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Reforma política e lista fechada

29/03/2014 às 08:08
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Alguns já se esqueceram da luta pelas diretas já, a luta para podermos votar para presidente através do voto direto, e outros fingem que não se lembram, muito embora, subiram em palanques e defenderam o voto direto em todos os níveis.

Alguns já se esqueceram da luta pelas diretas já, a luta para podermos votar para presidente através do voto direto, e outros fingem que não se lembram, muito embora, subiram em palanques e defenderam o voto direto em todos os níveis, ou melhor, para todo os cargos.

Agora, por mais absurdo que possa parecer, alguns deputados querem tirar o voto de milhões de brasileiros e entregar o direito de escolha de candidatos aos partidos políticos, querem supostamente, instituir a ditadura dos partidos, onde esses é que definirão quem deverá estar na Câmara de Vereadores, Assembleias  Legislativas, Câmara dos Deputados ou Senado Federal, por meio das listas pré ordenadas. Quem diria que encontraríamos pessoas com coragem de defender o fim do voto direto, a volta dos colégios eleitorais.

Todos nós sabemos que a corrupção, infelizmente, é gritante em nosso país, e aí é que eu faço a seguinte pergunta: quanto custará uma vaga nos primeiros lugares dessa lista? É justo deixarmos alguns burocratas da máquina partidária escolher nossos representantes? Qual será o índice de renovação nas câmaras? Será que existirá renovação ou os donos de partidos estarão sempre no topo das listas? E a qualidade dos mandatos, qual será a motivação de se fazer um bom mandato, se quem irá escolher não será a população e sim os partidos? Ou seja, uma pessoa poderá fazer um péssimo mandato, mas tendo o controle partidário, estará entre os primeiros na lista.

Será que  esse parlamento terá coragem de acabar com a expressão maior da democracia,  ficarão conhecidos como aqueles que tiraram o direito de votar do cidadão? Como irão encarar o cidadão?

A história demonstra que em todos os lugares que tivemos partidos tidos como fortes, esses países se transformaram em ditaduras, assim vejamos: Itália com Mussolini, Alemanha com Hitler, União Soviética com Stalim, China com Mao Tse-Tung, Cuba com Fidel Castro, Brasil com Getúlio Vargas, como outros. Creio eu, o que temos que ter não é partido forte e sim democracia forte. O nosso sistema político foi capaz de eleger um presidente operário e um congresso com perfil diversificado, más, com a vergonhosa proposta de tirarmos o voto do cidadão, a tendência é elitizar a política, é  manter velhos caciques no poder, é ir na contramão da história, enfim contra a democracia.

O poder absoluto é terrível, a maioria muitas vezes tendem a cometer abusos. Temo pelo futuro da democracia com as propostas oportunistas que ganham força na câmara, como o financiamento público de campanhas  e o voto nas listas fechadas. Alguém é ingênuo o suficiente para acreditar que com o financiamento público conseguirá acabar com os abusos de financiamentos criminosos de campanha? Ora, o que vemos na Câmara Federal através da proposta de alguns deputados e partidos  é o cúmulo do absurdo, é subestimar a inteligência do cidadão e o desrespeito com o mesmo, tirando o que ele tem de mais sagrado que é o direito do voto.

Espero e peço a Deus que não tenha que presenciar o fim do voto direto, expressão maior da democracia. Sou contra esta ditadura dos partidos que querem instaurar no Brasil, onde já sabemos quem são os donos dos partidos.

Defendo e defenderei sempre, a democracia. DIRETAS SEMPRE.

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Sobre o autor
Wagner Rubinelli

Advogado eleitoral, Professor de Direito Constitucional e Pós-graduado em Direito Constitucional pelo Instituto Brasileiro de Direito Constitucional.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

RUBINELLI, Wagner. Reforma política e lista fechada. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n. 3923, 29 mar. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/27110. Acesso em: 22 dez. 2024.

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