Artigo Destaque dos editores

Aspectos jurídicos da reprodução humana assistida

Exibindo página 2 de 2
Leia nesta página:

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ciência alcançou considerável avanço tecnológico e as técnicas de reprodução assistida são frutos desse progresso, no entanto a legislação não acompanhou esse progresso, havendo descompasso existente entre a legislação vigente e os desdobramentos decorrentes das novas técnicas de reprodução assistida.

A reprodução assistida, enquanto permite a realização do projeto parental, também gera inúmeras controvérsias jurídicas. Sendo assim, a multiplicidade de possibilidade detectável em matéria de recurso às técnicas de reprodução assistida impõe a necessidade de se buscar o fundamento da paternidade, maternidade e filiação resultante da procriação assistida, e outras questões que circundam o tema, tais como o direito sucessório das crianças havidas por fecundação artificial homóloga post mortem.

Deve-se levar em consideração na análise das questões referentes ao biodireito, em especial à reprodução humana artificial, o princípio do melhor interesse da criança. Ademais, não se pode esquecer o real sentido de família consagrado pela constituição, que reconhece o pluralismo familiar existente no plano fático, em virtude das novas espécies de família que se constituíram ao longo do tempo, bem como os princípios prescritos pela Carta Máxima, dentre eles a igualdade de filhos.

Conclui-se que o direito à filiação está acima do direito à procriação, não podendo o desejo de ter filhos sobrepujar os direitos da personalidade do menor. Diante do exposto, as técnicas de reprodução assistida devem ser utilizadas quando não houver nenhuma outra opção para a realização do projeto parental.

No que se refere aos direitos sucessórios do filho concebido por inseminação homóloga post mortem deverão ser observadas todas as garantias constitucionais, notadamente no aspecto da partilha de bens em condições de igualdade com os demais herdeiros necessários e/ou testamentários.

Inegável, pois, que a utilização das técnicas de produção humana assistida ainda representa um desafio para o operador do direito, diante dos conflitos de paternidade e maternidade que podem ocorrer.

Por fim, pode-se perceber que a origem genética não se confunde com o estado de filiação já que este abrange também a filiação socioafetiva.


REFERÊNCIAS

ALDROVANDI, Andrea; FRANÇA, Danielle Galvão de. A reprodução assistida e as relações de parentesco. Disponível em <http://jus.com.br/revista/texto/3127>. Acesso em 27 mar. 2012.

ALMEIDA JÚNIOR, Jesualdo Eduardo de. Técnicas de reprodução assistida e o bio­direito. Texto disponível em <http://jus. com.br/revista/texto/6522>. Acesso em 27 mar. 2012.

ANGHER, Anne Joyce. (Org.). Vade Mecum - Acadêmico de Direito RIDEEL. 14. ed. São Paulo: RIDEEL, 2012.

CARDIN, Valéria Silva Galdino; CAMILO, Andryelle Vanessa. Dos aspectos controvertidos da reprodução assistida post mortem. Revista de Ciências Jurídicas. Maringá. v. VII, n. 1, p.119-138, jan./jun. 2009.

DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. São Paulo: Saraiva, v.5, 2002,p.380, apud LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito ao estado de filiação e direito à origem genética: uma distinção necessária. Disponível em <http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewFile/633/813>. Acesso em 26 set. 2012.

FARIAS, Janaína. O Direito Sucessório Do Filho Concebido Por Inseminação Artificial Homóloga Post Mortem. Disponível em < http://www.forumjuridico.org/topic/13955-o-direito-sucessorio-do-filho-concebido-por-inseminacao-artificial-homologa-post-mortem/>. Acesso em 05 abr. 2012.

GAMA, Guilherme Calmon Nogueira. Filiação e Reprodução Assistida: Introdução ao tema sob a perspectiva do direito comparado. Revista Brasileira de Direito de Família, 2000, apud ALDROVANDI, Andrea; FRANÇA, Danielle Galvão de. A reprodução assistida e as relações de parentesco. Disponível em < http://jus.com.br/revista/texto/3127>. Acesso em 27 mar. 2012.

