Justiça, o lado moral na internet — Parte III — Mulher caçadora de homens.

A culpa é da mulher, não do homem, pelo fato

Leia nesta página:

Comentamos a divulgação de um vídeo no qual uma sargenta alerta mulheres sobre suas condutas de "levar 'candango' para casa", representando risco para a criança.

Introito

A internet, principalmente, as redes sociais, é um campo de pesquisa para os estudiosos sobre antropologia, sociologia, operadores de Direito, jornalistas. No mundo virtual, as pessoas (internautas) se sentem livres para comentarem o que pensam sobre vários assuntos, principalmente assuntos modificadores dos valores morais e éticos, como casamento entre LGBTs, aborto, feminismo etc. Essa 'liberdade' — não há liberdade absoluta, pois, por exemplo, cabe danos morais em caso de crimes contra a honra — permite uma 'catarse' contra o 'politicamente correto', este considerado como coação a liberdade de expressão; conquanto a própria liberdade de expressão não é absoluta.

Diferentemente do mundo virtual, o mundo físico, pela própria compreensão do agente ativo, impossibilita uma liberdade de expressão absoluta, por receios de ataques físicos, por exemplo.

Resolvi criar "Justiça, o lado moral da internet", para trazer, de forma concisa, como os internautas pensam sobre determinados assuntos. Justiça, o lado moral da internet está, como não poderia ser diferente, para não ficar 'enjoado' para os internautas — a maioria quer assuntos resumidos, sem perda de qualidade e do foco principal —, está dividido em partes. Cada parte, um assunto diferente.


Mulher "caçadora" de homem

Vídeo na internet com uma moral, a culpa da mulher por não pensar no próprio filho e procurar homem na rua.

"Sargento Tânia Guerreiro, manda recado para as mães que se separam sem pensar nos filhos e levam homens para dentro de casa.".

A frase acima encontra-se no perfil do Sargento Alexandre.

Tânia Guerreiro, sargenta, culpabiliza a mulher. Segundo ela, a mulher que se separa, não se sabe o motivo, começa a sair para rua querendo arrumar marido, por ela não conseguir viver sem homem. A mulher, então, vai para "bailão" para arranjar "candango jaguara"; leva-o para casa, no dia seguinte, a mulher sai para trabalhar, e deixa o "candango" na casa dela. Ainda segundo a sargenta, a mulher se ilude quando o homem diz palavras bonitas, como "princesa", "querida"; iludida, a mulher deixa um estranho e, pior, um possível "vagabundo", qualquer um pela cor dos olhos. Uma segunda voz, masculina, diz que a mulher não pode segurar um pouquinho.

O alerta da sargenta é quanto aos filhos, possivelmente, serem molestados por pedófilos. A mulher mãe, sem capacidade de viver sem homem, arranja logo um homem para tê-lo bem perto, na própria casa da anfitriã. Sendo mãe, a mulher não pode colocar qualquer homem em seu lar, sendo um perigo para o filho dela. Se a mulher quiser sair para algum "bailão", não leve nenhum homem para dentro de casa. A sargenta também assevera que 90% (noventa porcento) das mães são coniventes e que muitas mães expulsam os próprios filhos do lar.

O alerta da sargenta é muito bem-vindo. A prática de pedofilia é um mal, contumaz, não somente no Brasil. Crianças e adolescentes — relação sexual ou ato libidinoso, com menores de quatorze anos de idade, mesmo com consentimento deles, como no caso de "balinhas sortidas" — o adulto oferece balinhas em troca de sexo — é crime, crime de vulnerável (Art. 217-A, do CP).

No entanto, diante do machismo presente no Brasil, relativiza o sentido de vítima. Geralmente, tanto faz, homem ou mulher, o término de algum relacionamento pode fazer com que a pessoa fique fragilizada, emocionalmente. Não é incomum algumas pessoas quererem "esquecer" um relacionamento frustrado ou doloroso. Se frustrada, a pessoa pode querer "compensar o tempo perdido", com um novo relacionamento. Se doloroso, quase traumático, ou traumático, pode querer se recolher, não querer, por bom tempo, relacionar-se com ninguém. No caso de quase traumático, ou traumático, a pessoa quer se proteger de futuro sentimento doloroso.

A formação reativa, mecanismo de proteção do ego, faz com que a pessoa odeie o que gosta, ou mais gosta. Querer uma companhia, para poder compartilhar informações, momentos alegres, sentir-se protegido(a) etc., contudo, o que era amor, torna-se sentimento de ódio, desprezo. Um novo relacionamento, ou futuro, é uma dor que deve ser evitada. Desconfiança, ataques a qualquer pessoa que se aproxima para namorar.

