem, p. 139-140.

[lxx] De acordo com o trecho D.21,2,62pr: “Si rem quae apud te essetvendidissemtibi: quia pro traditahabetur, evictionis nomine me obligariplacet”. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 222.

[lxxi] O comprador que não recebe o bem poderá demandar por uma indenização dos danos, além da devolução do preço, de acordo com D.19,1,1pr: “Si res vendita non tradatur, in id quod interestagitur, hoc est quod rem habereinterestemptoris: hoc autem interdumpretiumegreditur, si plurisinterest, quam res valetvelempta est”.

[lxxii] Alicerçado em D.19,1,11,8: “Item Neratius...ait et ex emptio actionem esse, ut haberelicereemptoricaveatur, sed et ut tradatur ei possessio.”. CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p. 64.

[lxxiii] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 208.

[lxxiv] O vendedor deveria guardar como um bom pater familia, conforme reconhece D.18,1,35,4: “Si res vendita per furtumperierit, priusanimadvertendumerit, quid intereos de custodia rei convenerat: si nihilappareatconvenisse, talis custodia desideranda est a venditore, qualembonus pater familias suis rebus adhibet: quam si praestiterit et tamen rem perdidit, securus esse debet, ut tamenscilicetvindicationem rei et condictionemexhibeatemptori. Undevidebimus in personameius, qui alienam rem vendiderit: cum isnullamvindicationemautcondictionemhaberepossit, ob id ipsum damnandus est, quia, si suam rem vendidisset, potuisseteasactiones ad emptorem transfere” e no mesmo sentido o D.18,6,15,1 :”Materiaempta si furto perisset, postquamtraditaesset, emptoris esse periculorespondit, si minus, venditoris: videri autem trabestraditas, quasemptorsignasset”. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 212-214.

[lxxv] No mesmo sentido Vieira Cura. Mas o autor ainda complementa: “Em consequência de estar obrigado a entregar a res ao comprador, o vendedor tinha, igualmente, a obrigação de conservar a coisa vendida até à realização da entrega, respondendo por custodia, como é atestado, designadamente, por dois passos do Digesto pertencentes aPaulos: D.18,6,3: ‘custodiam autem venditor talem praestaredebet, quampraestanthi quibus res comodata est (...)’ e D.19,1,36: ‘Venditordomusantequameamtradat, damniinfectistipulationeminterponeredebet, quia, antequamvacuampossessionemtradat, custodiam et diligentiampraestaredebet (...)”.Cura, António A. Vieira. Compra e venda e transferência da propriedade no direito romano clássico e justinianeu. Boletim da Faculdade de Direito, Volume Comemorativo. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2003, p. 81.

[lxxvi] Embora a execução do contrato pudesse ocorrer de forma imediata, quando a execução era realizada no momento em que o acordo torna-se perfeito, a execução poderia ocorrer em um momento futuro.

[lxxvii] Vieira Cura, citando o posicionamento de Seckel/Levy, revela que o cumprimento dessa obrigação fundamental do vendedor não se esgotava em abandonar a coisa vendida, mas também na remoção de todos os obstáculos que, porventura, fossem opostos à possessio do comprador por parte de terceiros. Posicionamento baseado no texto D.18,1,78,1 que se refere à venda de um fundus:  “Fundum abe o emisti, cuiús filiipostea tutelam administrar, necvacuamaccepistipossessionem, dixitradere te tibipossessionem hoc modo posse, ut pupillus et família eiusdecedat de fundo, tuncdemum tu ingrediarispossessionem”. Seckel, Emil/Levy, Ernst, Die GefahrtragungbeimKaufimklassischenrömischenRecht, in Zeitschrift der Savigny-StiftungfürRechtsgeschichte. RomanistischeAbteilung, 47, 1927. CURA, António A. Vieira. Compra e venda e transferência da propriedade no direito romano clássico e justinianeu. Boletim da Faculdade de Direito, Volume Comemorativo. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2003, p. 80.

