Até parece que foi ontem. Alguns não podem recordar, mas foi no dia 17 de março de 2006 que a Confederação Sul-Americana de Futebol elegeu o Brasil como sede do mundial futebolístico, que ocorrerá em junho de 2014. À época quem exercia o cargo supremo do Poder Executiva era o então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Positivos manifestos foram mencionados, como: “O Brasil investirá, até 2014, mais do que já investiu durante 30 anos”, mencionou Lula; “Teremos um grande aumento do PIB brasileiro”, dizia o Banco Itaú.
De lá pra cá, inúmeras discrepâncias existiram e todo mundo tem conhecimento disso. Mas agora questiono. A administração, especialmente a contábil, foi realmente estudada/estruturada? Os bilhões gastos em todas as infraestruturas realmente serão suficientes para ter um aumento significativo na economia brasileira? Não é o que pensam alguns estudiosos!
O Ministério do Turismo espera um número de, aproximadamente, 600 mil turistas internacionais e cerca de 3 milhões de turistas nacionais, tendo como arrecadação mais de R$ 25 bilhões durante os 32 dias do evento esportivo. No entanto, à agência de classificação de crédito, Moody-s, estima que aquela arrecadação será medíocre em comparação ao PIB brasileiro de R$ 2,2 trilhões, além dos gastos diretos e indiretos dispensados até hoje na infraestrutura esportiva.
A revista Exame publicou outra vertente que prejudicará o Brasil durante a Copa do Mundo – a paralização das atividades laborais em todos os seus segmentos devido aos feriados e um possível aumento da inflação.
Que o nosso país tem uma imagem, nacional e internacional, de gastador impulsivo e titular de várias ocorrências de desvio de verba pública, isso todo já sabe, também. Agora, em pleno início da Copa do Mundo, surgiram informações do Fundo Monetário Internacional (FMI) que deixou um certo medo “no ar”.
O FMI afirmou, durante a reunião do G20 nos dias 22 e 23 de fevereiro de 2014, que o Brasil “tem hoje a maior dívida pública entre os países tidos como mais vulneráveis às recentes turbulências das finanças globais[1]”, sendo acompanhado por países como Índia, Indonésia, África do Sul e Turquia. A característica destes países é que seus governados e governantes são gastadores e os Estados possuem déficit em seguimentos comerciais com inúmeros países do mundo.
O lado positivo é que certos segmentos terão uma receita líquida satisfatória no período da Copa do Mundo, como é o caso das indústrias de bebidas destiladas, hotelaria (em algumas cidades, é claro), setor alimentício, veicular, dentre outros. Porém, o Brasil não se sustenta apenas destes setores empresariais.
Todo bom administrador público sabe (ou pelo menos deveria saber) que a base de uma boa administração é que o ente administrado tenha sustentabilidade própria e mecanismos de tributação dignos, sociais e proporcionais à realidade emergente. Logo, com todas as turbulências financeiras, o Brasil, mais uma vez, poderá solicitar um empréstimo ao FMI, tentando quitar suas dívidas oriundas de atividades má planejadas, permanecendo um solvens no mercado internacional.
REFERÊNCIAS:
EXAME. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/economia/noticias/3-razoes-pelas-quais-a-copa-nao-vai-ajudar-tanto-o-brasil?page=1>;
VALOR ECONÔMICO. Disponível em: < http://www.valor.com.br/financas/3435862/brasil-e-um-dos-mais-afetados-por-volatilidade-nos-emergentes-diz-fmi>.
[1] FOLHA ONLINE. Disponível em: < http://dinheiropublico.blogfolha.uol.com.br/2014/02/04/nas-contas-do-fmi-brasil-tem-a-maior-divida-publica-entre-os-5-frageis/>