______. A nova filiação: o biodireito e as relações parentais: o estabelecimento da parentalidade-filiação e os efeitos jurídicos da reprodução assistida heteróloga. Rio de Janeiro: Renovar, 2003.

GIORGIS, José Carlos Teixeira. A Inseminação Póstuma. Disponível em: < http:// www.ibdfam.org.br/?artigos&artigo=302>. Acesso em 27 mar. 2012.

LEITE, Eduardo de Oliveira. Procriações artificiais e o direito: Aspectos médicos, religiosos, psicológicos, éticos e jurídicos, São Paulo: Ed. Revista dos Tribunais, 1995, apud ALDROVANDI, Andrea; FRANÇA, Danielle Galvão de. A reprodução assistida e as relações de parentesco. Disponível em <http://jus.com.br/revista/texto/3127>. Acesso em 27 mar. 2012.

LÔBO, Paulo Luiz Netto. Direito ao estado de filiação e direito à origem genética: uma distinção necessária. Disponível em <http://www2.cjf.jus.br/ojs2/index.php/cej/article/viewFile/633/813>. Acesso em 26 set. 2012.

NICOLAU JÚNIOR, Mauro. Inseminação artificial, clonagem do ser humano e sexualidade. Os efeitos produzidos na família, do presente e do futuro. O necessário olhar ético ante os direitos fundamentais e os princípios constitucionais. Disponível em: <http://jus.com.br/revista/texto/7619>. Acesso em 27 mar. 2012.

Assine a nossa newsletter! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos

PEREIRA, Rodrigo. Comentários ao novo Código Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2003. V.3.

TEPEDINO, Gustavo. Direito de Família Contemporânea. Belo Horizonte, Ed. Del Rey, 1997, apud ALDROVANDI, Andrea; FRANÇA, Danielle Galvão de. A reprodução assistida e as relações de parentesco. Disponível em <http://jus.com.br/revista/texto/3127>. Acesso em 27 mar. 2012.

VELOSO, Zeno. Código Civil comentado. São Paulo: Atlas, 2003. V.17.

VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família.  6. ed. São Paulo: Atlas, 2006.

Assuntos relacionados
Sobre os autores
Felipe Antonio Colaço Bernardo

Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Pós-graduado em Gestão de Política Pública Municipal pela Universidade de Franca. Pós-graduado em Direito Civil e Processual Civil pela UCDB/CPC Marcato (lato sensu).

Mariana Galvão Rodrigues da Cunha

Bacharel em Direito pela Universidade de Uberaba. Pós-graduanda em Direito Público pela PUC-MINAS (lato sensu). Pós-graduada em Direito Civil e Processual Civil pela UCDB/CPC Marcato (lato sensu).

Como citar este texto (NBR 6023:2018 ABNT)

BERNARDO, Felipe Antonio Colaço ; CUNHA, Mariana Galvão Rodrigues. Aspectos jurídicos da reprodução humana assistida. Revista Jus Navigandi, ISSN 1518-4862, Teresina, ano 18, n. 3588, 28 abr. 2013. Disponível em: https://jus.com.br/artigos/24261. Acesso em: 22 dez. 2024.

Leia seus artigos favoritos sem distrações, em qualquer lugar e como quiser

Assine o JusPlus e tenha recursos exclusivos

  • Baixe arquivos PDF: imprima ou leia depois
  • Navegue sem anúncios: concentre-se mais
  • Esteja na frente: descubra novas ferramentas
Economize 17%
Logo JusPlus
JusPlus
de R$
29,50
por

R$ 2,95

No primeiro mês

Cobrança mensal, cancele quando quiser
Assinar
Já é assinante? Faça login
Publique seus artigos Compartilhe conhecimento e ganhe reconhecimento. É fácil e rápido!
Colabore
Publique seus artigos
Fique sempre informado! Seja o primeiro a receber nossas novidades exclusivas e recentes diretamente em sua caixa de entrada.
Publique seus artigos