"Fora Dilma, Aécio, Lula, Temer". Ethos, Logos e Pathos. A Pólis destruída

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O mais importante não está sendo objetivado, a pólis. As manifestações têm servido mais aos interesses isolados do que o próprio Estado Democrático de Direito. E é muito perigoso tais condutas.

O homem em estado de natureza e isolado só pode ser um deus ou um animal

Em qualquer site sobre Direito, os cidadãos querem saber de seus direitos. Quando algum operador de Direito edita artigo sobre impeachment, não faltam calorosos comentários; uns contra, outros a favor. Ideologias. Defensores de Ordem e Progresso exigem virtudes na política, pois estão cansados de 'ladrões'. O extraordinário disso tudo é que os políticos não vieram de Marte, muito menos de Júpiter, mas nasceram em solo brasileiro.

Na entoada de Ordem e Progresso a bandeira brasileira está estampada em bonés, camisas. O sentimento de patriotismo se faz. Os defensores oradores, os patriotas (Ethos), entoam os conteúdos de seus discursos (Logos) para emocionar (Pathos) o público, de maneira que os defensores oradores consigam a aceitação pelos seus próprios argumentos racionais, lógicos (Logos).

O grandíssimo problema do Logos é que não há lógica nenhuma. Os defensores oradores, que se dizem realmente patriotas ( Ethos), apesar de conseguirem emocionar (Pathos) o público, não agem em defesa da própria Pólis (Estado Democrático de Direito). As atitudes cívicas dos bons cidadãos, na realidade, são aparentes: furtos de energia elétrica; fraude no processo de habilitação terrestre, nos vestibulares; racismos; discriminações. Ou seja, o individualismo.

Aristóteles dizia que a sociedade e a família são mais importantes que a individualidade. E no Mundo Líquido (Zygmunt Bauman) cada qual só pensa em si. É o "eu" e "eu" (infinitamente) antes de "nós". O consumismo, um Sagrado profano a preencher o vazio humano, e o marketing e a publicidade, símbolos para explicar a vida, como o ser humano deve viver e se comportar (mitologia), dão respostas prontas para a vida. Nesse Sagrado profano e nessa mitologia, os cidadãos pensam egoisticamente. Viver bem, então é acumular riquezas, é ter um status positivo interpretado pela mitologia, pois assim se alcança o Sagrado profano. A mitologia permite a sobrevivência da humanidade, pois representa vida (a nova deusa Gaia). A veneração aos novos deuses (status, riquezas, tecnologia, indumentárias etc.) necessita de rituais que esses deuses agem na vida humana.

Os rituais modernos, para conjurar os deuses, e conseguir felicidade e abundância, é a idolatria ao status, a necessidade de acúmulo de riquezas, de propriedades, o individualismo, os cânticos endossando o deus da religião mais perfeita, a aquisição de prosperidade material mediante oferendas e 'sacrifícios' (compra de objetos abençoados, como caneta, lenço etc.).

Como mortais, pois o ser humano teve consciência de sua condição orgânica, finita, tornou-se necessário um sentido da vida e da morte. Para viver bem é preciso saciar os instintos, mesmo que se faça uso de estimulantes. O momento da felicidade é esquecer da morte, do sofrimento, e tudo o que for possível para esquecê-los é gasto em energias momentâneas. Sendo a vida um piscar de olhos, viver bem é gozar a vida (deixa a vida me levar; excitarei os meus sentidos físicos). O sentido da vida não é mais viver bem, mas simplesmente viver. Viver bem é péssimo, porque é monótono: é a simples conversa, o apreciar da natureza. O simples viver é viver pelos estímulos contínuos que excitam, que façam sair da monotonia diária. O viver bem (realidade) é o tormento; o simplesmente viver é não pensar sobre as próprias postura a si mesmo, aos demais cidadãos.

Os objetos sagrados (tecnologias), os locais sagrados (locais de status considerados positivos) oferecem oportunidades de sair do ordinário, a própria vida psíquica do ser humano — pois a vida intrapsíquica é cheia de superstições, de medos. Delimitam-se locais sagrados e objetos sagrados (empresas e suas mercadorias) para serem adorados. As ideologias políticas também são Sagrados profanos, sendo os mitos os símbolos (cores, objetos, brasões) e os rituais as canções, os confrontos físicos e verbais. O Sagrado profano, então, é separado da realidade humana, porque o ser humano considera que a realidade é brutal e, principalmente, não atende aos seus desejos.

No final, a Pólis não tem importância, muito menos a própria sociedade. Cada ser humano é um deus autossustentável, mas cada qual duela para ser o mais belo, o mais forte.

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Sobre o autor
Sérgio Henrique da Silva Pereira

Articulista/colunista nos sites: Academia Brasileira de Direito (ABDIR), Âmbito Jurídico, Conteúdo Jurídico, Editora JC, Governet Editora [Revista Governet – A Revista do Administrador Público], JusBrasil, JusNavigandi, JurisWay, Portal Educação, Revista do Portal Jurídico Investidura. Participação na Rádio Justiça. Podcast SHSPJORNAL

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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