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A contratualização das políticas urbanas e a PPP da habitação do centro de SP

Agenda 15/02/2016 às 20:38

As Parcerias Público-Privadas podem ser um importante meio de implementação de políticas urbanas e efetivação do direito à cidade. A PPP da Habitação do centro de São Paulo é exemplo desta iniciativa. Trata-se de uma nova forma de gestão pública.

A abertura das inscrições para os interessados na "PPP da habitação do centro de SP", parceria público-privada que tem como objeto a construção de moradias de interesse social na região central da capital, reforça o debate que integra dois grandes pontos de discussão: gestão pública e a implementação de políticas urbanas por meio de contratos.

O aperfeiçoamento da parceria entre o Estado de São Paulo e a empresa vencedora da licitação promoverá a construção de 14.124 unidades habitacionais no centro estendido paulistano que, em sua totalidade, representará uma operação econômica estimada em R$ 6 bilhões.

A "PPP da habitação do centro de SP" vai ao encontro do que o sociólogo francês Henry Lefebvre denomina como direito à cidade, isto é, direito do cidadão ao habitat e ao habitar, o que, por muitos, atualmente, restringe-se à mera expectativa. Com efeito, a inabilidade dos administradores públicos e a escassez de recursos, aliada à falta de planejamento visando longos períodos, necessário para a implementação de políticas urbanas de impacto e aptas a satisfazer as necessidades do povo, faz com que os graves problemas urbanísticos apresentados na metrópole paulistana se perpetuem.

O projeto que está em andamento tem, sobretudo, o desafio de implantar infraestrutura urbana destinada à habitação de interesse social, o qual será enfrentado por meio da técnica contratual da PPP. Isto porque a parceria público-privada, de um lado, soluciona o problema da escassez de recursos a partir de complexos arranjos econômico-financeiros e, de outro lado, se utiliza da expertise do particular para a produção de resultados e alcance de efetividade.

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Não há que se concluir, portanto, que as políticas urbanas fixadas pelo Governo do Estado de São Paulo, mediante longos contratos (20 anos), representam uma nova forma de gestão pública, a qual se desenvolve desde a Lei Geral das Concessões (Lei. 8.987/1995). Nas palavras do eminente professor doutor Egon Bockmann Moreira, as políticas públicas alicerçadas em contratos administrativos encontram-se blindadas, estabilizando as prioridades eleitas pelo governo para além do calendário eleitoral.

Resta a dúvida – e o medo – tanto em relação às prioridades eleitas pelo atual governo paulista quanto aos interesses que a "PPP da habitação do centro de SP" efetivamente atenderá, pois estaremos diante de um contrato que representará, daqui a 20 anos, as escolhas políticas realizadas nos dias hoje.

Sobre o autor
Luis Alberto Hungaro

Mestrando em Direito do Estado da UFPR. Pós-graduando em Direito Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET). Integra o Núcleo de Estudos de Direito Administrativo, Urbanístico, Ambiental e Desenvolvimento da UFPR (PROPOLIS) e o grupo de pesquisa Desenvolvimento, Infraestrutura e Direito da Academia Brasileira de Direito Constitucional (ABDConst). <br>Advogado associado no escritório SFT&PA Advogados Associados. Atua nas áreas de Direito Administrativo e Tributário.

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