Desde que perdeu a primeira eleição para Lula, a imprensa brasileira passou por uma transformação significativa. De instrumento propagandístico do PSDB, ela se transformou num verdadeiro partido de oposição. Algum tempo depois, a imprensa passou por outra mutação. Desde o julgamento do Mensalão (o do PT, não o do PSDB) a imprensa passou a agir como um verdadeiro Tribunal de Exceção. Sobre as relações perigosas entre os jornalistas e a justiça durante o julgamento do Mensalão vide: http://www.jornalggn.com.br/blog/fabio-de-oliveira-ribeiro/meus-melhores-momentos-durante-o-julgamento-do-mensalao
Nos últimos meses os principais veículos de comunicação do país (Rede Globo, Folha de São Paulo, Estadão etc…) se esforçaram diariamente para produzir e legitimar ações policiais que resultassem em decisões judiciais contra o PT. O Tribunal de Exceção gerenciado pela imprensa usa suas ações policiais e judiciárias para fazer propaganda do anti-petismo. Alimentando, assim, um verdadeiro círculo vicioso de castigo sem culpa, prisão sem condenação ou justificativa plausível e processo sem legalidade processual.
Quase todos os juristas brasileiros já perceberam que o Tribunal de Exceção da Imprensa conseguiu subordinar a si mesmo quase toda a PF. A face judiciária deste monstrengo é Sérgio Moro, juiz federal transformado em galã de telenovela pela Rede Globo. Em 04/03/2016 ele mandou seus policiais sequestrarem Lula com uma única finalidade: fornecer aos jornalistas um espetáculo para desviar a atenção do respeitável público da escatológica situação criada pelo STF ao aceitar a denúncia criminal contra Eduardo Cunha sem o remover da presidência da Câmara dos Deputados.
Acusado de corrupção, Eduardo Cunha continuará a gerenciar o Orçamento da Câmara dos Deputados. Ele está mais perto da prisão do que da Presidência da República, mas pode vir a exercer este cargo na ausência, morte ou impedimento da presidenta e do vice. O Tribunal de Exceção da Imprensa inocentou Eduardo Cunha de todas acusações feitas pelo MPF e aceitas pelo STF, pois ele é o homem do mercado que prometeu privatizar o pré-sal e iniciou o processo de Impedimento contra a presidenta petista.
A justiça no Brasil deixou de existir. Já estamos na ante-sala de um Regime do Terror. Em breve, como sugeriu o Ministro Marco Aurélio de Mello, os perseguidos pelo Tribunal de Exceção da Imprensa começarão a ser arrastados de suas casas pelos verdugos da PF para serem fuzilados num paredão a mando de Sérgio Moro.
Marco Aurélio de Mello, contudo, ajudou a criar este monstrengo. Durante o julgamento do Mensalão ele disse – e a manifestação dele foi gravada em vídeo - que os juízes devem respeitar a “opinião pública” (eufemismo para “opinião publicada” pela imprensa). Naquela oportunidade os jornalistas exigiam diariamente a condenação de José Dirceu e José Genoino. Os juízes que se recusaram a acatar a condenação proferida pelo Tribunal de Exceção da Imprensa foram intensamente hostilizados pelos veículos de comunicação.
Há algum tempo a mídia sugere ou exige a prisão de Lula. Conseguiu o que desejava, pois Sérgio Moro tem agido como um escrevente de sala que datilografa fielmente todas as decisões oriundas do órgão judiciário ilegal a que se submeteu ao ser premiado pela Rede Globo. A vitória total do Tribunal de Exceção da Imprensa foi intensamente comemorado por alguns telejornais, jornais e revistas. O Regime do Terror, contudo, raramente deixa de devorar seus criadores.
Danton criou o Tribunal Revolucionário para possibilitar o julgamento político dos inimigos da revolução francesa. Pouco tempo depois ele mesmo estaria entre os réus condenados à guilhotina pelo órgão que criou. Robespierre transformou o Tribunal Revolucionário numa máquina insaciável de matar e acabou sendo condenado e morto como suas próprias vítimas. Saturno sempre devora seus filhos até ser finalmente morto por um deles. Sobre o assunto sugiro aos interessados rever o filme “Danton - o processo da revolução”: https://www.youtube.com/watch?v=SxL1xZPhs3k
Não há o que temer. A vitória total do Tribunal de Exceção da Imprensa é o princípio do fim das guerras jornalísticas no Brasil. Se houver uma nova ditadura o comando do país não será atribuído aos jornalistas, nem da PF ou aos juízes federais que se subordinaram à imprensa.
A reação popular à prisão de Lula pode se transformar em algo impensado e indesejado pelo Regime do Terror instituído pela imprensa. Assim seja. Uma coisa deve, porém, ficar bem claro: aqueles que instituíram o Tribunal de Exceção da Imprensa e serviram fielmente aos seus desígnios terroristas devem ser julgados e condenados pelo povo da mesma forma que julgaram e condenaram os petistas.