Uma sábia e divertida crônica sobre o papel dos gerentes e administradores nas organizações
Como nos velhos contos … Era uma vez …
Era uma vez um homem que sonhava ser rico, muito rico. Filho de pais pobres, vindos da dura vida na roça, ele vivia uma vida bem modesta, trabalhando quatorze horas por dia como auxiliar de compras em uma grande empresa.
O pouco que sobrava de seu pequeno salário mensal ele poupava, certo de que, um dia, acharia algo grande para investir. Algo que o libertaria da mediocridade e da vida dura de quem vive correndo das contas mensais.
Um dia, resolveu caminhar em seu curto horário de almoço. Perdeu a noção do tempo. A mente divagando, sonhando com um futuro de fartura e sucesso. Quando deu por si, havia andado mais de uma hora e meia. Nem reconhecia o lugar onde estava.
Levantou sua cabeça, assustado. Prédios estranhos, que ele nunca tinha visto, desfilavam diante de si. Mais ao fundo, uma imponente construção destacava-se das demais. Uma placa chamativa despertou sua atenção:
“Corrida de Cavalos”!
Entrou. Aquele ambiente era mágico. Pessoas bonitas e bem-vestidas andavam como se estivessem em uma festa. Mulheres e homens elegantes moviam-se como se estivessem flutuando, como se seus pés nem tocassem o chão.
Ele já tinha ouvido falar daquele lugar. Era onde os ricos se reuniam para apostar nas corridas de cavalos. Ele se questiona por que teria ido parar lá. Teria sido um sinal da divindade?
Começou a explorar os ambientes. Desceu uma escada, que levava à outra. Sentiu um cheiro que lhe era familiar, devido à dura infância na roça. Sabia que estava perto dos cavalos.
Começou a caminhar entre as coxeiras. Cada animal mais lindo que o outro. Imponentes, elegantes. Muito diferentes dos cavalos que tinha conhecido, que eram sempre mal cuidados e sofridos, devido ao duro trabalho na lida e no duro serviço da fazenda.
Andou, andou e andou até parar em frente à coxeira número 27. Um cavalo branco, com manchas cinzas no dorso, olhou fixamente para ele.
O homem sentiu algo estranho. Uma emoção quase mágica tomou conta de si. De repente, o cavalo olha para ele e, para a sua mais completa perplexidade, DIZ:
“Aposta em mim, vou ganhar!” - frase seguida de um alto relincho.
O homem não conseguia se conter. Seu dia havia chegado! Todos os anos de trabalho duro iriam ser recompensados. Poderia dar para si e para seus pais a digna vida que sempre sonhou. Não havia mais dúvidas: AQUILO ERA O SINAL!
Saiu correndo dali. Pegou um táxi com o dinheiro que seria destinado a todo o seu mês de transporte, fornecido pela empresa onde trabalhava. Parou em frente ao banco onde guardava suas economias, fruto de anos de privação.
Entrou na fila para sacar. Quase não conseguia conter sua emoção e excitação. Sua vez tinha chegado. Nada mais poderia deter seus planos.
Após superar todas as tentativas do gerente do banco para impedir o saque, partiu correndo com quase R$ 15.000,00 dentro de uma sacola. O táxi parou em frente ao hipódromo. Correu ao guichê de apostas e viu que a corrida do Cavalo nº 27 seria o próximo páreo.
Apostou tudo: R$ 14.985,34. Era a chance de sua vida! Era a chance que ele tanto esperou.
Correu para o lugar onde os ricos ficavam. Sentou-se entre eles. Em breve, seria um deles. Era só questão de tempo, de minutos. Daqui a instantes, ele seria um daqueles homens que flutuavam sobre o chão. E andaria com mulheres perfeitas, como se viessem de uma festa.
A corrida começou. Os cavalos disputando corpo-a-corpo, cabeça com cabeça pelo primeiro lugar, até a chegada. Os minutos que separaram a largada da chegada pareciam horas. Todos os cavalos pareciam muito próximos. O placar eletrônico informa: o vencedor tinha sido… Outro cavalo. O nº 27 tinha chegado em último lugar.
Era o fim de tudo. Sua vida terminava ali. Foi em casa, pegou um velho revólver de seu pai. Colocou apenas duas balas. Seria uma para o maldito cavalo, que lhe havia feito perder não somente todas as suas economias, mas todos os seus sonhos. E a outra bala, para ele mesmo!
Chegou na cocheira. Mal conseguia encarar o cavalo. Apontou a arma para a cabeça do animal e, quando ia atirar, o cavalo olhou para ele e disse:
“Eu posso ser um cavalo, mas você é muito burro. Além de falar, você ainda queria que eu soubesse correr bem?”
E apenas um tiro foi ouvido naquela tarde!
Qual é a moral desta fábula? Muito fácil…
Muitas pessoas nascem com um talento único, algo que as torna diferentes. Mas, isso não é suficiente para garantir o sucesso de um empreendimento.
Conheci indivíduos que eram verdadeiros gênios no que faziam. Muitos deles não conseguiram lograr êxito em suas empresas, justamente por não saberem gerenciar seus negócios. Já vi inúmeras ideias brilhantes morrerem em decorrência de gestões atrapalhadas.
Talentos e ideias só conduzem ao sucesso se forem bem gerenciados. E este é o grande desafio dos chamados empreendedores: terem humildade para contratar gestores ou qualificarem-se para a missão.
Mesmo sabendo que nosso talento, às vezes, é simplesmente ser um cavalo falante. E isso já e coisa demais!