[lxxviii] O romanista Vieira Cura informa que “até ao séc. II essa garantia não resultava direta e imediatamente da emptio venditio: era prestada mediante a celebração de uma stipulatio, pela qual o vendedor se obrigava a dare uma determinada quantia de dinheiro ao emptor” e continua revelando que a quantia poderia ter natureza penal (stipulatioduplae), o que faria com que correspondesse ao dobro do valor do preço ou, no caso menos comum, a stipulatiohaberelicere que corresponderia ao prejuízo sofrido pelo comprador. Mas o estimado autor prossegue aduzindo que a “iurisprudentia acabou por considerar a responsabilidade por evicção como um elemento natural da emptio venditio (enquanto contrato de boa-fé), a efetivar mediante a actioempti”. E com isso, o vendedor poderia excluir tal responsabilidade por meio de um pacto expresso (de non praestandaevictione), mas responderia por dolo (com a actioempti), se vendesse conscientemente uma coisa alheia que fora objeto de uma garantia real. Fundamentam suas conclusões os seguintes textos do Digesto: D.19,1,6,9: Si venditorscienobligatumaut alienum vendidisset et adiectumsit ‘neve eo nomine quid praestaret’, aestimarioportetdolummalumeius, quem semperabesseoportet in iudicioempti, quod bonaefideisit; D.19,1,11,15: ‘...qui autem alienum sciensvendidit, dolo, inquit, non caret et ideoemptiiudiciotenebitur’. D.19,1,30,1: ‘Si sciens alienam rem ignorante mihivendideris, etiampriusquamevincaturutiliter me exemptoacturumputavit in id, quanti meaintersitmeam esse factam: quamvisenimalioquinverum si venditoremhactenusteneri, ut rem emptorihabereliceat, no metiam ut eiusfaciat, quiatamendolummalumabessepraestaredebeat, tenerieum, quisciens alienam, non suam ignorante vendidit. CURA, António A. Vieira. Ibidem, p. 85-89.

[lxxix] FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 216-217.

[lxxx] Idem, Ibidem, p. 217.

[lxxxi]D.21,2,70: “Evicta reexemptoactio non ad pretiumdumtaxatrecipiendum, sed ad id quod interestcompetit: ergo et, si minor esse coepit, damnumemptoriserit”, revela que o comprador recuperará a quantia de interesse, e não necessariamente o preço do bem, que poderá ter diminuído de valor, acabando por ter que se responsabilizar por esse prejuízo. FERNÁNDEZ DE BUJÁN, Federico. Ibidem, p. 224.

[lxxxii]D.21,2,1: “Sivetota res evincatursivepars, habetregressumemptor in venditorem. Sed cum pars evincatur, si quidem pro indiviso evincatur, regressum habet pro quantitate evictae partis: quod si certus locus sit evictus, non pro indiviso portio fundi, pro bonitate loci erit regressus. Quid enim, si quod fuit in agro pretiosissimum, hoc evictum est, aut quod fuit in agro vilissimum? Aestimabitur loci qualitas, et sic erit regressus”.

[lxxxiii] Idem, Ibidem, p. 226.

[lxxxiv] Idem, Ibidem, p. 226.

[lxxxv]D.19,1,11,2 dispõe a obrigação de entrega do preço: “Et in primisipsam rem praestarevenditoremoportet, id est tradere: quae res, si quidem dominus fuitvenditor, facit et emptoremdominum, si non fuit, tantum evictionis nomine venditoremobligat, si modo pretium est numeratumauteo nomine satisfactum. Emptor autem nummosvenditorisfacerecogitur”. De acordo com D.19,4,1pr o comprador que não entrega as moedas ao vendedor, responderá por meio da ação de venda: “Sicutaliud est vendere, aliudemere, aliusemptor, aliusvenditor, ita pretiumaliud, aliudmerx. At in permutatione discerni non potest, uteremptorvelutervenditorsit, multumquedifferuntpraestationes. Emptorenim, nisinummosaccipientisfecerit, teneturexvendito, venditori sufficit obevictionem se obligarepossessionemtradere et purgari dolo malo, itaque, si evicta res non sit, nihildebet: in permutatione vero si utrumquepretium est, utriusque rem fieri oportet, si merx, neutrius. Sed cum debeat et res et pretium esse, non potestpermutatio emptio venditio esse, quoniam non potestinveniri, quid eorummerx et quid pretiumsit, necratiopatitur, ut una eademque res et veneat et pretiumsitemptionis”.

[lxxxvi] CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p. 72.

[lxxxvii] O preço deve ser oferecido pelo comprador quando se demanda com a ação de compra, D.19,1,13,8: “Offerripretiumabemptoredebet, cum exemptoagitur, et ideoetsipretii partem offerat, nondum est exemptoactio: venditorenimquasipignusretinerepotesteam rem quamvendidit”.

[lxxxviii] Nesse sentido, CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p. 46.

[lxxxix] Com base no texto Gaius II, 22: Mancipi vero res sunt, quae per mancipationem ad aliumtransferuntur (...) Quod autem valetmancipatio; idem valet et in iurecessio e Gaius II,19: “As coisas não mancipáveis se transmitem em propriedade plena pela simples tradição ou entrega, sempre que sejam corpóreas e suscetíveis de entrega”.

[xc] Com base em Gaius, II,19: “...res necmancipiipsatraditione pleno iurealteriusfiunt, si modo corporales sunt et ob id recipiunttraditionem”. CURA, Antonio A Vieira. Compra e venda e transferência da propriedade no direito romano clássico e justinianeu, p. 102.

