Capa da publicação O feminismo à luz das impressões do filme As sufragistas
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As sufragistas e o feminismo

01/09/2018 às 16:00
Leia nesta página:

O filme As sufragistas, datado em 1912, na Inglaterra, mostra a dura realidade das mulheres de uma época androcêntrica, na qual precisaram lutar para serem reconhecidas como algo além de objetos, e pelo direito ao voto.

RESUMO: Este artigo tem como escopo abordar sobre o filme As Sufragistas, lançado em 2015, com autoria de Abi Morgan, direção de Sarah Grovan, e, produção de Allison Owen, Faye Ward, buscando fazer a relação com o feminismo. No filme fica clara a cultura machista do período de 1912. A vida quotidiana das mulheres é demonstrada com uma série de violências sofridas, além da luta travada por elas para adquirir o direito de voto, de igualdade sobre os filhos, casamento e educação. Diante das leituras disponibilizadas através da professora Maria José Pereira Rocha, da disciplina de Epistemologia Feminista, foi possível perceber a importância dessa militância feminista para a conquista do voto, e para o próprio feminismo tendo em vista a primeira onda. 

Palavras chaves: sufragistas, feminismo, voto, militância.


O filme AS SUFRAGISTAS, datado em 1912 na Inglaterra, mostra nada mais do que a resistência de sobreviver frente ao sistema capitalista, sob as explorações na relação trabalho e capital, e desperta, ainda, outra questão que ultrapassa as questões sociais de classe, que são as relações sociais de sexo. Ficando clara a cultura dominante masculina, andôcentrica, onde o Homem pode dominar todos os espaços inclusive e principalmente os de poder, e do mundo externo.

Conta com elenco feminino de peso, dentre elas, a indicada ao Oscar ,Carey Mulligan. Esta é a personagem principal, pois, viverá uma mudança radical em sua vida Maud Watts, o filme conta ainda com elenco de atrizes como: Bonham Carter, Brendam Gleeson, Ane Marie Duff, Meryl Streep.

No filme o movimento é comandado por uma líder que é rica, a senhora Pankhurst, que faz diversas falas em praças públicas e sob a violência escancarada de homens que ali se situam, que, com tons sarcásticos, soltam piadas contra elas. Algumas mulheres que estão juntas no movimento fortalecem e fazem as manifestações acontecerem, e ainda tentam convencer mais mulheres a lutarem juntas.

A partir disso, visualiza-se que nos locais de trabalho, que são especialmente as fabricas de lavar roupas, onde o a maioria das que trabalham ali são mulheres, iniciam-se os primeiros indicativos de união e luta em prol do voto e da igualdade. As lideres do movimento que ali trabalham começam a convencer as outras trabalhadoras de que a luta é para todas e que precisam juntas mudar o rumo daquele cenário escrito por homens.

Quando se tem uma fabrica de lavar roupas com mulheres, majoritariamente é possível perceber onde elas estão “postas ou foram colocadas” em um papel de cuidado, em um papel de feminização, onde não ocupam os locais de trabalho “majoritariamente feito para os Homens”. 

Então a Maud começa a se convencer ao ouvir as companheiras, de que ela precisa participar desse movimento. Esta se encontra em um dilema entre a família (filho e esposo), trabalho, e a própria vontade que tem de inserir a cada dia nas manifestações e enfrentamento ao sistema.

Mas, ainda assim, ela encara e participa das manifestações convencida por sua colega, vai à Assembleia como representante das mulheres ler a carta feita por Pankhurst com as justificativas do porquê de as mulheres terem o direito de votar, exercer a cidadania. Neste momento, percebe-se o quanto é forte o domínio masculino e o quanto estes não querem que este acabe.

Eles tecem justificativas que não são plausíveis e não atendem, em momento algum, à realidade. Ressaltam que a mulher não tem equilíbrio emocional para estarem na política. E estão “bem” representadas por seus avós, tios, etc. Esta situação transformou as manifestações em um movimento com características de um feminismo que contribuíram para o feminismo que temos atualmente.

