Se fosse válida, a teoria que diz que a corrupção é útil (porque faz circular o dinheiro surrupiado) encontraria comprovação na pessoa de Cláudia Cruz que, como se sabe, é mulher do Eduardo Cunha. Com o impeachment da Dilma que se avizinha, este passa a ser um tipo de “vice-presidente” (sucessor direto do Temer). No lugar do Temer ele pode eventualmente ocupar a Presidência da República. E aí, Cláudia Cruz, que, com nosso dinheiro, se tornou titular de contas secretas na Suíça, será nossa 1ª dama. Cada país tem a sua Maria Antonieta que não merece.
Um governo corrupto (PT) está sendo derrubado (tardiamente) por um impeachment desgraçadamente presidido por um deputado corrupto (Eduardo Cunha – já denunciado no STF por ser titular de contas secretas na Suíça).
Dos deputados e senadores que vão muito provavelmente aprovar o impeachment, quase metade tem contra si ou uma investigação criminal ou um processo criminal (ver Congresso em Foco). Não fosse a lentidão do STF, muitos já estariam, inclusive, condenados.
O novo presidente, Temer (se o impeachment se consumar, como está previsto), também é acusado de corrupção (por Delcídio, inclusive), mas, sobretudo, por fazer passar medidas provisórias favoráveis a seu financiador de campanha (Grupo Libra), que é um conglomerado de logística que tinha dívida milionária com o governo e foi beneficiado, violando norma legal, com novo contrato para prestar serviços no porto de Santos[1]. A brecha (em favor do grupo) foi incluída numa medida provisória feita à medida para ele.
Se Temer, por qualquer motivo, deixar a Presidência da República (definitiva ou temporariamente), nosso Presidente será Eduardo Cunha. A primeira dama, nessa hipótese, será Cláudia Cruz, que gastou R$ 64 mil reais em 3 dias, em Paris[2]. Festança com nosso dinheiro, claro.
Se Cunha não puder assumir, por qualquer motivo, a presidência, nosso presidente será Renan Calheiros (que tem denúncia pendente no STF há mais de 1.100 dias, sem o devido recebimento, por corrupção praticada junto à empresa Mendes Júnior). A crise institucional é profunda: sem o despudor das castas políticas e econômicas, bastante acostumadas com a impunidade, até o Judiciário faz parte do jogo maldito (dolosa ou negligentemente).
Se o impeachment é o 3º turno, a cassação da chapa Dilma-Temer pelo TSE é o 4º turno. As provas de que a campanha eleitoral de 2014 foi criminosa começam a brotar de mil fontes. Somente na usina de Belo Monte a cota do PT e PMDB (de 1%) chegou a quase R$ 15 milhões em propinas para a campanha de 2014.
Mais: o combinado foi pagar a propina como “doação eleitoral” (declarada junto à Justiça Eleitoral). Isso é o que estão afirmando os executivos da Andrade Gutierrez. O mesmo procedimento aconteceu com a propina do Complexo Petroquímico do RJ. Propina convertida em “doação eleitoral” é lavagem de dinheiro. Leia-se: crime cometido “dentro da lei”.
Na Petrobras, da mesma maneira, boa parte do percentual da propina (de 1% a 3%, para PT e PMDB) foi transformada em “doação eleitoral” (delação de Ricardo Pessoa). A mesma coisa ocorreu com o ex-senador Gim Argello (já preso), que chegou a distribuir o dinheiro da propina das empreiteiras para todos os partidos da sua coligação: DEM, PR, PMN, PRTB e PTB. Como se vê, era e é uma prática corrente a transformação de propinas em doações “legais”.
Todo esse modus procedendi deve ser levado em conta pelo TSE para promover a cassação da chapa Dilma-Temer, que está sendo fulminada por outras provas, como é o caso da empresa Pepper (em fase de delação), que recebia dinheiro em caixa 3 (diretamente, sem passar pelos candidatos). Pepper, que cuida das redes sociais, recebeu dinheiro, dentre outras, da empreiteira OAS (que também está em fase de colaboração).
O sistema político brasileiro está morto. Mas se trata de um cadáver insepulto. Impeachment, cassação do TSE e nosso voto: assim consumaremos o sepultamento desse abjeto sistema, fazendo a faxina geral de que tanto necessitamos. A História mostra que, depois de longos períodos de caos e corrupção sistêmica, há melhoras no comportamento humano. Isso nos faz supor que o Brasil, depois de todo esse vendaval da Lava Jato, vai aprimorar seus sistemas de controle e de prevenção da corrupção e, assim, será menos subdesenvolvido, menos desigual e menos miserável.
CAROS internautas que queiram nos honrar com a leitura deste artigo: sou do Movimento Contra a Corrupção Eleitoral (MCCE) e recrimino todos os políticos comprovadamente desonestos assim como sou radicalmente contra a corrupção cleptocrata de todos os agentes públicos (mancomunados com agentes privados) que já governaram ou que governam o País, roubando o dinheiro público. Todos os partidos e agentes inequivocamente envolvidos com a corrupção (PT, PMDB, PSDB, PP, PTB, DEM, Solidariedade, PSB etc.), além de ladrões, foram ou são fisiológicos (toma lá dá cá) e ultraconservadores não do bem, mas, sim, dos interesses das oligarquias bem posicionadas dentro da sociedade e do Estado. Mais: fraudam a confiança dos tolos que cegamente confiam em corruptos e ainda imoralmente os defendem. |
Notas
[1] Ver http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,grupo-doador-de-campanha-de-temer-recebe-beneficio-de-aliado-em-porto,10000006082, consultado em 13/04/16.
[2] Ver http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2016/03/30/banho-de-loja-da-mulher-de-cunha-como-gastar-r-64-mil-em-3-dias-em-paris.htm, consultado em 13/04/16.