Artigo Destaque dos editores

Aspectos sócio-normativos da prática de violência intrafamiliar contra a mulher:

uma perspectiva da construção símbolica da dominação masculina do “cabra macho”

Exibindo página 2 de 2
22/06/2014 às 15:45
Leia nesta página:

CONCLUSÃO

A violência intrafamiliar contra a mulher é tema de estudo nas mais diversas áreas do saber. Temos como cerne desse trabalho o aspecto sócio normativo da prática e validação da violência, bem como a análise dos símbolos de dominação, sob a ótica da teoria de Pierre Bourdieu, dentro do contexto de um município do interior cearense e da figuração do “cabra-macho” nordestino.

Para Amaral (2001), pode-se afirmar que a violência simbólica constitui-se numa ante-sala da violência física. E é no cotidiano que se dão as relações violentas e a naturalização e banalização de uma hierarquia na qual a mulher está confinada aos estratos inferiores, ou seja, a hierarquia entre os gêneros.

Não se busca aqui trazer respostas acabadas sobre a construção da violência simbólica contra a mulher no campo das relações sócio afetivas, mas objetiva-se demonstrar um paralelo entre a teoria Bourdieudiana e a prática costumeira, no campo onde a pesquisa fora realizada.

A hierarquia historicamente construída, a falta da efetivação prática das normas legais, a dependência econômica e afetiva, bem como toda a construção social da relação entre homem e mulher são fatores que contribuem com a violência intrafamiliar contra a mulher, que remota ao homem das cavernas e perdura até a sociedade da modernidade tecnológica de conceitos e práticas ultrapassadas.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Guilherme de Assis, BITTAR, Eduardo C. B.. Curso de Filosofia do Direito. São Paulo: Ed Atlas, 2005.

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Ed Forense Universitária, 2007.

BOBBIO, Noberto. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992

BOURDIEU, Pierre, A Dominação Masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.

________, O Poder Simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

BRASIL, Glaucíria Mota (org). A Face Feminina da Polícia Civil. Fortaleza: Ed UECE, 2008.

BRASIL. Código Penal. Colaboração de Antonio L. de Toledo Pinto, Márcia V. dos Santos Wíndt e Lívia Céspedes. 39. ed. São Paulo: Saraiva 2010, 794.p.

BRASIL. Congresso Nacional. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 05 de outubro de 1988. Senado Federal.

BRASIL. Lei n.º 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violênciadoméstica e familiar contra a mulher, nos termos o § 8º do art. 226 da Constituição Federal,da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres eda Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher;dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; alterao Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal e dá outrasprovidências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br. Acesso em: 29 mar. 2011.

CELEBALLOS, R. Os “Homens Tristes” – (des)construções históricas e práticas masculinas no Nordeste (1910-1930). Campina Grande: Centro de Humanidades da UFPB (mimeo), 2000.

DAMATTA, Roberto. A Casa & a Rua, Espaço, Cidadania, Mulher e Morte no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco, 1997.

DURKHEIM, Émile. A Divisão do Trabalho Social, Volume 2. São Paulo: Ed Presença, 1994.

FIGUEIREDO, N. M. A. Método e Metodologia na Pesquisa Científica. São Paulo: Yendis Editora, 2007.

FOUCAULT. Microfísica do Poder. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1996.

GROSSI, PatriciaKrieger, AGUINSKY, Beatriz Gershenson. In GROSSI, PatriciaKrieger, WERBA, Graziela C. (org.). Violencia e gênero: coisas que a gente não gostaria de saber. Porto Alegre: ed PUCRS, 2001)

HIRATA, Helena. Nova Divisão Sexual do Trabalho? Um olhar voltado para a empresa e a sociedade. São Paulo: Boitempo Editorial, 2002.

MARCONI, Maria de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. São Paulo: Ed. Atlas, 2006.

MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. Rio de Janeiro: ed Vozes, 1994.

ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS – OEA. Convenção para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher – Convenção de Belém do Pará. Adotada em 9 de junho de 1994. Disponível em: WWW.cidh.oas.org. Acesso em 27 mar. 2011.

OSTERNE, Maria do Socorro Ferreira. Família, pobreza e gênero: o lugar da dominação masculina. Fortaleza: EDUECE, 2001.

QUEIROZ, M. I. P. Relatos Orais: do “indizível” ao “dizível”. In SIMSON, O. M. s V. (orgs).Experimentos com histórias de vida (Itália-Brasil). São Paulo: Vétice, 1988.

SAFFIOTI, Heleieth. I. B. Gênero, patriarcado, violência. São Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2004.

________,O Poder do macho. São Paulo: Ed Moderna, 1987.

SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, n. 2. v.16, p. 5-22, jul.-dez. 1995

Publicações Eletrônicas:

A cada dois minutos, cinco mulheres espancadas no Brasil. http: //WWW.opovo.com.br.html, Acessado em 25 fev. 2011.

FROTA, Helena. OSTERNES, Maria do Socorro Ferreira. Observem: Monitorando e Prevenindo a Violência Contra a Mulher. Fazendo Gênero 9. Diásporas, Diversidade, Deslocamento. 23 a 26 de agosto de 2010. Disponivel em: WWW.fazendogenero.ufsc.br. Acesso em: 02 jun. 2011.


Nota

[1]À denúncia das agressões que ocorrem fora do horário de funcionamento da Delegacia da Mulher de Iguatu, são feitas na Delegacia de Polícia desse município, enquadrando-se como crimes comuns e não como crimes específicos de violência contra a mulher que tem tutela legal especial pela Lei nº 11.340 – Lei Maria da Penha.

Fique sempre informado com o Jus! Receba gratuitamente as atualizações jurídicas em sua caixa de entrada. Inscreva-se agora e não perca as novidades diárias essenciais!
Os boletins são gratuitos. Não enviamos spam. Privacidade Publique seus artigos
Assuntos relacionados
Sobre a autora
Wanessa Kelly Pinheiro Lopes

Professora do Curso de Direito da Universidade Regional do Cariri - URCA; Advogada no EScritório Antero e Lopes Advocacia Mestranda do Programa de Pós-graduação em Direitos Humanos da Universidade Federal da Paraíba Especialista em Direito das Famílias pela Universidade Regional do Cariri - URCA

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

LOPES, Wanessa Kelly Pinheiro. Aspectos sócio-normativos da prática de violência intrafamiliar contra a mulher:: uma perspectiva da construção símbolica da dominação masculina do “cabra macho”. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 19, n. 4008, 22 jun. 2014. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/29619. Acesso em: 25 abr. 2024.

Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Publique seus artigos