Na rejeição, quem levou um "tchau" pode querer neutralizar os próprios sentimentos de dor. Sendo outro mecanismo de defesa do ego, a intelectualização, a pessoa rejeitada pode realizar uma análise sobre o ocorrido, mas querendo se afastar da dor, o tempo "perdido" com a pessoa que não soube corresponder ao amor oferecido. Nessa "equação", para neutralizar o sentimento doloroso, pode a pessoa, rejeitada, querer provar a si mesma que tem muito amor (qualidades) e há pessoas que podem reconhecer a qualidade deste amor. Porém, a dor não some, como pretendido. Lembranças, os hábitos do relacionamento anterior ainda estão na mente da pessoa rejeitada.

Golpistas existem, como os que praticam "estelionato sentimental". É inversão de valor culpar uma pessoa que foi enganada por um charlatão ou por uma charlatona.

A sargenta fez seu alerta, como policial, perante o cotidiano do Mal-estar da Civilização. Não sendo da área de saúde, falta conhecimento sobre os mecanismos de defesa do ego, condição intrínseca do Homo Sapiens Sapiens Conflictus.

Nos comentários sobre o conteúdo do vídeo, trago um que me chamou atenção; desculpem, caros leitores, pelo que digitarei abaixo:

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"Muito fogo na vagina."

Soa como se a mulher, ao arranjar logo um homem, após o término do relacionamento, seja por parte dela ou não, fosse uma ninfomaníaca. Quando é homem, "É um garanhão!", e deve povoar a Terra. Pode "comer" a filha dos outros. No entanto, se o "bom filho garanhão" souber que sua irmã teve uma noitada na Alcova, o "bom pai zeloso", do "bom filho garanhão", deve fazer "justiça", bater na filha, expulsá-la do "Lar Doce Lar"?

Nessa conjuntura machista, a mulher, por ser mulher, não passa de "um mal em si", afinal, ela fez Adão cometer pecado. Ela "seduz o homem", por isso, todo homem deve ter cuidado; ela não tem "capacidade" intelectual para economia, finança, empreendimentos. Se a mulher usa indumentária decotada, estuprada pede para ser. Se usar burca, para os ocidentais, doente é. Ou seja, em qualquer lugar do orbe terráqueo, a mulher é um mal em si.

Atentem, "sargenta", "presidenta", "coronela", "soldada". Vocábulos existente na língua portuguesa brasileira — recomendo visitar a página da Academia Brasileira de Letras. Por que não são escritas, digitadas, faladas? Analfabetismo? Nada disso, pura, sim, discriminação. Até nisso o vernáculo brasileiro é afligido por discriminações e preconceitos.


Conclusões finais

Concluo. Diante dos extremismos e dos fundamentalismos na internet, criei Justiça, o lado moral na internet. A sargenta usufruiu do seu direito, a liberdade de expressão. Teve boa intenção, de proteger as crianças contra os pedófilos. Não obstante, da "fraqueza" da mulher, e do perigo de pedofilia, nada é pelo simples ser. Há pormenores nas reações dos Homo Sapiens Sapiens Conflictus. E, por isso, pensando nos pormenores — criminologia, psicanálise etc. — resolvi comentar sobre o mundo virtual e trazer informações além das informações disponibilizadas. Se a CRFB de 1988 tem como objetivo uma sociedade humanizada (art. 3º, da CRFB de 1988), pela liberdade de expressão, como também sou Homo Sapiens Sapiens Conflictus, tento contribuir para uma sociedade humanizada, de que toda ação humana tem um porquê: ação e reação.

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Sobre o autor
Sérgio Henrique da Silva Pereira

Articulista/colunista nos sites: Academia Brasileira de Direito (ABDIR), Âmbito Jurídico, Conteúdo Jurídico, Editora JC, Governet Editora [Revista Governet – A Revista do Administrador Público], JusBrasil, JusNavigandi, JurisWay, Portal Educação, Revista do Portal Jurídico Investidura. Participação na Rádio Justiça. Podcast SHSPJORNAL

Informações sobre o texto

Este texto foi publicado diretamente pelos autores. Sua divulgação não depende de prévia aprovação pelo conselho editorial do site. Quando selecionados, os textos são divulgados na Revista Jus Navigandi

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