Homenagens ao povo francês: os ideais da revolução francesa entre nós

16/11/2015 às 04:04
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Homenagear a França, vítima do fundamentalismo religioso, é um resgate aos nobres valores da Revolução Francesa, tão esquecidos pelo povo brasileiro, que apenas passou a se preocupar com a tragédia ambiental de Mariana-MG, após o ocorrido.

            Parcela de brasileiros, mediante redes sociais, tem criticado as inúmeras homenagens aos franceses, vítimas dos ataques terroristas. Modismo ou manifesto em prol da liberdade?

            Os críticos da comoção nacional brasileira pró franceses veem alegando que a mesma condolência não se deu em apoio aos que sofrem com o acidente ambiental na cidade de Mariana – MG. Por mais que nosso posicionamento seja em solidariedade, também, às inúmeras vitimas do rompimento da barragem de Mariana - MG, não podemos perder de vista que a privatização das antigas estatais que construíram a referida barragem e que extraem metais do solo mineiro, resulta em um cenário ainda pior do que na época da Coroa Portuguesa, quando o Rei levava apenas 1/5 do nosso ouro, pois na atualidade, a antigas estatais privatizadas provavelmente despejam bem mais que 1/5 da riqueza de nosso solo, no estrangeiro, graças, principalmente, a omissão, a falta de acesso a uma educação de qualidade e analfabetismo político de grande parcela dos brasileiros, que não exigem de nossos servidores públicos e representantes, a concretização do principio constitucional de eficiência dos serviços públicos, de modo que é  mais cômodo, ao analfabeto político, crer na falsa ilusão de que vender os bens do Estado é melhor, pois assim terá mais justificativas  para se manterem de braços cruzados e/ou jogar toda a responsabilidade, por exemplo, da fiscalização das referidas mineradoras, nos ombros do IBAMA, do Ministério Público, do CREA, etc., quando a atual Constituição cidadã prevê ampla liberdade a todos nós, de fiscalizarmos o respeito ao meio ambiente.

            É neste contexto, que é salutar relembrar ao leitor, o 14 de Julho de 1788, quando os revoltosos franceses, ao contrário do atual e omisso povo brasileiro, tomaram a Bastilha e depuseram os desgovernantes que tanto dissipavam recursos públicos da antiga coroa francesa. 

              Aqui, dinheiro público é jogado no ralo, tendo-se em vista que, por exemplo, há fortes indícios de que a privatizada Vale do Rio Doce foi vendida por valor equivalente ao lucro de míseros três meses de exploração de nosso solo.

               Assim, é possível ter o entendimento de que as homenagens às vitimas dos dois ataques terroristas ocorridos na França, em 2015, fogem por completo, da esfera do mero modismo, pois além de solidariedade aos vitimados, homenagear o povo francês neste momento, é também um relembrar do ideal de Justiça, de democracia, dos direitos dos homens e cidadãos, da divisão de Poderes, de um sistema educacional efetivo e de Estado Laico que a revolução francesa mostrou ao mundo, serem possíveis. Ideais estes, que no Brasil, continuam apenas ilustrados na letra morta da nossa legislação, mascarados mediante bilionárias campanhas eleitorais, disputas religiosas e de poder, dentro do Congresso Nacional brasileiro.

            Portanto, é possível concluir que urgente se faz a ampla separação do Estado-governo de qualquer ideia religiosa, conjuntamente com a efetivação de um sistema público educacional libertador, para que o povo aprenda, desde os primórdios de sua formação escolar, a tomar as rédias e rumos da administração de nosso país, ao invés de usar redes sociais para meras criticas bizarras e deselegantes.

Vive la France, de la démocratie et de la liberté d'expression

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Sobre o autor
José Alves Capanema Júnior

Advogado, professor designado de Língua Inglesa, da rede Pública de MG.Pós-graduando em Direito Administrativo, pela Faculdade Pedro II, formado em Direito, pela Universidade de Itaúna - Estado de Minas Gerais.ELEITO MELHOR ESTAGIÁRIO DE DIREITO 2015 - UNIVERSIDADE DE ITAÚNA - MG

Informações sobre o texto

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