Os Black Blocs têm servido de inspiração para todo tipo de análise política, da esquerda à direita, para o bem e para o mal. Para alguns, são os jovens assustando os velhos. Este movimento anarquista procura provocar o Estado (e seus aparatos de repressão social, como a polícia) e atingir a propriedade privada (agências bancárias e outros estabelecimentos) porque representa o centro nervoso, ideológico, do poderio econômico da sociedade capitalista.
A imaginação política do movimento anarquista procura demonstrar que o Estado não é capaz de prestar segurança aos cidadãos; pois, ao efetuarem os ataques a lojas e departamentos nos movimentos de protesto, causando sempre muita confusão, raramente são contidos pelo Poder Político. Então, se o Estado e suas forças de contenção não são suficientes para administrar os tumultos, fica a sensação de impotência pública em prestar segurança ao cidadão comum. Como dizem os especialistas, esvai-se a sensação de segurança.
Além disso, mostram-se dotados de uma inteligência social inegável, ao convocar milhares de jovens em seus uniformes pretos, como ninjas. Porém, a superação realmente veio com as bombas caseiras que acionaram sobretudo em São Paulo. O efeito é semelhante ao provocado pelos chamados Coquetéis Molotov, provocando um efeito incendiário, pirotécnico. O que muda, radicalmente, é a fórmula dos explosivos – a fórmula é composta de açúcar, paçoca de amendoim, algodão e outras substâncias caseiras que formam uma pasta inflamável.
Sem dúvida alguma, há muita criatividade e conhecimento (técnico) associados; afinal, quem imaginaria que açúcar e paçoca poderiam explodir? Alguém, inegável conhecedor de química, chegou a este resultado. Talvez tenha sido por acaso, procurando uma coisa diferente, chegou-se a isto. Como denominam os cientistas, trata-se de aplicar a serendipidade. Um conhecimento aberto e aplicado, sem ranços, na busca da inventividade, e com a criatividade que se espera para ver o “novo”. Neste caso, a serendipidade encontrou uma bomba doce.
Fiquei com a certeza de que esses jovens deveriam estar na escola e na universidade, sem precisar matar ou se ferir em protestos, e realmente sendo criativos e inventivos de soluções que tornassem o Brasil um país de verdade. Nossa diferença para eles é que estamos em casa e eles vão para a rua. A pergunta correta é: “o que vamos fazer para que os Black Blcs não sejam necessários?”.
Os jovens Black Blocs esbravejam e lutam contra a corrupção pública no país. Até agora, ao longo da República, nada ou quase-nada foi feito. Contudo, o que cada um de nós, no fundo da consciência, tem feito?
A vida comum do homem médio revela que a corrupção é endêmica; diria que há uma pandemia de moral negativa. Assim como é uma genética imoral que nos apossou como cultura do mal comum. Tudo isso está correto, mas será que os Black Blocs não colam nas provas?