Tratar do Direito ao meio ambiente, conforme Freitas (2012), implica possibilitar sua tradução em práticas sociais, que envolvam as pessoas em sua cidadania.
O que é ser cidadão? É ter consciência de sua capacidade de participação na dinâmica sociopolítica de determinado tempo e espaço.
A educação ambiental permite, desse modo, ao cidadão, condições de aplicar o direito ao meio ambiente em sua lida, através da conscientização de que o meio ambiente é, segundo Lovelock (2010), um direito das futuras gerações e um dever da atual.
A desconsideração da pessoa humana começa quando você, mãe ou pai, não ensina o seu filho a cuidar do lixo que ele produz. Independentemente se ele tem alguém para fazer por ele o serviço doméstico, ele precisa aprender que é responsável, de alguma maneira, pelo espaço que ocupa no mundo.
A crítica tecida repousa na irresponsabilidade dos pais em ensinar aos filhos que eles precisam respeitar o espaço do outro; sujou, lave, produziu lixo, retire, separe, limpe. Limpar a própria sujeira não degrada ninguém, ao contrário, é tão nobre quanto reconhecer seu papel social de sujeito de direitos e deveres. Não jogar lixo na rua, colaborar com a limpeza do espaço do lar é fundamental na formação individual desse sujeito, porque, a partir desse olhar de respeito pelo ambiente de casa, pode-se discutir temas maiores, segundo Almeida ( 2011), como cuidar da cidade, país, do planeta, por meio de atitudes que aparentemente são simples, mas especialmente relevantes.
Muitos dos discursos ambientais, segundo Capra (2005), ignoram que é no micro, dentro de casa, que tudo começa. As mudanças não são geradas no outro. Precisam começar dentro de mim, da minha casa, da rua que moro, e assim sucessivamente. Como poderemos discutir questões ambientais para as próximas gerações se nossos filhos são incapazes de limpar e perceber a sujeira que produzem? Delegam para o outro, seja ele quem for (e nem vou entrar na questão do gênero aqui). Que tipo de cidadãos temos formado? Do que vale tanta informação, se somos incapazes de corrigir ações cotidianas de (des)respeito, (in)tolerância e (anti)ética?
A educação deve começar em casa, e, antes da formal, vem a moral embrulhada em pequenos gestos que podem ser tratados como irrelevantes, mas não são. Por isso, esse texto é uma espécie de bilhete pregado na geladeira, como um lembrete íntimo para alguém: "Por gentileza, pais e mães, ensinem seus filhos a cuidar do lixo deles; ninguém é obrigado a fazer isso por eles. Ensine-os que eles precisam cuidar do seu espaço, de si e dos outros, porque isso é ser humano, é perceber em si mesmo a constante necessidade de limpeza/melhora, é perceber também, no outro, parte de mim, que merece respeito antes de qualquer outra coisa. Ensine seu filho a cuidar do lixo dele, primeiramente por ele, depois por todos nós, que dividimos esse planeta com ele (Por favor!).".
Referências bibliográficas.
FREITAS, Juarez. Sustentabilidade: Direito ao futuro. Belo Horizonte: Fórum, 2012.
ALMEIDA, Fernando. Desenvolvimento sutentável 2012-2050, visão rumos e contradições. Rio de Janeiro:Elsevier, 2011.
CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. São Paulo, Cultrix, 2005.
LOVELOCK, James. Gaia: Alerta final. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010.