[xci] Apoiado em GaiusII,20: “Itaque si tibi vestem velaurumvelargentumtradiderosiveexvenditionis causa siveexdonationissivequavis alia ex causa, statim tua fite a res, si modo ego eius dominus sim...”, D.41,1,31pr.: “Numquamnudatraditiotransfertdominium, sed ita, si venditio autaliquaiustapraecesseri, propterquamtraditiosequeretur...”, e D.41,1,9,3: “Haequoque res, quaetraditionenostraefiunt, iuris gentium nobisadquiruntur: nihilenimtamconveniens est naturaliaequitatiquamvoluntatemdominivolentis rem suam in alium transfere ratam haberi”. Idem, Ibidem, p. 78.

[xcii]O autor cita o fragmento D.41,1,31pr: “a simples entrega, sem mais, não transfere a propriedade, mas somente quando tenha precedido uma venda ou qualquer outra justa causa que seja seguida dessa tradição”. Idem, Ibidem, p. 81.

[xciii] Nesse sentido, Idem, Ibidem, p. 81.

[xciv] Idem, Ibidem, p. 82.

[xcv] CURA, Antonio A Vieira. Ibidem, p, 85.

[xcvi] Vieira Cura se baseia em C.5,16,24pr: “Res uxoris, quaevelsucessionequalibetvelemtioneveletiamlargitioneviri in eam ante reatumiurepervenerant, damnato ac mortuoexpoenamarito, vel in servilemconditionemexpoenaequalitatededucto, illibatas esse praecipio, necalieni criminis infortúnio stringiuxorem, quumpaternismaternisve ac propriisbonis frui eam integro statureligiosum sit...” Idem, Ibidem, p. 86.  

[xcvii] Vieira Cura inda revela que, mesmo com caráter mais geral, outras três “constituições imperiais: uma do ano 327 (C.Th.11,3,2: “Mancipiaadscriptacensibusintraprovinciae términos distrahantur et quiemptionenanctifuerint, inspiciendumsibi esse cognoscant.”), outra do ano 331 (C.8,36(37),2: “Lite pendente actiones, quae in iudiciumdeductae sunt, vel res, pro quibus actor a reo detentisintendit, in coniunctampersonamvelextraeneamdonationibusvelemprtionibusaliiscontractibusminimetransferriabeodemactoreliceat, tamquam si nihilfactumsit, lite nihilominusperagenda”.) e outra do ano 336 (C.5,27,1,1: “Sed et uxoritaliquodcumquedatumquolibetgenerefueritvelemptionecollatum, etiam hoc retractumreddipraescipimus”.)”. Idem, Ibidem, p. 86.

[xcviii] Idem, Ibidem, p. 96.

[xcix] Idem, Ibidem, p. 99.

[c] Conforme leciona Inst. 2,1,41: “Como vemos o comprador não adquire a propriedade do bem comprado se não paga o preço convencionado o al menos oferece garantia do pagamento do mesmo”.

[ci]MARRONE, Matteo. Manuale di Diritto Privato Romano. Torino: G. Giappichelli Editore, 2004, p. 106.

[cii] Nesse sentido, MARRONE, Matteo, Ibidem, p. 106.

[ciii] NOUGUÉS, Juan Manuel Blanch. Pactos de Vendendo y de Retrovendendo entre historia y dogmatica. Revue Internationale des Droits de L`Antiquité. 3ª Série, Tome XLV. Bruxelas: Office InternationaldesPériodiques, 1998, p. 398.

[civ] Isto porque o Direito Romano não conhecia o termo “condição resolutiva”.


5. Referências:

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BLANCH NOUGUÉS, Juan Manuel. Pactos de Vendendo y de Retrovendendo entre historia y dogmatica. Revue Internationale des Droits de L`Antiquité. 3ª Série, Tome XLV. Bruxelas: Office International des Périodiques, 1998, p. 387-411.

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CURA, Antonio A Vieira. O fundamento Romanístico da eficácia obrigacional e da eficácia real da compra e venda nos Códigos Civis espanhol e português. In: Boletim da Faculdade de Direito, StvdiaIvridica nº 70, Colloquia – 11. Coimbra: Coimbra Editora, 2003, p. 33-108.

______________. Compra e venda e transferência da propriedade no direito romano clássico e justinianeu. Boletim da Faculdade de Direito, Volume Comemorativo. Coimbra: Universidade de Coimbra, 2003, p. 69-110.

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Sobre o autor
André Guerra

Advogado, Mestre pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, pós-graduado pelo Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito de Coimbra, pesquisador na Faculdade de Direito da Universidade de Salamanca 2012/2013,bacharel em direito pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais<br>

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

GUERRA, André. A compra e venda romana. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 17, n. 3379, 1 out. 2012. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/22719. Acesso em: 7 nov. 2024.

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