Uma criança, uma arma e uma vida salva

03/02/2015 às 22:46
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Uma breve análise sobre o assunto das armas de fogo e os interesses da mídia brasileira em mascarar determinados fatos e acontecimentos.

A mídia brasileira massivamente tenta desencorajar um cidadão a ter uma arma de fogo. São inúmeras publicações divulgadas e escritas por especialistas extremamente parciais quando se trata do assunto das armas. Dizeres como: "nunca se deve reagir a um ataque confrontando um bandido", "as armas são um grande perigo para as famílias", "elas só trazem desgraça", "elas não trazem segurança" são os mais populares entre a mídia.

Estudos têm mostrado que isso não passa de uma enorme falácia. O economista, J. Lott, comprovou mediante diversos estudos que mais armas compradas de maneira legal resultam em menores taxas de crimes violentos.[1]

Joyce Lee, autora do livro Violência e Armas, reuniu diversos estudos sobre reações de vítimas sob contato com criminosos e discorreu o seguinte:

“[...]Estudos criminológicos têm mostrado que vítimas que resistem com uma arma de fogo ou outros tipos de arma têm apenas metade da chance de serem feridas do que aquelas que não apresentam resistência alguma, e as que não resistem não somente têm mais chances de serem feridas, mas também de serem estupradas ou roubadas.[2] Mesmo numa situação grave onde uma vítima armada confronta um ladrão armado, a Pesquisa Nacional de Vítimas do Crime descobriu que as vítimas armadas têm muito menos chances de se ferirem do que as que resistem de outras maneiras, e um pouco menos de chance de se ferirem do que aquelas que não resistem de forma alguma.[3] Em cerca de 98 por cento das vezes os cidadãos armados têm somente que ameaçar usar suas armas para parar o ataque.[4] Ao contrário do que se costuma acreditar, os criminosos tomam a arma da vítima em menos de um por cento de todos esses confrontos[5].”[6]

O exemplo perfeito para provar essa teoria aconteceu no dia 30 de Janeiro desse ano, em Michigan-EUA, quando uma menina de 11 anos estava sozinha em casa, pela tarde, um assaltante arrombou a porta de sua residência. O quadro perfeito para maldades inimagináveis, uma criança sozinha e um bandido dividindo o mesmo lugar. A criança se trancou no closet do banheiro. Quando o ladrão forçou a porta do banheiro se deparou com a criança, mas para a surpresa do facínora, a criança estava segurando uma espingarda calibre 12 gauge apontando para ele. O bandido ao se deparar com a cena fugiu, logo após o evento, a polícia conseguiu prender o indivíduo.[7] [8]

Mais uma vez, uma vida foi salva pelo uso de uma arma. Ninguém precisou morrer. Aquele instrumento demonizado por tantos veículos de informação brasileira, na mão de uma criança de 11 anos, que certamente foi educada a ter respeito por aquele objeto salvou a vida dela e nem precisou ser disparada.

Para a mídia brasileira, entretanto, aparentemente só se noticia sobre armas nos Estados Unidos quando acontece alguma tragédia. Mal os expectadores sabem que nosso país é muito mais violento e nossa taxa de homicídios é maior do que o dobro da americana.[9] Talvez devêssemos aprender mais com os EUA e cuidar do banho de sangue que é derramado por aqui. Afinal, o que é mais perigoso, armas ou seu preconceito com elas?


[1] Cf. LOTT “More Guns, Less Crime”

[2] KATES, “Gun Control and Crime Rates,” p.6.

[3] KLECK, “Guns and Violence”, pp.17-18. Kleck cita uma série de estudos sobre esse efeito.

[4] LOTT, “More Guns, Less Crime”, p.3.

[5] KLECK “Guns and Violence”, p.18.

[6] MALCOLM, Joyce Lee, Violência e Armas – A experiência britânica, Cap. 7 Mais Armas Mais Crime ou Mais armas Menos Crime? O Caso Americano, p. 242.

[7] Cf. TIM, Matéria do Jornal Guns ‘n’ Freedom, “11 Year Old Uses Shotgun to Defend Against Home Invader”. Disponível em http://gunsnfreedom.com/11-year-old-uses-shotgun-to-defend-against-home-invader/

[8] Cf. Stephen Gutowski, Matéria do Jornal Free Beacon, “11-Year-Old Girl Uses Shotgun to Save Herself From Home Invader”. Disponível em http://freebeacon.com/culture/11-year-old-girl-uses-shotgun-to-save-herself-from-home-invader/

[9] Cf. UNODC, 2014 Global Homicide Book, p. 25. Disponível em http://www.unodc.org/documents/gsh/pdfs/2014_GLOBAL_HOMICIDE_BOOK_web.pdf

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Sobre o autor
Nicolau Bender

Nicolau Koch Bender, acadêmico de direito na Uniritter de Canoas/RS, Pesquisador sobre criminalidade e violência.

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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