Conforme retrata “Maria José parafraseando Victoria Sarau” diz que:

Como um movimento social e politico que inicia formalmente no final do século XVIII ainda que sem adotar, todavia esta denominação e que supõe a tomada de consciência das mulheres como grupo ou coletivo humano da opressão, da dominação, da subordinação e da exploração de que tem sido e são objeto por parte dos varões no seio do patriarcado em suas distintas fases históricos de modelo de produção, as quais a movimenta na ação para libertação de seu sexo com todas as transformações da sociedade que aquela requer (1981, P.107)

A Pankhurst situou que as mulheres sempre lutaram de forma pacifica, mas que, a partir disso, iriam unir-se com mais afinco, para modificar tal realidade. E, assim, ocorreu o movimento que ganhou força e notoriedade. Elas incendiaram até a casa do ministro, cortaram linhas telefônicas e organizaram uma das maiores manifestações já vistas naqueles tempos.

Porém, como em outras manifestações anteriores, foram punidas com a prisão, inclusive a Maud, que diante destas situações perdeu seu filho, que foi entregue para adoção, e ainda foi expulsa de casa pelo seu esposo. Se já não bastassem todas essas violências, na cadeia ela sofreu retaliações e quando manifestavam com greve de fome, elas eram obrigadas a ingerir alimentos através de sondas no nariz.

Percebe-se que todas estas estratégias para derrubar os indicativos de movimentos e manifestações não enfraqueceram a luta e o desejo delas por mais igualdade, isto é visualmente vislumbrado em cena. Este movimento fez com que muitas mulheres e a própria personagem principal do filme estampasse capas de jornais, sendo vista como: uma rebelde sufragista que violava as leis e colocava em desequilíbrio o bem comum.

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Houve um misto de sobrevivência das mulheres, porem com muita resistência e luta. O que significa e significou o que temos hoje, denominada de primeira onda do feminismo. As sufragistas iniciam um movimento de mulheres que não apenas demonstraram a força através de uma luta pelo voto, além disso, elas juntas demonstraram a força de ocupar os espaços neste período onde ainda não haviam percebido, com tamanha força, de que existia sim uma desigualdade provocada ou motivada em razão da genitália.       

Perderam-se muitas mulheres no caminho e na luta travada para derrubar esses modelos patriarcais. Houve muito sangue derramado na primeira fase do feminismo, e não se pode ignorar o movimento que, organizado, mostrou sua força contra “homens” que detinham todo o poder, inclusive armados.

As mulheres sufragistas são parte de um movimento que ganhou força, que resistiu e que resiste a todas as opressões e explorações em função do sexo. E ainda mostra que é preciso não apenas votar, mas participarem, estarem no espaço politico para decidirem sobre uma sociedade que é composta por seres humanos, independente dos órgãos genitais.


 REFERÊNCIAS

AS SUFRAGISTAS. De Abi Morgan, com direção de Sarah Grovan e produção de Allison Owen, Faye Ward. Lançado em 26 de outubro de 2015, 1:46:54.

ROCHA, Maria jozé pereira. La problemática de la mujer: tendências y divergências analíticas. In: la sexualidade feminina: su configuración, el género, las esferas públicas y privadas em la colonia Hornos. Tese de mestrado. México, DF, 1990.  

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Sobre o autor
Rodrigo da Paixão Pacheco

Advogado. Membro das Comissões de Direito do Consumidor, Família e Sucessões e Advocacia Jovem, da OAB seccional Goiás. Mestrando em Serviço Social pela PUC Goiás. Possui graduação em Direito e Administração PUC Goiás. Pós graduando em Direito Civil e Processo Civil e Direito Penal e Processo Penal pela UCAM/RJ.

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

PACHECO, Rodrigo Paixão. As sufragistas e o feminismo. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 23, n. 5540, 1 set. 2018. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/67973. Acesso em: 4 nov. 2024.

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