CONCLUSÃO
A violência intrafamiliar contra a mulher é tema de estudo nas mais diversas áreas do saber. Temos como cerne desse trabalho o aspecto sócio normativo da prática e validação da violência, bem como a análise dos símbolos de dominação, sob a ótica da teoria de Pierre Bourdieu, dentro do contexto de um município do interior cearense e da figuração do “cabra-macho” nordestino.
Para Amaral (2001), pode-se afirmar que a violência simbólica constitui-se numa ante-sala da violência física. E é no cotidiano que se dão as relações violentas e a naturalização e banalização de uma hierarquia na qual a mulher está confinada aos estratos inferiores, ou seja, a hierarquia entre os gêneros.
Não se busca aqui trazer respostas acabadas sobre a construção da violência simbólica contra a mulher no campo das relações sócio afetivas, mas objetiva-se demonstrar um paralelo entre a teoria Bourdieudiana e a prática costumeira, no campo onde a pesquisa fora realizada.
A hierarquia historicamente construída, a falta da efetivação prática das normas legais, a dependência econômica e afetiva, bem como toda a construção social da relação entre homem e mulher são fatores que contribuem com a violência intrafamiliar contra a mulher, que remota ao homem das cavernas e perdura até a sociedade da modernidade tecnológica de conceitos e práticas ultrapassadas.
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Nota
[1]À denúncia das agressões que ocorrem fora do horário de funcionamento da Delegacia da Mulher de Iguatu, são feitas na Delegacia de Polícia desse município, enquadrando-se como crimes comuns e não como crimes específicos de violência contra a mulher que tem tutela legal especial pela Lei nº 11.340 – Lei Maria da Penha.