Advogado da Camargo Corrêa diz que as prisões preventivas são usadas como tortura para fechar acordos de delação premiada

15/06/2015 às 13:54
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O criminalista Antônio Cláudio Mariz critica as prisões preventivas da operação Lava Jato e diz que elas violam os princípios do direito.

O criminalista Antônio Cláudio Mariz de Oliveira afirma que as prisões preventivas são usadas como tortura para que os acusados da Operação Lava Jato delatem. Para ele, essas prisões violam o direito e são o reflexo de que a presunção de inocência é um princípio rasgado no Brasil.

Em entrevista, o advogado diz que os acusados “fazem qualquer delação para sair da cadeia” e que não se procura confirmar a veracidade dos fatos apresentados. Apesar de Mariz ter sido contra a decisão, seu cliente, o vice-presidente da Camargo Corrêa, Eduardo Leite, deixou a prisão em março deste ano após negociação de delação premiada.

A respeito do juiz que conduz a operação, Sergio Moro, o criminalista acredita que “ele é bom tecnicamente, mas é punitivo. Ele não tem um viés garantista”. A cultura punitiva, segundo ele, está arraigada na sociedade brasileira que “passou a ter uma única expectativa do direito penal: a expetativa da culpa”, garantindo que ações que ferem os princípios do direito não sejam criticadas.

Ao falar do papel da mídia na cobertura de crimes como os da operação Lava Jato, Mariz acredita que ela “não tem tratado o crime como tragédia, mas sim como espetáculo” ao expor os acusados. Segundo ele, a forma como essa exposição é feita, principalmente pela mídia televisiva, “execra imagem do acusado” e “é uma pena perpétua e de uma crueldade a toda prova”, pois também atinge a imagem de seus familiares e amigos. 

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