Antes mesmo da aprovação da lei que libera o uso da maconha no Uruguai, o país já se preocupa com o valor pelo qual ela será comercializada em comparação com aqueles existentes no mercado negro, bem como com a qualidade da substância que será comercializada, que virá sem folhas, caules ou outras substâncias impuras presentes naquela que é traficada. O país ainda estuda a possibilidade do auto-cultivo ser regulado pelo Estado. (Asociación Pensamiento Penal).
Segundo o Diretor da Junta de Drogas do país, o foco é minimizar os impactos do tráfico de drogas e melhorar os serviços de saúde para os usuários. Além disso, o preço e a qualidade do produto comercializado visa também impedir a revenda e a manutenção do narcotráfico. Há, inclusive, a ideia de criação de um organizado e sigiloso cadastro dos usuários no país, caso o projeto seja aprovado.
Nas palavras de Daniel Radius, membro da comissão especial que analisa a questão, a proibição da maconha só trouxe mais morte, mais máfia e piores produtos, não trazendo benefícios nem à saúde e nem à segurança pública.
E essa também parece ter sido a conclusão tirada pelos estados norte-americanos de Washington, Oregon e Colorado, nos Estados Unidos, cuja legalização do uso da maconha vem sendo discuta via referendo popular.
Como se vê, as mudanças no tratamento dado à maconha ocorreram não só em países europeus (como Portugal e Holanda), como vem atingindo as Américas, onde a dura política de “Guerra às drogas” sempre foi fortemente incentivada.
Nesse diapasão, considerando-se o fato de que 24% do sistema prisional brasileiro compor-se de detentos que respondem por tráfico de drogas (conforme dados do DEPEN - Departamento Penitenciário Nacional), e que, ainda assim, 3 milhões de brasileiros usam maconha frequentemente (de acordo com o 2º Levantamento Nacional de Álcool e Drogas - LENAD), é mais do que chegada a hora de o Brasil discutir sua política antidrogas.
Antes, porém, é preciso informar tudo sobre o assunto, visto que também neste campo há ainda muita ignorância. Antes de tudo, para que as pessoas possam refletir sobre o tema, impõe-se a divulgação de todos os números sobre o assunto, as propriedades das drogas, os seus efeitos concretos, número de mortos, números da guerra contra as drogas, as fortunas que elas geram etc. Depois de divulgado tudo, deve-se iniciar a discussão.